A VIDA COMO ELA É - Artigo de Adão Paiani*

A VIDA COMO ELA É
Adão Paiani*
Em respeito aos que me acompanham, não tenho como passar batido e deixar de comentar em relação ao episódio envolvendo o Deputado Onyx Lorenzoni, com quem mantenho uma longa relação de amizade, trabalho, propósitos, idéias e objetivos comuns.
Estamos vivendo uma oportunidade ímpar de limpar a merda que nós próprios fizemos neste país nos últimos 30 anos. Nós fizemos. Coletivamente. Não foi o vizinho argentino, o sujeito na África ou o cara sentado em Washington. Fomos nós. Reconhecer que pessoas, populações inteiras, países e nós mesmos temos uma capacidade inata de fazer grandes cagadas, em algum momento da vida (e às vezes mais de uma vez), é o primeiro passo para o amadurecimento.
A seqüência inacreditável de erros que temos cometido ao longo de nossa história como nação é muito explicada pela falta de maturidade pessoal e coletiva do povo brasileiro. Na ânsia juvenil de acertar, nos deixamos levar pela propaganda disposta a nos vender o salvador da pátria. E nós compramos.
De tempos em tempos aparece o cara puro ou a vestal, que nunca erra, que vai nos salvar e levar ao paraíso, e nós acreditamos que isso exista. E compramos Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma e outros menos cotados, com suas figuras de comercial de margarina. Não é a toa que o Brasil é o país dos marqueteiros. Eles nos vendem qualquer bosta, e nós compramos.
No fundo, o que queremos não é um líder; um cara com qualidades e defeitos, fragilidades e contradições, mas com boas idéias, capacidade de trabalhar e de oferecer o melhor de si em benefício do coletivo. Queremos o cara do comercial de margarina.
Somos tão imaturos que muitas vezes, já de cabelos brancos, buscamos o pai, um modelo daquilo que nós mesmos gostaríamos de ser e não conseguimos. E não conseguimos por um único motivo: somos humanos, não o Super-Homem ou a Mulher Maravilha. Sinceramente, esse é um problema menos político e mais psiquiátrico.
É inusitado um cara – ainda mais um político – vir a público e reconhecer que errou. E foi o que fez, corajosamente, Onyx Lorenzoni. Um cara com o qual convivo cotidianamente há quase uma década; que sei que não ficou rico fazendo política; muito pelo contrário. Muito mesmo. E do qual conheço bem as qualidades e defeitos.
Sim, defeitos, fragilidades, contradições. Onyx não é o cara da margarina. É gente. Não é o cara que veio nos salvar. É alguém que busca a salvação tanto como qualquer um de nós; com a diferença de que ele não quer se salvar sozinho. Ele quer levar com ele o maior número possível de pessoas, e de preferência sem deixar ninguém pelo caminho.
A verdade é incômoda, mas libertadora. A mentira reconforta, mas aprisiona. Onyx demonstrou decência, dignidade e hombridade em reconhecer que errou. Esse erro não o desmerece, ao contrário; apenas reafirma sua trajetória e demonstra, na prática, que ele continua sendo aquele cara em quem se pode confiar.
Mas quem quiser, pode continuar confiando no cara da margarina. Só não vale tentar me convencer a fazer o mesmo, principalmente aqui. Não perca seu tempo. Eu prefiro gente de verdade; que vacile, erre e faça merda de vez em quando; exatamente como eu.
Eu prefiro gente que acredite que estamos aqui para oferecer o nosso melhor em benefício deste país, do mundo e das pessoas que vivem nele.  
Eu prefiro as pessoas como elas são, e a vida como ela é.

*Advogado em Brasília/DF.

PGR não vê indícios de irregularidades em doações da JBS à campanha de Sartori

PGR não vê indícios de irregularidades em doações da JBS à campanha de Sartori

O nome do governador José Ivo Sartori não consta no pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para o procedimento de investigações com base nas denúncias feitas por dirigentes da JBS, homologadas pelo ministro Edson Fachin. Portanto, não existe qualquer denúncia ou inquérito contra Sartori.

As doações financeiras da JBS à campanha de Sartori  foram efetuadas de acordo com a legislação vigente, por transferência eletrônica, saindo diretamente da conta da empresa. Conforme os registros contidos na prestação de contas do então candidato, todos os valores repassados estão comprovados por recibos. As informações podem ser conferidas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A quantia doada foi de R$ 2,5 milhões, em dois depósitos bancários. O primeiro deles, de R$ 1 milhão, foi feito em 17 de outubro de 2014. E o outro, de R$ 1,5 milhão, no dia 24 de outubro. Além disso, foram custeados R$ 184.250,00 em materiais de propaganda. O repasse desse total foi em quatro vezes.

“Qualquer afirmação que vincule as doações legais recebidas pela campanha de Sartori com propina não reflete a realidade dos fatos, pois diversas empresas constam como doadoras na prestação de contas, sem que nenhum delas tenha obtido vantagens ou privilégios no atual governo”, sustenta o advogado Milton Cava, delegado do PMDB-RS junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).


Em nota oficial emitida sexta-feira (19) à noite, o governador José Ivo Sartori disse que repudia toda e qualquer tentativa de envolver o nome dele em recebimentos ilegais. “Nunca participei desse mar de lama. E o povo gaúcho pode ter certeza de que não haverá nada que prove em contrário. Minha honra é meu maior patrimônio. Faz parte da minha criação fazer  a coisa certa. Não aceito a generalização”, escreveu. Sartori afirmou também que pratica e sempre praticou a política da seriedade, da integridade e da transparência. Disse ainda que espera responsabilidade na abordagem do assunto e que haja investigação e punição rigorosa a quem for culpado.