Artigo, Rosane Oliveira, Zero Hora - Urnas enfraquecem a esquerda e aniquilam o PT

Urnas enfraquecem a esquerda e aniquilam o PT
Com apenas um prefeito eleito entre as capitais brasileiras e derrotas no Rio Grande do Sul, partido é o maior derrotado na eleição deste domingo

A classificação de Nelson Marchezan (PSDB) e de Sebastião Melo para o segundo turno em Porto Alegre não representa apenas uma derrota da esquerda, mas a vitória dos dois candidatos que conseguiram conquistar o eleitor descrente dos partidos. Marchezan capitalizou o avanço do liberalismo, que cresceu na esteira dos protestos contra o governo de Dilma Rousseff, e cresceu com a estratégia de bater sem piedade na administração de José Fortunati. Mesmo com 14 partidos e centenas de candidatos a vereador trabalhando por ele, Melo ficou em segundo lugar e terá que enfrentar no segundo turno um candidato mais difícil do que seriam Raul Pont (PT) ou Luciana Genro (PSOL).
Sob todos os pontos de vista, o PT é o maior perdedor da eleição municipal. A Lava-Jato e os erros cometidos nos últimos anos corroeram o patrimônio político do partido em todos os níveis. Depois de quatro vitórias na eleição presidencial, de governar o Rio Grande do Sul por oito anos e de comandar a prefeitura de Porto Alegre por 16, o PT colheu nesta eleição uma das piores safras de sua história.
Ficar fora do segundo turno em Porto Alegre estava no cálculo quando Raul Pont aceitou concorrer com o claro objetivo de dar um palanque para o PT se defender. Como Pont acabou crescendo nas pesquisas, o partido sonhou com a possibilidade de chegar ao segundo turno, mas minguou na última hora e agora seus eleitores terão de escolher entre Nelson Marchezan (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB).

O mau resultado em Porto Alegre se expressa também pela conquista de apenas quatro cadeiras na Câmara – o PSOL fez três e tem a campeã de votos, Fernanda Melchionna.
Dos 72 prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul em 2012, o PT caiu para 37, além de se classificar para o segundo turno em Santa Maria. O prejuízo não é contabilizado apenas pelo baixo número de prefeituras conquistadas. É visível a perda de apoio nas grandes cidades. O terceiro lugar em Caxias do Sul, com Pepe Vargas, e o quarto em Pelotas, com Miriam Marroni, ilustram o tamanho da perda. No Estado, as maiores conquistas deste domingo foram as prefeituras de Rio Grande e São Leopoldo.
Na Região Metropolitana, que chegou a ser chamada de caminho das estrelas com a conquista de várias prefeituras ao longo da BR-116, o PT amarga derrotas acachapantes. Embora comemore a conquista das prefeituras de Sapucaia do Sul e São Leopoldo, perdeu em Esteio, Novo Hamburgo e Alvorada, que administra atualmente, além de Viamão.
No Brasil, os números são ainda piores. O PT é o 10º em número de prefeituras. Nas capitais, elegeu apenas o prefeito de Rio Branco (AC), Marcus Alexandre, e não se classificou para nenhuma disputa de segundo turno. O PSOL, nascido de uma costela do PT, disputa o segundo turno em Belém e no Rio de Janeiro.