Coisas muito ruins podem ocorrer com o Brasil devido à
irresponsável decisão do STF em relação à prisão em segunda instância e a
consequente libertação de Lula.
Não que Lula possa ser eleito presidente da República.
Não será. Em primeiro lugar, porque está barrado pela Lei da Ficha Limpa. Mas,
ainda que o temerário STF anule suas condenações, o que é uma possibilidade,
Lula não será eleito porque nunca mais conseguirá amealhar a maioria dos votos
da sociedade brasileira.
Lula perdeu a classe média, e foi a classe média que o
arrastou para o poder, em 2002. Verdade que, em 2006, já havia o fenômeno do
lulismo a sustentá-lo, tornando-o maior até do que o PT, mas todos os lulistas
reunidos, mais os votos dos simpatizantes, só seriam capazes de conduzi-lo até
o segundo turno. Depois, qualquer outro candidato o derrotaria.
A libertação de Lula, portanto, não chega a fazer
diferença eleitoral. Não diretamente. O que vai acontecer, com absoluta
certeza, é o acirramento dos ânimos da população. Se os brasileiros estavam
divididos, agora entrarão em conflito.
O comportamento habitual de Lula e dos lulistas já é uma
garantia de que o confronto explodirá. Lula e os lulistas são naturalmente
provocadores, eles sairão às ruas para se manifestar, farão carreatas e
comícios e poderão encontrar resistência. Porque a direita mudou, no Brasil.
Antes, a direita era envergonhada, tinha pudores de se mostrar. Hoje, não.
Hoje, a direita, mais até do que a esquerda, anseia pelo choque.
Quais serão os limites da irritação? Até que ponto pode
se estender a cólera? Haverá violência? Isso é impossível de se estabelecer. O
fato é que um dos poderes da República, o Judiciário, por meio de seu órgão
mais elevado, o STF, tornou inflamável uma nação que já era instável. O Brasil
precisa de ponderação, o Brasil precisa de paz, o Brasil precisa se acomodar
para voltar a crescer e o STF jogou os brasileiros em um ambiente de guerra.
“Que Deus tenha misericórdia deste país”, pediu, certo
dia, Eduardo Cunha, da tribuna do Congresso. Deus, talvez, pudesse ter. O STF, não.