Estava eu passando de canais na TV, quando me deparei com
um programa na Globo News que discutia a saída de Eduardo Cunha da presidência
da Câmara. Nele participavam Manuel Galdino, diretor-executivo da Transparência
Brasil, e Roberto Romano, professor da Unicamp. Depois de alguns pontos
colocados por ambas as partes, Roberto Romano diz que sua maior preocupação com
o atual cenário político é a radicalização do Congresso, alertando para um
possível regime autoritário.
Não é de se espantar para ninguém que a Unicamp é infestada
de esquerdistas. Mas me espanta como a esquerda considera qualquer discurso
diferente que não reza a sua cartilha como algo radical. Já perceberam isso?
Se alguém apresenta uma pauta voltada para o mercado, com
menos impostos, menos burocracia e com um Estado mais enxuto, a esquerda o
acusa de ultraliberal a favor dos empresários que quer destruir as “conquistas”
dos trabalhadores. Se alguém defende valores tradicionais da família e da
religião, a esquerda o acusa de conservador retrógrado que é contra as
minorias. Se alguém defende o fortalecimento das fronteiras – uma das funções
clássicas do Estado - visando proteger e dar segurança aos cidadãos do país,
então a esquerda o acusa de xenófobo de extrema direita. Tudo isso é
radicalismo para a esquerda. Mas os radicais populistas, os radicais oprimidos
e os radicais anti-imperialistas, esses a esquerda não fala nada. Já que é
assim, vamos um breve retrospecto comparativo entre as alas radicais.
A América Latina viveu uma verdadeira farra populista
desde o início do século, com Lula, Hugo Chávez, Evo Morales e os Kirchners. O
Brasil e a Venezuela vivem a pior crise econômica das suas histórias; a Bolívia
continua como um dos países mais miseráveis do mundo; e a Argentina ainda está
tentando se recuperar da desgraça deixada pela casal K. Em contrapartida,
Chile, Colômbia, Peru e México, que foram na contramão dos países do Mercosul,
adotando uma postura mais voltada para o mercado, vão muito bem, obrigado.
Na Europa, Grécia, França, Espanha e Inglaterra, seguiram
a linha populista europeia, que eles chamam de progressismo. O resultado foi
uma crise sem tamanho, uma das piores da história. Os dois últimos países
alteraram suas pautas e se recuperaram muito bem da crise. Já os dois primeiros
dobraram a aposta. A Grécia vive em uma crise profunda, e a França só não tem
mais greve do que o Brasil. Ah sim, quase ia me esquecendo. A Alemanha, com sua
austeridade criticada pelos progressistas, foi o país da União Europeia mais
imune a crise de 2008. Crise essa causada pela bolha imobiliária americana que
foi iniciada pelo progressista Bill Clinton ainda na década de 1990. Mas isso é
só um detalhe. Vamos adiante.
Falando nos EUA, os americanos estão vivendo um
verdadeiro inferno devido a questões raciais. A turminha do beautiful people de
Hollywood, juntamente com o New York Times, passaram anos acusando os brancos,
sobretudo os policiais, de fascistas e racistas (soa familiar?). Com dados
distorcidos e estatísticas mentirosas – algo muito comum da esquerda, como
dissecou George Orwell em “A Revolução dos Bichos” -, os progressistas inflaram
a população negra a ponto da Miss Alabama, uma negra, considerar o homem,
também negro, que matou cinco policiais a sangue frio em Dallas um mártir!
Lembrando que o presidente dos EUA há oito anos é negro. Adiantou alguma coisa?
Será que essa velha postura marxista de considerar os brancos opressores e os
negros oprimidos, colocando uns contra os outros deu certo? E no Brasil? Deu
certo proteger os pequenos e grandes marginais oprimidos contra a opressora
sociedade burguesa? A criminalidade certamente não diminuiu. O Rio de Janeiro,
cidade das Olimpíadas, é terra de ninguém. Esta semana uma menina de sete anos
viu a mãe morrer na sua frente após ter sido esfaqueada no pescoço. Mas a
esquerda defende esses oprimidos da sociedade.
E o que falar da postura da esquerda quando se trata de
combater os anti-imperialistas? Para eles, basta que algum grupo grite “morte a
América” para que eles relativizem qualquer atrocidade. Os “revolucionários”
decapitam, matam a sangue frio, e tudo que a esquerda faz é pedir respeito as
diferenças culturais. A França, como sempre, é porta voz desse discurso. Até
porque a França é muito cool para entrar em uma guerra; os franceses são
intelectuais demais para lutarem. O resultado disso é que a França sofreu três
grandes atentados terroristas nos últimos dois anos! Será que é xenofobia mesmo
querer proteger fronteiras e lutar contra terroristas muçulmanos? Os EUA, por
sua vez, após ficarem 15 anos sem um ataque terrorista, graças ao trabalho dos
“fascistas” da CIA, voltaram a sofrer um ataque dentro de suas terras.
Aparentemente, a postura pusilânime do esquerdista Obama de praticamente passar
todo seu mandato pedindo perdão pela “opressão” americana ao Oriente - como se
eles já não vivessem em guerra centenas de anos antes dos EUA mesmo existirem
-, e de fazer acordos com países como o Irã, não adiantou muito.
Enfim, a esquerda vestiu uma nova roupa, adaptou o seu
discurso e recebeu uma nova chance, após o colapso da União Soviética. E o
resultado foi igual ao de sempre – crises econômicas, autoritarismos, e caos
civil. Em outras palavras, o mundo governado pela esquerda está de cabeça para
baixo, como sempre. E porque eles continuarão recebendo novas chances? Pelo
fato deles continuarem colocando na cabeça da sociedade que há uma ameaça
totalitária nos “discursos radicais” da direita. É assim que a esquerda cria um
monopólio das boas intenções. Só cai nessa quem quer.
Pedro Henrique Mancini de Azevedo, MBA, PMP