Fábio Bernardi, Zero Hora - Amanhã


No caso de o STF conceder o habeas corpus a Lula, impedindo sua prisão após a segunda instância, aí então Bolsonaro terá tido seu maior cabo eleitoral em 2018

Na série da Netflix O Mecanismo, de José Padilha, que narra a história da Lava-Jato, há uma cena icônica. Presos em suas celas, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef comemoram, como se fosse um gol em final de campeonato, a notícia de que seus processos subiriam para o STF. Era a certeza de que a Justiça tardaria muito e falharia. Amanhã, o Brasil vai saber se o mecanismo continua funcionando.

"O Mecanismo": até que ponto a ficção pode alterar uma história real? Especialistas discutem"O Mecanismo": até que ponto a ficção pode alterar uma história real? Especialistas discutem
Afora o país inteiro, há duas pessoas diretamente interessadas na votação: Lula e Bolsonaro. Lula, por óbvio, pode garantir liberdade eterna. Se escapar pelas mãos do STF, jamais será pego por mais ninguém, já que sua impunidade também será a de outros poderosos irmanados na defesa do eterno mecanismo que os protege e enriquece. Já Bolsonaro pode estar decidindo sua vida política por tabela. Se o STF validar a prisão após a segunda instância, Lula será preso, não disputará a eleição, e o país seguirá por um de dois caminhos: ou vai entrar em polvorosa social, e aí Bolsonaro cresce, ou o país vai acalmar os ânimos e até fingir certa normalidade, cenário no qual Bolsonaro tende a perder alguma força, vigor e discurso. Porém, no caso de o STF conceder o habeas corpus a Lula, impedindo sua prisão após a segunda instância, aí então Bolsonaro terá tido seu maior cabo eleitoral em 2018. Bolsonaro não será mais só um salvador da pátria, mas um vingador, um justiceiro, um soldado universal contra o demônio da safadeza. Com sua postura “contra tudo que está aí”, Bolsonaro se aproveitará da ilusão de ótica coletiva de que, com sua eleição, o mecanismo deixará de existir. Mas até os paralelepípedos de Brasília sabem que o mecanismo terá apenas trocado de cor, saindo do vermelho e azul para o verde oliva.

Amanhã será um divisor de águas no Brasil. Poderemos terminar o dia lembrando Cazuza: o Brasil vai mostrar sua cara e saberemos quem está pagando pra gente ficar assim, qual é o negócio e o nome dos sócios. Ou poderemos terminar o dia lembrando Guilherme Arantes: amanhã, mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar.

Quem dera amanhã a Rosa não venha com espinhos, e um dia, quem sabe, tenhamos ódios aplacados, temores abrandados e um país que será pleno.

Amanhã está toda a esperança, por menor que pareça.

Artigo, Carlos José Ribeiro do Val - STF - Os eunucos morais


Artigo, Carlos José Ribeiro do Val - STF - Os eunucos morais
Somente daqui a alguns anos a nação brasileira vai entender o tamanho do dano que o Supremo Tribunal Federal está fazendo com esse país. E estão fazendo isso por diversas razões. Uma delas é porque são um bando de egocêntricos apátridas embriagados pelo poder, psicologicamente imaturos, e que não tem grandeza moral para desempenharem o papel de juízes.

Eles são aproveitadores das benesses e das carcaças de um país apodrecido pela corrupção, cujos políticos ladrões são amparados pelo foro privilegiado, pela lentidão planejada da justiça, e pela fraqueza moral que impera principalmente naquela corte. São coadjuvantes da destruição de uma democracia que começava a despontar, hipócritas de um teatro macabro, vassalos da criminalidade. Esse fantasma vai seguramente assombrar os seus descendentes, mas nem isso os afeta.

Ao invés de guardiães da Constituição como se arvoram, são os prostitutos constitucionais, estafetas da imoralidade e da desesperança, gigolôs do poder absoluto da contravenção, e dos seus defensores feitos milionários pelo dinheiro do crime vindo dos cofres públicos. 

Eles não sabem o que é construir uma nação. Eles se dobram a um líder corrupto, bêbado, vendedor de ilusões, e entregador de desgraças, que quebrou o país e as suas instituições. Esses supostos juízes são mais baixos que os desinformados que votam no ilusionista pigmeu, amoral e analfabeto. Eles são cúmplices do populismo devorador do progresso e do desenvolvimento. São verdadeiros assassinos da evolução civilizatória de um povo.  

Esses lenientes doentios, pretensos artistas eruditos de televisão, consumidos por uma vaidade injustificada com tintas de psicopatia, são os torpedeadores da esperança nacional. Os trejeitos efeminados de um deles, na tentativa de projetar uma grandeza inexistente revela a fraqueza moral e a vaidade desmedida. Os argumentos exagerados e mutantes do outro revela que Saulo Ramos tinha razão; é um juiz de merda. As mudanças de opinião de outro revela o caráter mercantilista de sua personalidade e o DNA coronelista que não consegue disfarçar. A necessidade de outro de agradecer o emprego arrumado pela mãe, através da amizade com a mulher do presidente ultrapassa todos os limites, chega a ser patética, se não fosse trágica, o seu clamor por generosidade para com o corrupto condenado. Outro, advogado partidário, não precisaria estar lá, bastaria enviar o voto pelo correio, pois todos os brasileiros já sabem como vai votar. É um voto partidário, a favor da criminalidade. Essa corte é o próprio retrato de Sodoma e Gomorra, chegamos ao fim dos tempos.

Depois de Lula, eles vão libertar Cabral, Cunha, Geddel, Palocci, Beira-Mar, só para mencionar uns poucos.
Esses exploradores do lenocínio político que se tornou a nossa nação transformaram a Suprema Corte em guardiã do assalto aos cofres públicos, protetora das máfias partidárias, masturbadores persistentes das mazelas nacionais.

A corja do STF é pior que Lula, Michel Temer, Palocci, Geddel, Lucio Vieira Lima, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Romero Jucá, Jader Barbalho, juntos. Esse pessoal só queria roubar a nação, eles tinham um propósito. Mas eles não tinham o poder de condenar a nação ao eterno inferno do subdesenvolvimento e da violência. Os políticos podem ser expulsos pelo voto, o que não é possível com os  Kalifas do STF que deveriam ser juízes em benefício do povo e não no próprio. Eles só podem ser retirados pelo Congresso, onde estão os corruptos que os colocaram lá. 

Eles tem o poder de condenar o país ao inferno do subdesenvolvimento, e decidiram fazer exatamente isso. O pequeno e frágil conjunto de regras da democracia é constantemente estuprado pelos parasitas supremos, para proteger criminosos famosos. Então eles são mais criminosos do que os criminosos que protegem. Quem defende bandido, bandido é.

Veja-se a decisão da cassação da chapa Dilma-Temer, onde o Presidente na época prestou um serviço sujo ao seu mestre, deturpando a legislação e a constituição, para mostrar gratidão a quem lhe deu o emprego. Veja-se o outro soltando o amigo e parceiro de negócios do Rio, por diversas vezes seguidas. Aos amigos tudo, aos inimigos a Lei. E o outro que pediu vistas do caso do foro privilegiado, depois de já ter a maioria formada. É ou não é um agente do obscurantismo defendendo o interesse dos seus mestres.

Os longos e hipócritas argumentos de proteção da constituição proferidos quando a televisão está filmando se esvaem quando, em lugar da proteção da constituição, entregam a cocaína da leniência populista e hipócrita para deleite dos saqueadores da nação. São todos muito iguais, nomeados pelos criminosos que deveriam julgar, parceiros nos crimes contra a nação. Eles são, da mesma forma que os corruptos, traidores da nação e dos brasileiros em geral.

Diga-se por justiça, que não são todos iguais. A Corte faz uma maioria macabra, mas existem almas solitárias que se rebelam contra isso, em homenagem à própria consciência, mas são minoria. 

Essa corte poderia se chamar Supremo Tribunal da Fornicação, ou Tribunal da Eterna Prescrição. Ao longo da sua história, julgou menos de 5% dos processos que lá chegam. Vejam o caso de Renan Calheiros, com 11 processos e nenhum anda. Romero Jucá, Eliseu Padilha, Michel Temer, Lucio Vieira Lima, só para mencionar alguns nomes. Meu Deus, o Brasil não merece isso. Todos esse pessoal está protegido pelo STF. E agora o princípio Lula vai valer para todos. Os criminosos da Lava Jato vão estar todos soltos, desfrutando do saque dos últimos anos, e dividindo com os coadjuvantes dessa obra grotesca.

Esses juízes não se importam se os seus nomes fizerem parte do esgoto da história. Eles querem o aqui e agora... que se dane o futuro. São hedonistas, amorais radicais, midiáticos embriagados, não se importam em ser vilões, desde que forem remunerados adequadamente e estiverem na TV. O maior mercador da Corte se comporta como Primeiro Ministro e degusta da mesma forma o poder sobre o presidente e parlamentares enrolados, como do comando dos jagunços de Mato Grosso. Ele aprecia muito os dois papéis. Esse é o maior psicopata, que tem os políticos todos na mão, e sem nenhum pudor desfruta disso avassaladoramente.

O que fazer? Precisamos no mínimo execrar esses personagens macabros da desgraça nacional. Ir para rua. Introduzir mais leis de iniciativa popular. Mudar a forma de indicar os juízes da Suprema Corte. Bandidos no Executivo, bandidos no Legislativo, e bandidos no Judiciário, todos se protegem, não farão leis que beneficiem o país, a não ser com pressão popular. Votem em pessoas que nunca estiveram lá. Vamos trocar todos. Só o povo na rua para acabar com esse incesto criminoso entre membros de todos os poderes. Vamos começar indo para rua no dia 3 de abril, para tentar reverter o salvo conduto do molusco pinguço e doente.



Carta dos senadores


“Excelentíssima Senhora Ministra Cármen Lúcia
Presidente do Supremo Tribunal Federal


O país e o mundo acompanham com grande atenção as notícias relacionadas ao julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), do pedido de habeas corpus formulado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será retomado nesta quarta-feira, 4 de abril.

O caráter excepcional e repleto de simbologia envolvendo o caso restrito ao ex-presidente, condenado à prisão pela Justiça em segunda instância, provoca um questionamento bem mais amplo e pode ainda resultar em uma repercussão sobre o status de centenas, talvez milhares, de condenados que já cumprem pena.

Isso porque o referido HC induz à discussão sobre a jurisprudência adotada pelo STF desde 2016, no que se refere à efetividade da prisão após condenação em segunda instância.


Tal entendimento tem sido de grande valia para a promoção da Justiça e para combater o sentimento de impunidade. Por outro lado, fartos exemplos mostram que adiar a execução da pena até que se esgotem todos recursos nos tribunais superiores é, na prática, impedir a efetividade da condenação do condenado.

Acreditamos ser crucial a manutenção do estatuto da prisão em segunda instância, como já ocorre na esmagadora maioria dos países e como ocorreu no Brasil durante a maior parte de sua história republicana.

Exigir trânsito em julgado após terceiro ou quarto grau de jurisdição para então autorizar prisão do condenado contraria a Constituição e coloca em descrédito a Justiça brasileira perante a população. Não pode haver dúvidas de que a lei vale para todos. Ademais, após a segunda instância não se discute mais a materialidade do fato, nem existe produção de provas, apenas se discute legislação e direito.

Nós senadores, abaixo assinados, entendemos que impedir a execução provisória da pena pode comprometer a funcionalidade do sistema penal ao torná-lo incapaz de punir o criminoso adequada e suficientemente e em tempo razoável.

Essa linha de argumentação se aproxima da já proferida em parecer da Procuradoria-Geral da República e em manifesto de milhares de juristas que enxergam na mudança da jurisprudência o risco iminente da liberação em cascata de inúmeros condenados por corrupção e por delitos violentos.”

Artigo, Sérgio Praça, Veja - O erro crasso de Cármen Lúcia


A decisão da próxima quarta-feira nada tem a ver com diferenças ideológicas

Carmen Lúcia, ministra do STF, informando como responde à pressão dos políticos para que ela ajude a derrubar a prisão em segunda instância. No sábado 10 ela recebeu o presidente Michel Temer, investigado no STF, em sua casa brasiliense para uma conversa despressurizada
Cármen Lúcia recebe o presidente Michel Temer em sua casa (Pedro Ladeira/Folhapress)

Em pronunciamento hoje na televisão, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, disse algumas palavras bonitas. Geralmente discursos políticos são pouco interessantes e não tenho paciência para eles. Mas este vale o comentário.

A ministra disse, entre outras coisas, que:

* (É preciso ter) “serenidade para que as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social”

* “O fortalecimento da democracia brasileira depende da coesão cívica para a convivência tranquila de todos. Há que serem respeitadas opiniões diferentes”

* “Diferenças ideológicas não podem ser inimizadas sociais. A liberdade democrática há de ser exercida sempre com respeito ao outro”

* “A efetividade dos direitos conquistados pelos cidadãos brasileiros exige garantia de liberdade para exposição de ideias e posições plurais, algumas mesmo contrárias. Repito: há que se respeitar opiniões diferentes”

O pano de fundo, óbvio, é a decisão de quarta-feira sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula (PT). Os onze juízes do STF decidirão se condenados em segunda instância (ou seja, por um colegiado de juízes) devem passar a cumprir suas sentenças imediatamente ou se devem esperar o “trânsito em julgado” – ou seja, a terceira e quarta instâncias (o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal). É possível que a decisão seja abrangente, referindo-se a todos os casos, ou específica, apenas para o de Lula. Impossível saber, por enquanto.

Antes de mais nada, vale lembrar que o STF é um antro de leniência com corruptos. Quem tem foro privilegiado – como ministros e parlamentares – é investigado e julgado pelo Supremo. Com raríssimas exceções, os onze juízes sentam em cima dos processos até que eles percam a validade. (É com essa pitada de sal que se deve adocicar os discursos indignados de Luís Roberto Barroso contra pilantras.)

Bem, Cármen Lúcia refere-se a ideologia e “opiniões diferentes”. Mas não é isso que estará em jogo na quarta-feira, nem na atuação do STF com relação a casos de corrupção. “Ideologias” são sistemas duradouros de crenças que indicam ações a serem tomadas em uma série de circunstâncias políticas, segundo a definição da cientista política Kathleen Bawn. Ainda de acordo com ela, ideologia é muito importante na política porque estimula as pessoas a se importarem com assuntos sobre os quais elas não têm interesse direto (direct stake – “interesse” não é a tradução ideal, mas enfim).

O problema é que a condenação após segunda instância não seria, de acordo com a definição de Bawn, uma questão ideológica. Não há sistemas de crenças legítimos que possam ser favoráveis ao “trânsito em julgado”, pois não respeitam, na prática, a igualdade perante a lei. Tais sistemas de crenças existem, é claro. São compartilhados por vários advogados criminalistas e jornalistas. Mas não têm espaço em uma democracia republicana, na qual a lei vale igualmente para todos. É inacreditável ainda ter que escrever isso em 2018.

Não quero dizer, com isso, que pessoas favoráveis à execução da pena após a segunda instância sejam incríveis. Deltan Dallagnol está fazendo greve de fome e Marcelo Bretas reza mais do que são-paulino em clássico. Ambos recebem auxílio-moradia. É um benefício legal, consagrado em normas jurídicas, dado aos agentes da Justiça sejam eles tementes a Deus ou ao Fagner. É, também, contra o espírito de uma democracia republicana. Auxílio-moradia para quem tem residência onde trabalha não faz sentido algum. É o senso comum – nesse caso, corretíssimo – ignorado quando há skin in the game.

Voltando a Cármen Lúcia: não são, ministra, divergências ideológicas que estarão em jogo na quarta. Isso se resolve nas urnas, no Twitter, no Facebook, nos almoços de domingo. É algo bem mais profundo. É o direito que todos nós temos de sofrer igualmente as consequências da lei. Lula, Temer, Aécio etc. não são especiais porque exercem (ou exerceram) cargos políticos. Quem tem dinheiro e paciência para esperar o “trânsito em julgado” até que seu crime prescreva tem, na verdade, um privilégio ilegal, imoral e contra o espírito dos belos artigos da Constituição de 1988. Os onze juízes do Supremo Tribunal Federal têm oportunidade inédita para justificar os cargos que ocupam. Podem livrar Lula e os demais. É prerrogativa deles.

MPF pode pedir indenização por danos morais coletivos das empreiteiras envolvidas na Lava Jato


MPF pode pedir indenização por danos morais coletivos das empreiteiras envolvidas na Lava Jato

O Ministério Público Federal (MPF) poderá pedir indenização por danos morais coletivos e ressarcimento ao erário em ação de improbidade administrativa contra a Galvão Engenharia, a Galvão Participações e os executivos das empresas envolvidos no pagamento de propinas nos autos da Operação Lava Jato. A 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) deu provimento no dia 14 de março, por maioria, a recurso do MPF.
O órgão apelou ao tribunal após a 1ª Vara Federal de Curitiba considerar inadequado o uso da ação de improbidade administrativa para pedir ressarcimento de dano ao erário e dano moral coletivo. Conforme a decisão de primeira instância, a propina teria sido paga pela empreiteira e não por recursos públicos, não havendo o alegado dano ao erário. Quanto aos danos morais coletivos, o Juízo de primeiro grau entendeu que a lei de improbidade administrativa não contém entre as penas previstas o pedido de indenização por danos morais coletivos.
Segundo a relatora no tribunal, desembargadora federal Vivian Josete Pantaleão Caminha, não se pode descartar a possibilidade de o valor da propina paga pelas empreiteiras estar embutido nos preços dos contratos nos quais houve desvio de recursos públicos com o superfaturamento das obras. Vivian também referiu que as rés, ao fraudar licitações, impediram negociações mais benéficas entre a Petrobras e outras empresas do ramo.
Em relação aos danos morais, para a desembargadora, a ação de improbidade administrativa é a via adequada para reparar integralmente os danos causados, incluindo o dano moral envolvendo interesses ou direitos difusos e coletivos. “A existência de fortes indícios da prática de atos ímprobos pelas agravadas enseja a aplicação do princípio do in dubio pro societate e da máxima de que a fraude à licitação e, por consequência, à contratação pelo Poder Público dá ensejo ao denominado dano in re ipsa (dano moral presumido)”, concluiu a magistrada.

Marcelo Aiquel - O festival da mentira continua


                Passa dia, passa semana, e a mentirada não para jamais!
                Inacreditavelmente, após semanas de diários tributos “globais” (da Rede Globo!), surgiram – não se sabe bem de onde ou com qual objetivo – duas testemunhas oculares do crime que vitimou a vereadora Marielle, no Rio.
                Decorridos singelos “dezenove dias” do fato, e a despeito do grande alarde que a mídia concedeu, aparecem – agora – duas testemunhas, no mínimo, suspeitíssimas.
                São suspeitas porque – nestes “dezenove dias” – não faltou farto incentivo à informações sobre o crime. E, somente agora, tanto tempo depois, vem estas pessoas denunciarem algo ocorrido há vários dias.
                E, não foi uma denúncia comum: foi contra a “sempre culpada” Polícia Militar.
                Aquela mesma que é responsabilizada por todas as balas perdidas, nos tiroteios com os bandidos. Como se só as balas da PM participassem destas fuzilarias.
                Realmente, que testemunhas curiosas! E inconfiáveis.
                Mas, também tivemos a falsa emboscada contra a caravana do PT.
                Foi algo tão surreal que o assunto “morreu” desde que se exigiu uma investigação profunda. Pudera! Depois da “patacoada” criada pelos bolivarianos, com o intuito claro de vitimizar os participantes da campanha antecipada (e ilegal) do ladrão condenado, a corja sentiu a “cacaca” feita.
                Com a palavra isenta de vários peritos, ficou amplamente demonstrada a “grande farsa” da tal emboscada.
                Hoje, um terremoto na Bolívia tomou conta dos noticiários, onde deve render largos espaços até depois do dia 4, data em que o STF vai julgar o futuro do Lula. Tudo para desviar a atenção do público.
                Duvida? Eu não! Já aprendi com esta mídia dissimulada.

A ralé e a desordem institucional


O país atravessa momento de aguda crise política, com a dissolução de fato de seu sistema partidário, imerso na corrupção revelada pela Operação Lava-Jato e com a deterioração de sua escora institucional, o sistema judicial superior, vazado pelo casuísmo atrelado a interesses oligárquicos. O estado brasileiro está, assim, em condição falimentar. Os partidos, numa república constitucional, são entidades que representam o povo, em seus diversos segmentos, apenas se tiverem a capacidade de o organizarem politicamente e, nessa medida, o afastarem de tentações extravagantes, como a salvação autoritária. Para isso, devem possuir capital moral e consistência programática, justamente as virtudes cívicas das quais, nos últimos anos, os grandes partidos nacionais se afastaram.  Já no plano judicial, a degeneração ocorre quando a aplicação da justiça se torna o seu contrário, passando a ser condicionada pela proteção de grupos ou indivíduos privilegiados. O Supremo Tribunal Federal, que se tornou palco rotineiro de disputas de vaidade e de acusações de má conduta recíprocas por parte de seus membros, de modo inaceitável ainda se expõe à sociedade como fonte de insegurança jurídica, de desordenamento, pelo simples fato de admitir, ou pior, ameaçar, alterar decisão consagrada em jurisprudência recente, quando está em jogo a execução da pena de um ex-presidente, por corrupção e lavagem de dinheiro. Uma interpretação vicária, nesse caso, não passará de casuísmo de motivação inconfessável e indisfarçável, seja lá qual for a forma embelezada com que venha a se apresentar. Não é por menos que essa ameaça motivou, de forma inédita, a manifestação de milhares de juízes e membros do ministério público pela manutenção da prisão após julgamento em segunda instância, o que, por si só, revela a desorganização institucional interna vivida pelo poder judiciário, com a corte suprema dissociada das demandas das instâncias inferiores.
O pano de fundo político da crise é, assim, o descompasso, hoje evidente, do que se espera das instituições numa sociedade pacificada e o que, em contraste, estão nos oferecendo seus meios de organização, os grandes partidos e o sistema judicial. Os partidos, dilapidados pela ausência de capital moral, e a alta corte, imersa em degradada parcimônia para com um criminoso, comportam-se passivamente diante da grotesca rebeldia do ícone da mera ralé, que não pode ser confundida com o povo. A ralé não almeja a ordem representativa ou jurídica, como o povo o faz, mas busca na figura de um homem forte, de um líder, o modo pelo qual se expressa politicamente. É um erro pensar que a ralé se compõe apenas do populacho ignorante. Dela também fazem parte intelectuais e sectários de todo o tipo que odeiam a sociedade e a ordem. Ela se vê representada na figura politicamente desafiadora de Lula, que sobrevive, apesar dos crimes, dos escândalos e das trapaças públicas, nos ritos de uma esquerda que não tem mais nada a oferecer ao povo além da integralidade da mentira. E somente a ralé aceita esta aliança. A enganação metódica proposta por Lula e pelo PT disputa espaço com a ação moral na política, e dela surgem caravanas de um condenado, que ofendem o senso cívico comum. Esse mesmo senso exige, hoje, a prisão de Lula. Assim, veremos, nesta quarta-feira, quem será vitorioso no embate que se prenuncia: se a ralé, que deseja subverter a ordem das coisas para impor seus instintos à nação, ou o povo que, mesmo de forma inarticulada, não suporta mais ser o polo passivo da desordem institucional.  

A locomotiva industrial paulista mostra pequeno avanço

Após recuo de 1,3% na leitura anterior, o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista mostrou avanço de 0,8% entre janeiro e fevereiro, descontados os efeitos sazonais, conforme divulgado ontem pela Fiesp/Ciesp. 

Os economistas do Bradesco, em análise que enviaram esta manhã ao editor, dizem que esta pequena alta ocorreu de forma disseminada e refletiu o desempenho positivo de 15 dos 20 segmentos pesquisados, com destaque para os setores de metalurgia e de veículos automotores, cujas atividades avançaram 5,5% e 2,8%, nessa ordem. Já o nível de utilização da capacidade (NUCI) avançou de 75,0% para 75,7%, na mesma base de comparação, porém segue abaixo da média histórica, de 80,1%. 

Já os indicadores industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), também divulgados ontem, apresentaram resultados heterogêneos em fevereiro, com ligeiro aumento do faturamento e do emprego, acompanhado por um recuo das horas trabalhadas na produção. Após relativa estabilidade na leitura anterior, o faturamento real avançou 0,5% na passagem de janeiro para fevereiro, descontados os efeitos sazonais. A utilização da capacidade instalada, porém, ficou praticamente estável, ao passar de 76,5% para 76,6%. O nível de emprego apresentou ligeira alta, de 0,1% na margem, enquanto o número de horas trabalhadas recuou 0,5%. Por sua vez, a massa salarial e o rendimento médio real avançaram, respectivamente, 1,2% e 1,8%, na mesma base de comparação. Para o resultado da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de fevereiro, que será divulgado nesta manhã pelo IBGE, esperamos alta de 0,5% da produção física, após a forte queda de 2,4% registrada na divulgação anterior.