Mel branco, cultura e Parador Hampel

Apesar de ser gaúcha, e de já ter viajado bastante, foi recentemente que conheci algumas preciosidades do nosso Estado. Uma delas, os cânions em Cambará do Sul e o seu inigualável mel branco.

A nossa gastronomia tem tantas preciosidades que não é surpresa, nem para uma cozinheira fuçadora como eu, descobrir algo tão fantástico quanto esse mel, quase todos os dias. Fosse ele um produto nascido na França, já teria uma medalha, um selo de denominação controlada, um hino, um dia no calendário do país só para comemorar a sua existência, e uma procissão, com estandarte e tudo!

Infelizmente, o nosso talento para zelar pelos bens materiais e imateriais da nossa cultura precisa melhorar muito. Eu, como ferrenha grande defensora do artesanato brasileiro, sei bem do que estou falando. Ontem assisti a um vídeo do queridíssimo Marcos Livi – outro tesouro da nossa cozinha, um ícone da cultura gaúcha – fazendo um desabafo lúcido e emocionante sobre o momento que todos nós, cozinheiros brasileiros, estamos vivendo nesta pandemia, que teima em acreditar que irá nos vencer.

Lutamos há tantos anos incansavelmente pelo nome, pela história e pelo legado da gastronomia brasileira. Investimos tempo, amor e patrimônio pessoal em nome da manutenção desta história. Desta expressão que nos define tão mais brasileiros, e que corre através desta linha que tece a colcha de retalhos, riquíssima, que é nossa cultura gastronômica.

O Parador Hampel é um oásis desta cultura! Um lugar que se alimenta de brasilidade e propõe o reencontro com o produto e o produtor local. Foi lá que conheci tanta coisa incrível, dos cogumelos porcinis selvagens aos queijos e embutidos, de deixar qualquer europeu de boca aberta. Estamos abandonados, Marcos, mas a sua voz ecoa, seu grito é nosso, e seu chamado por mais união, necessário. Contando os dias para voltar a me sentar ao seu lado, numa fogueira do Parador, e brindar com algum vinho do poeta Luís Henrique Zanini..

Brasil tem queda histórica na desigualdade com auxílio emergencial

O benefício de R$ 600 proposto que é pago pelo governo Bolsonaro, teve impacto significativo na redução das desigualdades no Brasil. É o que aponta reportagem da jornalista Cássia Almeida, publicada no jornal O Globo. "A injeção na economia de R$ 50 bilhões a cada mês por meio do auxílio emergencial para informais reduziu a pobreza e fez a desigualdade brasileira chegar a seu menor nível histórico, de acordo com cálculo inédito do sociólogo Rogério Barbosa, do Centro de Estudos da Metrópole da USP", escreve a jornalista.

"Foi uma queda (da desigualdade) sem precedentes. Se não houvesse o auxílio, todo o esforço redistributivo dos últimos 25 anos teria se perdido", diz o pesquisador Rogério Barbosa, sobre o auxílio que já beneficia 60 milhões de brasileiros – o que influiu nos índices de aprovação do governo federal. Entre os desempregados, a reprovação caiu nove pontos em relação a junho, de 43% para 34%. Já o apoio subiu 12 pontos, de 24% para 36%, no mesmo período.

A grande discussão hoje é como criar uma política de renda mínima, sem estourar os limites impostos pelo orçamento. "O governo gasta com o auxílio mais de 17 vezes o que transfere no programa Bolsa Família por mês. O valor do benefício aumentou e o número de pessoas atendidas também", aponta a reportagem.

"Barbosa calculou o impacto do auxílio emergencial no Índice de Gini, que varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, maior a concentração.

Segundo o estudo, a queda no índice este ano foi superior à dos oito anos do governo Lula, período recente de maior redução da desigualdade. Caiu de 0,543 em 2019 para 0,492 em maio deste ano. Sem o auxílio, o Gini hoje seria de 0,569, comparável ao de 1970: 0,565", informa Cássia Almeida.

Pacientes da Prevent Senior, SP, recebem Kit Covid em casa para tratamento precoce do coronavírus

Após diagnóstico clínico feito em consulta realizada pela internet, pacientes da Prevent Senior estão recebendo em casa, pelos Correios, uma espécie de "kit covid", composto por hidroxicloroquina 400 mg, azitromicina 500 mg e pelas vitaminas Vitacon C + Zinco + Vitamina D e Detem D3, informa o jornal O Estado de S. Paulo. No receituário de controle, assinado por um médico que não faz a consulta, constam as dosagens diárias. Os pacientes são aconselhados a tomar os medicamentos antes mesmo de fazerem o teste para detecção do novo coronavírus - cujo resultado é informado em cinco dias.

Com um quadro típico de gripe, em que apresentava congestão nasal, estado febril de 37,2°C, indisposição e leve dor no corpo, a atriz Lilian Athie, de 58 anos, marcou pelo aplicativo da operadora, no dia 30 de julho, uma consulta virtual. "A médica fez um rápido levantamento do meu estado e disse que provavelmente eu estava com covid, mesmo eu dizendo que não estava com tosse ou falta de ar. Imagino que a conclusão foi baseada na minha informação que tinha perdido o olfato. O fato é que, normalmente, uma forte congestão nasal causa a perda de olfato. Assim que passamos a respirar melhor, o olfato volta a funcionar", disse Lilian.

Durante o diagnóstico, diz a atriz, a médica perguntou se ela morava com alguém, se trabalhava fora e se era cardíaca. "Respondi não a todas as perguntas." Após anotar os dados, informou que ela iria receber mensagem de texto pelo celular com um link para aceitar o recebimento da medicação em casa e também uma ligação informando os procedimentos.

"A médica reforçou que era para eu tomar os remédios assim que os recebesse. E também ligar para a central de atendimento e agendar o teste PCR para detecção de coronavírus. Pediu para repousar e não sair de casa por 13 dias."

Lilian recebeu o kit no mesmo dia da consulta. No dia seguinte, fez o teste pelo método RT-PCR . O resultado, que ficou pronto quatro dias depois, foi informado por uma atendente do convênio que ligou para saber como estava e se tinha tomado o medicamento. "Eu disse que somente tinha tomado a vitamina C. A mesma pessoa me informou que o resultado do teste tinha dado negativo. Perguntou se podiam recolher os medicamentos que eu não havia tomado. Pedi para ficar com as vitaminas", disse.

"Acho que o plano deveria explicar melhor os medicamentos enviados. Senti como se quisessem fazer um teste comigo. Como o convênio prescreve hidroxicloroquina após uma consulta virtual de cinco minutos?", indagou. Além do caso da atriz, o Estadão conversou com outras cinco pessoas clientes da Prevent Senior, que relataram o mesmo procedimento.

Atendimento precoce
Procurada, a Prevent Senior - especializada em idosos, grupo de risco da doença, afirma que "o atendimento precoce de Covid-19 tem sido adotado com resultados significativos de redução de internação e taxas de mortalidade" nos hospitais da rede.

Questionada sobre o envio do kit, que inclui hidroxicloroquina e azitromicina aos pacientes após diagnóstico online, a operadora justifica que "todos que recebem o kit assinam um termo concordando em receber os medicamentos em casa, sem nenhum custo adicional". A operadora diz ainda que os pacientes são atendidos e acompanhados por seus médicos e que "a utilização de qualquer remédio, mesmo após orientação médica, depende da vontade do paciente".

O cardiologista Carlos Alberto Pastore, da Sociedade de Cardiologia do Estado, afirma que não se pode considerar o uso do kit como uma forma de prevenção ou tratamento do novo coronavírus. "No início muitas pessoas tomaram hidroxicloroquina, mas nunca foi uma conduta definida", alerta. E a coordenadora do programa de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Carolina Navarrete, considera grave a decisão da operadora. "Não é o médico A ou B decidindo prescrever. É a instituição estabelecendo um protocolo de tratamento que não tem respaldo em evidência científica. Uma coisa é fazer isso de forma atrelada a um estudo clínico, outra muito diferente é quando não há estudo clínico."

Até a pandemia do novo coronavírus, a hidroxicloroquina era conhecida pelo uso em tratamento de artrite, lúpus eritematoso e malária. Começou a ser administrada em pacientes suspeitos e testados positivos, mas a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu os estudos. "A medicação pode interferir no processo elétrico do coração e provocar arritmia cardíaca, o que pode ser fatal", afirma o cardiologista.