BRDE irá disponibilizar R$ 200 milhões para financiamentos na Expodireto 2020


 O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE irá disponibilizar R$ 200 milhões para financiamentos durante a 21ª Expodireto, conforme informou o vice-presidente do Banco, Luiz Corrêa Noronha.

“Sentimos que o momento está propício para a retomada da economia e para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Em 2019 havíamos protocolados R$ 135 milhões em negócios e para este ano acreditamos que o montante chegará aos R$ 200 milhões.”, aposta Noronha.

Conforme ele, uma prova positiva desta retomada são os três primeiros contratos que serão assinados já no primeiro dia da Expodireto, com a presença do governador do Estado Eduardo Leite, e que somam R$ 87 milhões.

“Tradicionalmente o BRDE tem como carro-chefe as linhas de inovação no agronegócio, armazenagem e irrigação. Também existem inúmeros projetos voltados para o meio rural como na agricultura familiar e grandes cooperativas de produção. Mas dois destes protocolos de intenções que o governador Eduardo Leite irá assinar são projetos voltados à geração e distribuição de energia e telecomunicações”, ressaltou Noronha acrescentando que o BRDE está atendendo a uma das maiores demandas do homem do campo, que é o acesso ao fornecimento de energia elétrica.

Energia sustentável

Com a CRERAL - Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento, o protocolo de intenções de financiamento será no valor de R$ 30 milhões para apoio ao projeto de geração de energia renovável através da queima de casca de arroz a ser implantado no município de Palmares do Sul em linha com o Programa BRDE PCS (Produção e Consumo Sustentável).

O BRDE também está apoiando os projetos do Programa RS Energia Forte no Campo e, junto aos 72 municípios de abrangência da COPREL - Cooperativa de Distribuição de Energia, de Ibirubá, assinará um protocolo de intenções de financiamento no valor de R$ 6,0 milhões para ampliação
e fortalecimento rede elétrica rural, de monofásica para trifásica.

“Apesar do valor ser relativamente baixo em nível de negociações dentro do BRDE, ele tem um grande significado junto ao produtor rural devido a deficiência de energia elétrica em muitas localidades do interior do Estado. O agricultor inumeras vezes fica impossibilitado de ligar o maquinário ou um simples pivô para efetuar seu serviço devido a precariedade da rede elétrica”, observou o vice-presidente.

Biodiesel

Outro importante contrato de financiamento que será assinado é com a Três Tentos Agroindustrial SA, de Santa Bárbara do Sul, no valor de R$ 51 milhões para ampliação e melhoramento da ferrovia da indústria de biodiesel de Cruz Alta bem como melhorias nos equipamentos de preparação e extração de óleo desta unidade. Também para a instalação de um sistema de caldeira com a queima de cavaco para cogeração de energia com a finalidade de abastecer a indústria de biodiesel de Ijuí e demais unidades de grãos.

“O BRDE tem no seu DNA o apoio aos projetos que levam melhorias e mais retorno para o campo. Mas, durante a 21ª Expodireto, irá acompanhar
eventos e projetos de startups que apresentam soluções inovadoras no agronegócio. O BRDE apoia essas empresas por meio de ações como programas de gestão para aceleração de startups e, em alguns casos, até financiamento direto”, finalizou Noronha.

Editorial, Estadão - Aos amotinados, a lei


Os policiais militares amotinados no Ceará prepararam uma lista de reivindicações na qual figura no topo e grafada com letras maiúsculas a palavra “anistia”. Pois é exatamente o primeiro item a ser rechaçado pelo governo do Estado a fim de impedir que gravíssimas violações às leis e à Constituição, como é este motim, tornem-se corriqueiras não só no Ceará, mas em todo o País.

Em boa hora, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que a anistia aos amotinados é “inegociável”. A afirmação foi feita durante uma reunião no dia 21 passado com os senadores Major Olímpio (PSL-SP), Elmano Férrer (PTB-PI), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) para traçar ações para debelar a crise no Estado. “Temos um tensionamento. O governo diz que chegou no limite dele e os policiais dizem que governo não negocia”, disse Olímpio ao final do encontro. O limite das negociações, por óbvio, é um só: o que é determinado pelas leis e pela Constituição. Fora disso, não há o que negociar.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Ceará, até agora cerca de 230 policiais militares foram afastados de suas funções por envolvimento no motim e 47 foram presos: 43 por deserção, 3 por participação em motim e 1 por ter incendiado um carro. Todos respondem a Processos Administrativos Disciplinares (PADs) perante a Controladoria-Geral de Disciplina (CGD) do governo do Ceará. Cada policial militar amotinado deve responder por seus atos de acordo com a responsabilidade individual. O contrário disto é um sinal verde para o recurso à baderna e à intimidação sempre que os interesses de classe não forem atendidos, o que é absolutamente inaceitável.

Só uma dura e inequívoca resposta do governo estadual, ao qual estão subordinadas as Polícias Civil e Militar, além do Corpo de Bombeiros, pode conter a audácia de agentes públicos que com tamanho desassombro desonram suas corporações ao desrespeitar as leis que juraram obedecer e colocar em risco a vida dos cidadãos que deveriam proteger. Até a terça-feira passada, houve 170 assassinatos no Ceará, desprotegido desde o início do motim.

Esse número de mortes em tão pouco tempo não sensibilizou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para quem a situação no Ceará “está sob controle”. Sabe-se que está “sob controle”, resta saber de quem.

O ministro Moro foi ao Ceará em uma comitiva do governo federal que também foi composta pelos ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça. O objetivo do grupo era acompanhar a Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em curso no Estado.

Tanto a comitiva de senadores como a dos ministros de Estado reuniram-se com o governador Camilo Santana e afirmaram que “procurariam as lideranças” do “movimento” dos policiais militares a fim de reabrir o diálogo. Em primeiro lugar, não se trata de um “movimento”, mas de um motim, um crime militar, uma aviltante afronta à Lei Maior. Em segundo lugar, não se dialoga com policiais militares amotinados e armados. A eles, os rigores da lei.

Em 2017, o então governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB), agiu como deve agir o chefe Executivo quando as forças de segurança do Estado se amotinam. O ex-governador não cedeu um milímetro às reivindicações dos policiais militares e determinou duras punições. No entanto, um dos primeiros atos de seu sucessor, Renato Casagrande (PSB), foi conceder anistia aos amotinados, estimulando, com isso, novos motins. Em entrevista à Rádio Eldorado, o ex-governador Paulo Hartung classificou a concessão de anistia como “um erro grotesco”, no que está coberto de razão.

Não se deve esperar do presidente Jair Bolsonaro uma palavra de condenação ao motim no Ceará. Ao contrário. Para dar conta de uma inaceitável ilegalidade, a sociedade só há de contar com a ação firme dos governadores.