Joel Ernesto Lopes Maraschin, Jornal do Comércio - A falácia de Macron e a soja brasileira

Livre de desmatamento desde 2008, a soja produzida no bioma Amazônia representa apenas 10% de toda a produção nacional. Ao contrário do que afirmou esta semana o presidente francês Emmanuel Macron de que: “comprar soja do Brasil é endossar desmatamento da Amazônia”.

Todas as áreas de preservação permanente dentro das propriedades rurais brasileiras são intocadas pelo homem, respeitando a porcentagem conforme as características, ou do bioma, ou do estipulado no Código Florestal (Lei 12651/2012).

Com a previsão de uma safra recorde de grãos no Brasil, a França busca, na realidade, se posicionar no mercado. Ao imprimir discursos falaciosos, desqualificando e manchando a imagem do agro brasileiro, Macron quer que seus produtos sejam competitivos nas prateleiras, já que o custo de produção deles é muito maior.

 Joel Ernesto Lopes Maraschin, Jornal do Comércio - A falácia de Macron e a soja brasileira

Enquanto isso, a esquerda brasileira compra este discurso ideológico, passando ao resto do mundo uma visão deturpada da realidade. De acordo estudos da Embrapa em 2020, na Argentina houve um crescimento de 286% nas queimadas, enquanto no Brasil houve apenas 4% e, se analisado o bioma Amazônia individualmente, houve uma queda de 7%, em relação a 2019. Alguém viu o Macron falar algo da Argentina?

A cadeia produtiva da soja no Brasil emprega cerca de 1,4 milhão de pessoas, reunindo mais de 240 mil produtores, tendo a estimativa para colheita em 2021 de quase 130 milhões de toneladas.

Há tempos, o presidente francês faz alardes à imprensa mundial sobre o Brasil, usando o meio ambiente como pano de fundo, com a nítida intenção de criar uma guerra comercial de commodities com nosso país.

O que impressiona nem são as declarações infelizes de Macron, mas quem replica o que ele diz, com ar de espanto e alarmismo, sem nem mesmo se preocupar em conhecer a realidade da excelência nas técnicas da produção agrícola nacional.

Jornalista, acadêmico de Ciências e Tecnologia UFRGS

Guilherme Baumhardt, Correio do Povo - A profunda autocrítica

A intenção foi sempre a mesma: oferecer o maior leque de informações e jogar luzes sobre um tema (pandemia) que entrou na nossa vida sem pedir licença

Se você ligar a televisão ou o computador agora são grandes as chances de se deparar com a figura de Natalia Pasternak. Não importa o horário, não interessa o dia, tanto faz se chove ou se o sol brilha lá fora. Pode ser na TV aberta, em canais pagos ou ainda na internet, Pasternak provavelmente estará lá. Pasternak fala ao vivo, fala em reportagens gravadas, faz suas considerações pela internet ou de maneira presencial, em solenidades, como a que ocorreu recentemente em um evento do Instituto Butantan. Pasternak só não deu entrevista preparando o almoço, mas imagino que algum produtor jornalístico já tenha entrado em contato em momentos assim.

Nada tenho contra Natalia Pasternak, mas tenho tudo contra uma espécie de jornalismo preguiçoso que se instalou no país, especialmente em alguns grupos de mídia. Pasternak não é o problema. Ela é convidada e, se tem tempo, interesse e disponibilidade, decide se atende ou não ao convite. Nosso problema está do outro lado. Adapto agora uma expressão que era dita frequentemente em grupelhos paramilitares (de esquerda) e ainda hoje está presente em partidos (de esquerda) e diretórios acadêmicos (majoritariamente de esquerda): é preciso fazer uma “profunda autocrítica” do jornalismo.

Citei Pasternak. Mas poderia elencar os nomes de Atila Iamarino ou Pedro Hallal. Mas fica por aí. A lista das fontes recorrentes não vai muito longe. E não deixa de ser curioso. O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. Somente no Rio Grande do Sul temos 5 universidades federais, mais um sem-fim de instituições privadas. No Brasil perde-se a conta do número de bons professores, bons institutos, boas práticas e outros bons pesquisadores. Mas o jornalismo resolveu adotar a chamada “fonte de gaveta”. Por quê?



Puxei na memória e apenas no programa Agora (segunda a sexta, a partir das 7h, na Rádio Guaíba) arrisco dizer que entrevistamos um número maior de fontes. De cara lembro dos seguintes nomes: João Gabbardo dos Reis (que foi secretário da Saúde do RS e secretário-executivo do Ministério da Saúde), Luiz Antônio Nasi (superintendente do Hospital Moinhos de Vento), Alexandre Zavascki (infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre). Somam-se aos citados acima outros médicos ou pesquisadores como Dani Laks, Ricardo Zimmermann, Nise Yamaguchi, Akira Homma, Edimilson Migowski, Osmar Terra, sem contar secretários de Saúde municipais e estaduais que atuam no Rio Grande do Sul e fora dele. A lista é maior e certamente deixei nomes importantes para trás – peço desculpas. A intenção foi sempre a mesma: oferecer o maior leque de informações e jogar luzes sobre um tema (pandemia) que entrou na nossa vida sem pedir licença.


Pasternak é formada em ciências biológicas. É também presidente do Instituto Questão de Ciência – fundado por ela mesma. Atila Iamarino é biólogo e doutor em microbiologia. Na sua conta em uma rede social, ele se intitula “divulgador científico e explicador do mundo por opção”. Pedro Hallal, agora ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, é formado em educação física e fez mestrado e doutorado em epidemiologia – sua pesquisa trata de exercício físico, especialmente em jovens. Curiosamente nenhum dos três é médico.


Isso não os invalida como fontes. Merecem ser ouvidos e certamente contribuíram com seus estudos, pesquisas e opiniões. Acertaram e, possivelmente, erraram em uma ou outra análise. Mas toda vez que os vejo lembro de um amigo jornalista que dizia em tom de brincadeira: “O jornalismo é a arte de inventar uma tese e encontrar as fontes que a corroborem”. É óbvio que jornalismo não é isso e nem ele acredita no que dizia durante a faculdade. Mas fico no aguardo da “profunda autocrítica” jornalística.


Os direitos de gays, lésbicas e transgêneros são uma das grandes bandeiras dos partidos de esquerda – que por alguma razão misteriosa sofrem de uma amnésia seletiva e nunca lembram das mortes e perseguições promovidas por ditaduras canhotas – dinastia Castro entre elas. Ao mesmo tempo, as pensões pagas às filhas solteiras de militares também sempre motivaram protestos e manifestações.