Conselho Universitário da UFRGS repudia lei que proíbe linguagem neutra em Porto Alegre

 Nessa sexta-feira ia 06 de maio, o Conselho Universitário da UFRGS aprovou uma moção de repúdio ao projeto recentemente aprovado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre que garante o ensino correto da língua Portuguesa nas escolas do município e proíbe o uso da chamada “linguagem neutra”. 

Durante as discussões, o Professor Fernando Pulgati defendeu o projeto aprovado na Câmara, em prol do ensino correto da língua Portuguesa, nossa língua oficial, elencando diversos motivos pelos quais a dita linguagem neutra não deve ser defendida, dentre eles que ela não é absolutamente nem um pouco inclusiva, pois prejudica inclusive o aprendizado de pessoas que precisam sim de ações inclusivas, com os disléxicos e pessoas com deficiência auditiva ou visual. A Vice-Reitora Profa. Pranke fez declaração de voto contra a moção, e, portanto, contra a “linguagem neutra”, justificando seu voto tanto por questões legais quanto pelo fato de a dita “linguagem neutra” ser algo que não existe na língua Portuguesa. 

Houve, entretanto, manifestações contrárias com argumentos carregados de viés ideológico contrários ao projeto aprovado na Câmara de Vereadores, em defesa da chamada “linguagem neutra”. 

Destacam-se nesse episódio algumas manifestações de outros conselheiros em ataque ao posicionamento da Vice-Reitora Patricia Pranke e à fala do Prof. Fernando Pulgati: 

Um conselheiro argumentou não haver dados que se comprovem e deem base para os argumentos do Prof. Fernando Pulgati. 

Outro membro do conselho disse que as posições do Prof. Fernando Pulgati sobre a língua oficial não encontram mais respaldo científico, sugerindo que ele leia os textos de linguistas da própria Ufrgs, sobre políticas linguísticas e usos de língua.

Outro argumento que isso nada tem a ver com a dislexia

Já um outro membro do conselho usou de sua “autoridade” pela formação na área de letras, para lamentar profundamente sobre  manifestação do Prof. Fernando Pulgati, dizendo que ela estava “eivada de ignorância acerca das questões da educação básica e da ciência linguística”.

E ainda outro membro do Conselho diz sentir tristeza por se ter a ostentação da “ignorância” no Consun, se referindo ao posicionamento da Vice-Reitora Profa. Patricia Pranke e do Professor Fernando Pulgati em defesa do uso correto da Língua Portuguesa. (veja o absurdo, ser ignorante então é defender o correto uso da língua portuguesa)

O resultado da votação sobre a moção foi que, dos 52 presentes na reunião (de um total de 71), 39 votaram a favor da moção de repúdio ao projeto aprovado na Câmara de Vereadores, 5 contra e 8 se abstiveram. 

A que ponto chegou o Conselho superior da universidade, que deveria defender a cultura e conhecimento, mas ao invés disso, prefere agir ideologicamente. Deve-se ainda destacar trecho da fala do Professor Fernando Pulgati que chama atenção para a necessidade do CONSUN ser de fato um espaço de verdadeira pluralidade de ideias, de debate, e não ser um espaço de pensamento único. 

Relacionado a esse ponto da real pluralidade de ideias que deveria haver no CONSUN, é importante destacar alguns pontos em relação a essa atuação e composição do conselho, que se mostra carregada de viés ideológico em total dissintonia com a sociedade. O Conselho, seria, em tese, a representação da comunidade acadêmica da universidade. Mas será que essa comunidade de fato concorda com isso? Há representatividade de membros não contentes com essa postura do Conselho, além da expressada pelo Prof. Fernando Pulgati e manifestada na declaração de voto da Vice-Reitora Patricia? 

Vejamos como é formado o Conselho Universitário: Todas as unidades acadêmicas da UFRGS têm direito a um assento. Além desses, existem os assentos reservados à representação docente, que é escolhida através de votação. Essa votação é realizada através da escolha de cada professor em 8 nomes dentro da lista de candidatos. As associações como ANDES e ADUFRGS lançam as suas listas que são enviadas aos seus associados. Com isso, o que se tem uma votação massiva em uma lista fechada, o que impede a entrada no Conselho de qualquer um que não faça parte do “clubinho”, pois mesmo que todos os descontentes votem nos nomes que estejam fora dessa lista fechada, a forma de contagem de votos com uma votação realizada dessa forma majora a representatividade dessa corrente dominante, alijando do processo qualquer candidato independente. Ora, que tipo de democracia é essa pregada pela universidade que não confere representatividade à minoria? 



  


A gratidão, o silêncio e o tempo, por João Satt

Nem sempre conseguimos expressar aquilo que está na nossa mente. O desafio de quem escreve é fazer com o coração, e para quem lê é estar desarmado. Difícil para os dois, mas vamos lá. O que vocês vão ler é um pouco daquilo que consegui entender, elaborar; enfim, sentir, enquanto os fatos da minha vida foram acontecendo.  

Queremos sempre mais e mais da vida, e quanto mais temos, mais voltamos a querer. Uma cobrança que se manifesta em todos os territórios: do amor dos filhos, do sucesso profissional/empresarial, até mesmo da atenção dos amigos – isso sem falar da eterna busca por um “amor perfeito”. Então experimente cobrar menos dos outros e, especialmente, de você. Agradeça, pratique a gratidão, coloque o agradecer na sua agenda. O mais impressionante é que, na busca por querer sempre mais, desconstituímos a importância daquilo tudo que já conquistamos. Não espere a falta para reconhecer o valor que aquilo tinha para sua vida. 

Aproveite o verão, a praia e ande mais perto do mar, encontre tempo para o seu silêncio. Não falar é um carinho para a alma. Aceite que você merece desacelerar, permita-se fazer tudo com menos pressa. Não fomos ensinados a reconhecer e respeitar o nosso sentir. Pratique escutar mais seu corpo, você terá muitas decepções a menos. Não ter respostas na ponta da língua é sempre muito difícil para o ego. Mas começa por aí a sua verdadeira liberdade, poder simplesmente se permitir fazer o que quer. Simples assim. Seja egoísta em relação ao seu prazer, afinal, como dizem nos voos: “coloque primeiro em si a máscara, depois nos outros”.  

Os mais velhos tornam-se sábios ao aprender que aceitar é sempre mais inteligente do que nutrir expectativas inúteis. Nossa finitude é um dado de realidade, mesmo que a gente não goste da ideia e passe mais de 90% da nossa vida sem sequer pensar na possibilidade: a única certeza é que temos prazo de validade. Os budistas, assim como os estoicos, convivem com a ideia da morte diariamente. Não porque acreditam que tenhamos novas vidas, mas sim por ser uma forma racional de buscar um presente mais leve, mais feliz. 

Uma das coisas mais importantes que aprendi é o quanto se ganha quando se perde. Pense nisso, todo excesso traz também uma escassez. Ao reagir sobre aquilo que nos frustra, via de regra, somos impiedosos, com os outros e mais ainda conosco. Aí chega a hora de perguntar a você: por que tanta ansiedade e expectativa? A frustração é um excesso de ego, uma cobrança inútil. Experimente sentir mais, desacelerar, praticar o silêncio, com certeza essa evolução lhe permitirá reconhecer o quanto você tem a agradecer. Mas faça isso em silêncio, no seu tempo.

Atletas surdos e uma imprensa muda, por Renato Sant'Ana

        O mutismo de uma imprensa que se sente livre para recusar-se a ouvir a realidade e para escolher a notícia que lhe convém é das maiores ameaças à democracia, colaborando com a expansão do autoritarismo.

    

        Interessará à mídia? A cidade de Caxias do Sul, RS, está sediando a 24ª Surdolimpíada de Verão (Summer Deaflympics). Entre dirigentes, comissões técnicas e atletas surdos, esse megaevento reúne mais de cinco mil pessoas de 77 países para disputar, de 1º a 15 de maio, 20 modalidades olímpicas no masculino e 18 no feminino.


        A surdolimpíada, evento multidesportivo internacional organizado pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD - International Committee of Sports for the Deaf) e, nesta edição, pela Sociedade dos Surdos de Caxias do Sul, com apoio da prefeitura municipal, é uma competição mais antiga que a chamada "paralimpíada", que reúne atletas com diversos tipos de deficiência, exceto a deficiência auditiva.


        A surdolimpíada, que, ao surgir, era chamada de "jogos silenciosos", ocorreu por primeira vez em Paris em 1924, sendo o primeiro evento esportivo para pessoas com deficiência. Desde então, salvo ao tempo da Segunda Guerra Mundial, aconteceu regularmente a cada quatro anos.


        Aliás, o Brasil é o primeiro país da América Latina a sediar o evento. E está representado, em Caxias, por uma delegação de 199 atletas (110 homens e 89 mulheres), sua maior participação até hoje.


        Mas um aspecto deixa intrigado quem tem mais de dois neurônios ativos na cachola: a pouca cobertura da imprensa. Por que é que um evento de tal magnitude, tão rico em conteúdo humano, recebe menos atenção que, por exemplo, o patético Big Brother Brasil?


        Em 2016, o Rio de Janeiro sediou a paralimpíada com ampla divulgação da imprensa. O que explicará que, agora, um evento no mínimo tão relevante quanto o de 2016 seja desleixado pela mesma imprensa?


        Registre-se que a cerimônia de abertura dos jogos, em 01/05/22, além do que por si só representaria, reservou uma eloquente mensagem de amor e paz à humanidade com o mais fervoroso, mais emocionado, mais acolhedor aplauso à delegação da sofrida Ucrânia. A quantos chegou essa mensagem?


        Que divulgação deram os moços do politicamente correto que dominam a crônica esportiva de Porto Alegre, que se acham grandes humanistas, que gostam de falar de diversidade e trombeteiam bandeiras identitárias?


        Registre-se ainda que a 24ª Surdolimpíada de Verão tem apoio do governo federal, que se fez representar na cerimônia de abertura pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo ministro da Cidadania, Ronaldo Bento e pelo secretário nacional do Paradesporto da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Antônio Guedes.


        Talvez os moços da imprensa, para patentear o quanto são isentos, tenham preferido ficar distantes de um evento apoiado pelo governo...



Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail: sentinela.rs@outlook.com


Prefeito Melo viaja para a Europa.

 O prefeito Sebastião Melo viaja neste domingo, 8, para Dinamarca e Suécia em busca de projetos sustentáveis que possam ser implantados em Porto Alegre para cumprir o compromisso firmado na Cúpula Mundial do Clima, em Glasgow no ano passado, de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030 e zerar até 2050. A convite da prefeitura de Malmo, na Suécia, Melo participa do Congresso Mundial do ICLEI (Governos Locais para a Sustentabilidade) entre os dias 11 e 13. Antes, o prefeito tem reuniões marcadas com  a prefeitura de Copenhague, na Dinamarca, para conhecer experiências bem sucedidas de desenvolvimento urbano e ambiental.