Artigo, Silvio Lopes - Sem quartel

- Silvio Lopes, jornalista, economista e palestrante.

       Uma nação que se preze, é a tal que ofereça uma bem montada e diversificada estrutura econômica que permita à população experimentar a estimuladora mobilidade social.

     Mobilidade social é, talvez, o maior instrumento de motivação humana dentro de uma 


sociedade livre. Nos modelos totalitários, tanto o indivídual quanto o coletivo, o propósito de crescimento dos humanos- pessoal e profissional- fica subordinado (e até absorvido), aos interesses do aparelho estatal, suas ideologias e idiossincrasias. Platão já a isso se referia. Sim, ele mesmo.

      Crescer no intelecto, se realizar como pessoa detentora de direitos como o livre pensar e se expressar, e agir conforme sua vontade, são prerrogativas e princípios impostergáveis e inegociáveis numa sociedade democrática e livre, verdadeiramente.

     Pois bem. O Brasil, ao longo do tempo, promoveu justo o casamento entre uma virtude social desejável- a mobilidade- e um defeito perverso- a iniquidade. Nosso desafio é, portanto, eliminar o defeito sem, no entanto, comprometer a virtude.

       Temos tudo, porém, capaz de nos auxiliar no sentido de desmontar  essa

armadilha histórica que nos vem aprisionando desde sempre. O desafio é perseguir com firmeza e determinação ao expurgo dessas elites nefastas que nos escravizam e condenam ao subdesenvolvimento que origina injustiças no tecido social pelas ações iníquas que praticam.

      A verdade é que nosso Brasil tem sido conduzido, há séculos, em suas várias instâncias ( política, empresarial e institucional em geral), por bandos de fanfarrões que, na condição de tiranos brutais, desperdiçam os recursos do Estado e mantém o país em situação de agitação e incertezas.

       As ações  antidemocráticas emanadas a partir da principal Corte jurídica do país, e imitadas por outras instituições antes respeitáveis, assemelham-se, sem tirar nem por, à tirania de imperadores como Augusto, Calígula e Nero, que levaram à ruína o poderoso império romano.

     A luta é sem quartel( no sentido que o leitor quiser emprestar à expressão), e de todos nós. Vamos resistir. Nada nos irá deter.


Copom

 Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deverá aumentar a a taxa Selic, elevando-a de 11,25% para 12% ou 12,25%.

Dois pontos principais inquietam o Banco Central: 1) O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre desacelerou, mas foi levemente acima do esperado, evidenciando uma atividade econômica aquecida no Brasil. 1)  O pacote de contenção de gastos para os próximos anos apresentado pelo governo ficou aquém do esperado pelo mercado. Enquanto a projeção do governo é de uma economia prevista de R$ 71,6 bilhões em 2025 e 2026, as estimativas do mercado variam entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões. Além disso, os economistas divergem da promessa do governo de que a isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil seja fiscalmente neutra com a adoção de uma alíquota efetiva de 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais.Há também um consenso do mercado de que o pacote divulgado pelo governo enfrente resistência para que ele seja aprovado integralmente pelo Congresso, com risco de desidratação