Crescem empregos no RS. Conheça as cidades que mais empregaram.

O Rio Grande do Sul foi o estado que mais gerou empregos formais no mês de novembro, apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) anunciados nesta quinta-feira. O editor recebeu há pouco o relatório do ministério do Trabalho

No mês, as empresas do estado contrataram 80.447 trabalhadores e dispensaram 79.256, com um saldo positivo de 1.191 vagas (crescimento de 0,05% em relação a outubro). Foi o segundo mês seguido de saldo positivo. Em outubro, o estado já havia registrado 2.386 mais contratações do que demissões. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que o Rio Grande do Sul segue o caminho para a retomada plena dos empregos.

A agropecuária foi o setor com melhor desempenho relativo em novembro: aumento de 3,34% no número de empregos formais. Em termos absolutos, o comércio gerou maior número de empregos, com saldo positivo de 3.722 postos de trabalho, um aumento de 0,62%.  A administração pública, com 0,03%, veio a seguir. O setor de extrativismo mineral teve o pior desempenho: redução de 2,51% no total de empregos em relação ao mês anterior.

O levantamento mostra que houve aumento no número de vagas em novembro em 35 dos 71 municípios do Rio Grande do Sul com mais de 30 mil habitantes. O destaque foi para a cidade de Cruz Alta, que teve 1.624 contratações a mais do que as demissões feitas pelas empresas do município, com balanço positivo de 14,37% no total de vagas de empregos em relação a outubro.
Também tiveram saldo positivo acima de 2% as cidades de Capão da Canoa (3,6%), Pelotas (2,31%) e Torres (2,21%). Nos últimos 12 meses, 17 municípios gaúchos entre os com população superior a 30 mil habitantes (24% do total) tiveram mais admissões do que dispensas de trabalhadores.
No acumulado no período nessas cidades, porém, houve retração de 2,65% no número de vagas – ocorreram 55.724 mais demissões do que contratações desde o mês de novembro do ano passado.


Dados nacionais – O mercado de trabalho perdeu 116.747 vagas com carteira assinada em novembro. O desempenho é resultado de 1.103.767 admissões contra 1.220.514 demissões ocorridas durante o mês. Este saldo negativo em novembro provocou uma queda de 0,3% no estoque de empregos em comparação ao mês anterior. No mesmo mês do ano passado, a queda havia sido ainda maior, com 130.629 vagas formais a menos. No período dos últimos 12 meses, o estoque de empregos formais passou de 40,3 milhões para 38,8 milhões, uma queda de 3,65%. 

Asdep

A Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul, tendo em vista o anúncio de novo parcelamento salarial, agravado pelo não pagamento do décimo terceiro na data constitucionalmente prevista, orienta seus associados a reunirem-se nas suas regiões policiais, sob a coordenação dos respectivos representantes da ASDEP, a fim de que sejam discutidas medidas a serem tomadas pela categoria com o objetivo de demonstrar a inconformidade da classe pelo tratamento ilegal que tem sido imposto a todos os servidores do Executivo. A Diretoria solicita que a ata da referida reunião seja encaminhada até o dia 06 de janeiro de 2017, ocasião em que as sugestões serão analisadas, podendo ser implementadas novas ações.
Até lá, considerando o que foi deliberado na última Assembleia-Geral, orientamos todos os Delegados de Polícia para que suspendam, imediatamente, as operações policiais.
Comunicamos, finalmente, que a ASDEP continua mantendo contatos políticos na busca de soluções para a grave situação vivenciada pelos policiais civis, além de buscar as alternativas judiciais cabíveis.
Porto Alegre, 28 de dezembro de 2016.
Nadine Tagliari Farias Anflor,

Presidente da ASDEP/RS.

Mortes de trânsito no Rio Grande do Sul caem 23% em seis anos

Entre janeiro e novembro de 2016, 455 vidas foram preservadas em comparação ao mesmo período de 2010, ano mais violento nas ruas e estradas gaúchas desde o início da série histórica produzida pelo Detran

Por: Débora Ely

Seis anos depois de chegar ao mais alto patamar de letalidade de que se tem notícia, o trânsito gaúcho registra em 2016 o menor número de mortes em acidentes da sua história recente. Entre janeiro e novembro deste ano, salvaram-se 455 vidas em estradas e avenidas do Estado em comparação ao mesmo período de 2010 – queda de 23%.

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Caso mantenha-se a média dos demais meses em dezembro, 2016 será o ano menos violento no tráfego desde que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) começou a série histórica, em 2007. O resultado positivo ocorre mesmo diante do comportamento inverso da frota. Em seis anos, o número de veículos disparou 26%.

Há uma série de explicações para a queda na mortalidade, concordam autoridades e especialistas no tema. Isso porque se trata de um fenômeno influenciado pela combinação de fatores interligados, como a implementação de políticas de prevenção e o reforço na fiscalização. O fato é que o Rio Grande do Sul caminha na direção de cumprir a meta estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010: diminuir para metade, até 2020, os casos de acidentes viários.
  
Uma das causas da redução estaria na intensificação da Operação Balada Segura, acredita o diretor-geral do Detran, Ildo Mário Szinvelski.

Não por acaso, as blitze deram início à aplicação irrestrita do teste do bafômetro em 2011.

Alta nos preços demultas contribuiu

– Sem dúvida alguma, a intensificação da fiscalização e a punição de infratores contribuiu muito para o refreamento de condutas inadequadas. Isso muda comportamentos e pressupõe a consciência de que, para dirigir um veículo, o condutor precisa estar sóbrio e em condições para que não coloque em risco a sua vida e a dos demais – analisa o dirigente.

Para Szinvelski, a mudança na legislação e o aumento nos valores de multas para quem dirige embriagado contribui para essa modificação de hábito entre motoristas. Hoje, mesmo quem se recusa a soprar o etilômetro paga multa de R$ 2,9 mil, tem a habilitação suspensa e o veículo recolhido. Desse modo, cada vez mais gente estaria escolhendo um transporte alternativo quando rende-se a um caneco de chope, por exemplo.

Entre os próprios amigos e familiares, especialistas têm constatado essa saudável conscientização. É o caso do professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) João Fortini Albano, engenheiro de transporte. Na sua opinião, a Lei Seca influenciou, mas a redução de vítimas reflete a adoção de outras medidas, principalmente, de penalidades financeiras mais pesadas:

– As multas foram majoradas fortemente nos últimos meses. Essa, para mim, é a maior causa da redução de acidentes, porque as pessoas só atendem ao apelo do bolso.

Um segundo item é a ampliação de ações de fiscalização, como o aumento de pardais e blitze, principalmente nos grandes centros, o que também produz algum resultado.

Desde o início de novembro, os valores cobrados de quem comete infrações sofreram reajustes superiores a 50% no país. O motorista flagrado manuseando o celular agora desembolsa multa de R$ 293,47 (antes era R$ 85,13), e o condutor que se desloca em velocidade 50% acima da permitida tem de pagar R$ 880,41 (saía por R$ 574,62).

Mas há quem seja menos otimista. Especialista em acidentes de trânsito, o perito Clóvis Santos Xerxenevsky considera a fiscalização escassa e as condições das vias ruins. Ele aponta outros coeficientes para o recuo do número de vítimas:

– A frota de veículos aumentou, mas, com a crise financeira que afeta a população há bastante tempo, será que as pessoas estão usando menos o carro? Na minha avaliação, a circulação reduziu.


Foto: Arte ZH
Maior redução ocorreu em ruas e avenidas municipais

No cenário de redução de mortes no trânsito gaúcho, a queda mais expressiva deu-se em acidentes dentro dos municípios. Em 2010, 796 das fatalidades ocorreram em ruas e avenidas municipais. Neste ano, foram 533.

Diante do fenômeno, o destaque está em Porto Alegre – metrópole que, sozinha, concentra 13% da frota de veículos de todo o Estado. Há seis anos, a Capital registrava média de 12 mortes no trânsito a cada mês. Hoje, são oito.

O segundo maior município do Estado, Caxias do Sul, na Serra, também teve redução significativa no número de mortes no trânsito no intervalo dos últimos seis anos. Enquanto em todo o ano de 2010 o município havia registrado 67 vítimas fatais, entre janeiro e novembro de 2016 a quantidade de pessoas que perderam a vida em acidentes caiu para 33.

Diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari atribui a diminuição à formação de uma equipe interna que investiga as possíveis causas de acidentes graves na cidade. Desde 2011, o grupo trabalha para solucionar possíveis falhas estruturais.

– A equipe analisa o acidente e, através de entrevistas e outros protocolos, aponta a provável causa, não para um processo judicial, mas para o consumo interno. A partir daí, os técnicos disparam uma informação para o setor responsável da EPTC, seja engenharia de trânsito, fiscalização ou educação, para que se incida diretamente na causa geradora do acidente – explica Cappellari.


Exemplos estão espalhados pela cidade. Recentemente, na Avenida Plínio Brasil Milano, foi instalada uma lombada eletrônica que limita a velocidade a 40 km/h nas proximidades com a Rua Carlos Trein Filho. Isso porque a EPTC vinha atendendo a uma série de acidentes no trecho, e o motivo seria justamente a pressa dos motoristas.

Artigo, José Casado, O Globo - Cosa nostra

José Casado: "Cosa nostra"
O Globo

Líderes políticos que se diziam revolucionários começam a ser expostos como sócios da rede internacional de corrupção mantida pela Odebrecht

Na terça-feira 17 de janeiro começa o julgamento do ex-presidente de El Salvador Mauricio Funes. Acusado de corrupção, ele foi intimado na véspera do Natal na Nicarágua, onde vive em autoexílio. O processo inclui sua ex-mulher, Vanda, e um de seus filhos, Diego.

Funes chegou ao poder em 2009 pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, nascida da fusão de cinco organizações guerrilheiras que protagonizaram a guerra civil de El Salvador, no final do século passado.

Vanda Pignato, ex-primeira-dama, é brasileira, antiga militante do PT.
Ela garantiu o apoio do governo Lula ao marido desde a campanha eleitoral, paga pelo grupo Odebrecht, cujos contratos somaram US$ 50 milhões no mandato de Funes.

Desde a semana passada, ele e outros 14 líderes políticos nas Américas e na África estão no centro das investigações em seus países sobre propinas pagas pela empreiteira brasileira.

É o caso do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, que embolsou um dólar para cada três que a Odebrecht lucrou durante seu governo.
Guardou US$ 59 milhões.

Na vizinha República Dominicana quem está em apuros é o presidente Danilo Medina, reeleito em maio. No primeiro mandato, Medina fez contratos que proporcionaram à empreiteira lucros de US$ 163 milhões. Ela retribuiu com generosos US$ 92 milhões em subornos, o equivalente a 56% dos ganhos acumulados desde 2012. A taxa paga ao lado, na Guatemala, foi um pouco menor: 52%, isto é, US$ 18 milhões para US$ 34 milhões em contratos.

Em Quito, no Equador, a polícia apreendeu na sexta-feira arquivos eletrônicos na sede local da Odebrecht. Rafael Correa, no poder há nove anos, demonstra temor com a revelação de que a Odebrecht pagou US$ 35 milhões em subornos, 28% dos seus lucros equatorianos. Em 2008, Correa expulsou a empreiteira, acusando-a de corrupção. Acertaram-se, sob as bençãos de Lula em 2010.

Em Bogotá, Colômbia, investiga-se a rota da propina de US$ 11 milhões, pagos entre 2009 e 2014, no governo Álvaro Uribe. Rápido no gatilho, ele ontem se lembrou de uma reunião “suspeita” entre o atual presidente Juan Manuel dos Santos e diretores da Odebrecht no Panamá.

No Peru a confusão é grande: acusam-se os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011), Ollanta Humala e a ex-primeira dama Nadine (2011-2016). Eles apontam para o atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, primeiro-ministro na época em que a Odebrecht começou a distribuir US$ 29 milhões — 20% dos lucros no país em 11 anos.

Nada disso, porém, se compara aos lucros e ao propinoduto em Angola e Venezuela. As relações com os governos do angolano José Eduardo Santos e do venezuelano Hugo Chávez (sucedido por Nicolás Maduro) chegaram a proporcionar US$ 1 bilhão em lucros anuais. Sustentaram o caixa no exterior, estimado em US$ 500 milhões, voltado para pagamentos a políticos, principalmente brasileiros.


Capturados pelos bolsos, líderes que se apresentavam como revolucionários nos anos 80 começam a ser expostos como sócios de uma rede internacional de corrupção, operada a partir do Brasil pela Odebrecht. Fizeram da coisa pública uma cosa nostra.

Artigo, Merval Pereiras, O Globo - Os apoios de Temer

Os apoios de Temer
Um presidente extremamente impopular como Michel Temer conseguir montar uma base de sustentação no Congresso tão fiel é o paradoxo que rege nossa política atual

O presidente congressualmente forte e politicamente  fraco. Ao  contrário do que  ele mesmo disse, numa tentativa frustrada de demonstrar despreocupação com sua taxa ínfima de popularidade, um presidente que se dispusesse a  fazer reformas como o controle de gastos e da Previdência precisaria ser muito popular para poder perder gordura e aprovar essas reformas.
No entanto, não tendo esse prestígio popular, ele é capaz de levar o Congresso a aprovar medidas dificílimas, embora necessárias - um Congresso tão desmoralizado e  impopular que busca se afirmar justamente atuando na contramão do populismo embora em alguns casos, como na negociação da dívida dos estados, namore com a leniência para agradar as corporações.
A revelação de que ele colocou como meta ser reconhecido pela História como o presidente que realizou as reformas estruturantes de que o país necessita dá uma dimensão maior ao seu mandato. Dois cientistas políticos da Fundação Getulio Vargas do Rio, Octavio Amorim Neto e Carlos Pereira, este em ano sabático em Berlim, têm visões semelhantes desse fenômeno: a última possibilidade que a atual classe política tem de não ir para a lata do lixo da História é aprovar as reformas estruturais.
Para Octavio Amorim Neto, o fato de Temer não ter sido eleito diretamente é um problema num regime presidencialista como o nosso, embora na sua visão ele tenha chegado à Presidência de maneira legítima. Mas esse não é um problema insanável, diz ele. Temer substituiu Dilma num processo traumático, muito polarizado e contestado numa certa elite política, mas a maioria da população não gostava de Dilma e apoiou sua destituição.
A grande aposta do Palácio do Planalto hoje, diante dessa crise estrutural da política brasileira, e dessa crise de credibilidade que ameaça Temer, é ser o único que se dispõe a fazer uma duríssima reforma econômica, no que é seguido pelo  Congresso.  Mas Octavio Amorim Neto acha que, já que o estilo de Temer é a disposição de negociar e conceder, ele terá dificuldades para  fazer  uma  reforma que  aponte para uma nova trajetória e enfrentar as corporações que estão derrotando os esforços de reajuste  fiscal em estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A condição  fundamental para a  retomada do crescimento econômico, para mudar as expectativas de empresários com relação à dívida pública e da política  fiscal é a  reforma da Previdência, mas Octavio Amorim Neto tem dúvidas sobre se o governo Temer, fraco do ponto de vista de sua relação com a opinião pública e com a sociedade, pode fazer uma boa reforma da Previdência.
Carlos Pereira acha que as chances de o Congresso aprovar reformas estruturais polêmicas como a da Previdência são enormes. Ele chega a imaginar que talvez o governo Temer se transforme no mais reformista da História recente do Brasil.
Pereira considera que havia uma ideia equivocada da esquerda brasileira de que a crise política teria continuidade no governo Temer, mas ele ressalta que a crise atual é completamente diferente da que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma. Na sua análise, o Executivo sob Dilma  tratou mal sua base parlamentar, montou uma gerência de coalizão completamente ineficiente, muito heterogênea, que não compartilhou nem poder nem recursos de forma proporcional com os aliados.
O governo Temer, ao contrário, é extremamente eficiente. Temer montou uma coalizão muito  representativa do Congresso, e isso é raro, diz ele. A coalizão atual, que teve um índice de eficiência na aprovação das medidas apresentadas de 88%, é mais eficaz do que a de Fernando Henrique Cardoso que, na análise de Carlos Pereira, havia sido a mais eficaz até o momento.

Merval Pereira é jornalista