Porto Alegre quer ser a cidade da Internet e ser um exemplo para o Brasil


Capital gaúcha simplificou a legislação para a implantação de infraestrutura de telecomunicações e, hoje, colhe os frutos da medida. "Na pandemia tivemos uma cobertura muito acima do que tínhamos antes de mudarmos as nossas leis e sermos mais receptivos à conectividade", afirmou o prefeito Nelson Marchezan Junior

Porto Alegre quer ser uma referência para o Brasil e se tornar a cidade da Internet e a do futuro a partir da simplificação da legislação para a implantação de infraestrutura de telecomunicações, afirmou o secretário municipal de meio ambiente e sustentabilidade da capital gaúcha, Germano Bremm, ao participar do webinar "O futuro da cidade na era 5G", com a participação de executivos do setor de Telecomunicações e do superintendente da Anatel, Vinicius Caram, e do gerente de infraestrutura do SindiTelebrasil, Ricardo Dieckmann.

Ao abrir o webinar, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, comemorou o fato de a capital gaúcha ter simplificado a legislação e motivado os investimentos em infraestrutura. "Colhemos os frutos na pandemia. Tivemos uma cobertura muito acima do que teríamos. Antes da nova regra, as ligações caiam, muitos bairros tinham sinal ruim de Internet. Conseguimos, agora, quando a Internet se tornou a referência, cumprir o isolamento social. Nossa legislação ficou receptiva para proporcionar a conectividade ao cidadão de Porto Alegre", ressaltou.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre, Germano Bremm, lembra que a pandemia, em três meses, provocou uma digitalização que levaria uma década para acontecer. "Com a nossa legislação, que hoje, com as autorizações necessárias, libera a instalação de infraestrutura em um dia, tivemos mais investimentos e temos uma série de gestores municipais do Brasil, em especial, de Minas Gerais e São Paulo, nos procurando para replicar o nosso modelo. Eles sabem que precisam de telecomunicações para aumentar as possibilidades de novos negócios", afirmou.

Porto Alegre assumiu um papel importante na burocracia das telecomunicações ao construir uma legislação pioneira e inovadora para facilitar a expansão das telecomunicações, enfatizou o superintendente da Anatel, Vinícius Caram. Ele lembra que a capital gaúcha pulou do 99º lugar para o 4º lugar no ranking das cidades amigas da Internet ao adotar medidas de simplificação.

O executivo da Anatel espera que o exemplo de Porto Alegre seja replicado para outros municípios do País. "É o momento de abrir novos sites inteligentes, como os pontos de ônibus e as placas e os próprios postes, para a transmissão das operadoras. É um movimento de reestruturação econômica, social e de novas aplicações", adiciona Caram.

O gerente do SindiTelebrasil, Ricardo Dieckmann, endossa a afirmação do superintendente da Anatel e espera que outras cidades, em especial, Belo Horizonte e São Paulo, onde há grandes dificuldades para a implantação de antenas, repliquem as ações de Porto Alegre e tirem a burocracia das suas legislações.

"Há pedidos em municípios parados há dois anos. Só tem uma forma de prover cobertura e qualidade que é instalando antena e fibra ótica", salientou. Dieckmann lembra que a legislação de Porto Alegre é auto declaratória, onde a responsabilidade é de quem faz o pedido. "A prefeitura está apta a rever qualquer irregularidade, mas há o princípio da confiança", completa Dieckmann.

O diretor de relações governamentais da Ericsson, Tiago Machado, lembrou que o Brasil, recentemente, chegou a 100 mil antenas ativas, o que significa cinco antenas por cada 10.000 habitantes, enquanto na Espanha, são 32 antenas por 10.000 habitantes. "Mas se quiserem a comparação com um país continental como o nosso, na Austrália são 8,6 antenas para cada 10.000 habitantes. Precisamos de mais antenas. O 5G vai demandar até 10 vezes mais antenas. Serão equipamentos menores, em postes, paredes, mas serão necessárias", enfatiza.

A VP de Telecomunicações das Deloitte do Brasil, Marcia Ogawa, ressaltou o papel do 5G no desenvolvimento econômico e social do Brasil. "O impacto do 5G será enorme na economia do estado. O 5G é impulsionador da indústria 4.0", ressaltou. O diretor da Huawei, Carlos Lauria, disse que boa parte das pessoas ainda acreditam que as antenas são àquelas enormes. "Precisamos delas ainda, mas a maior parte das novas antenas é pequena e se adequa à política urbanística de uma cidade".

O diretor da Nokia, Wilson Cardoso, para a América Latina, lembrou que o impacto econômico previsto para o 5G no Brasil entre 2021 até 2035 será de R$ 1,32 trilhão, o que significa um aumento de 1% ao ano no Produto Interno Bruto do Brasil. "A automação e a digitalização da economia vão ter um impacto bem maior do que a reforma da previdência terá", relata. O diretor da Qualcomm do Brasil, Francisco Soares, aproveitou o evento para refutar qualquer relação da telefonia móvel com a saúde do brasileiro. “Isso é um mito. Todos os estudos mostram que não há risco. E o 5G também não tem risco algum”, completa.

Pesquisa do Sebrae RS mostra que 21% das empresas gaúchas estão fechadas

Um dos motivos são os decretos governamentais que ampliaram as restrições de funcionamento em várias regiões do Estado.

A mais recente edição da Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios na Crise, realizada pelo Sebrae RS entre os dias 03 e 12 de julho, mostra que 21% das empresas gaúchas estão impossibilitadas de funcionar. O resultado é cinco pontos percentuais mais alto do que a edição anterior do levantamento. Para 28% dos respondentes isso acontece por conta dos decretos governamentais que ampliaram as restrições de funcionamento em várias regiões do Estado. Já para outros 25% a natureza da atividade, predominantemente presencial, é causa direta da impossibilidade de abrirem seus estabelecimentos, situação que pode explicar a razão de 10% dos entrevistados estarem pretendendo remodelar seus negócios.

De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy, os números refletem as dificuldades que os empresários vêm enfrentando por conta da pandemia. “Entendemos que para amenizar essa situação os protocolos para funcionamento dos estabelecimentos devem ser mais criteriosos, levando em consideração a situação específica dos pequenos negócios, os quais têm sido gravemente prejudicados por esta falta de diferenciação em relação às grandes empresas”, afirma.

Já em relação ao posicionamento das empresas, segundo Godoy, há que procurar orientação para explorar novos canais de venda e de relacionamento com os clientes, de forma a enfrentar com mais chances de sobrevivência o vai e vem das autorizações de abertura. “Reposicionar-se com rapidez é fundamental para permitir a travessia da crise, pois a demora na tomada das decisões difíceis pode ser fatal, já que pode levar ao exaurimento dos recursos da empresa, avalia o dirigente. 

Das empresas que seguem funcionando, 40% precisaram adaptar a estrutura física, 17% estão trabalhando com ferramentas digitais e 12% com delivery e take away, revelando uma nova realidade do mercado. E mesmo com as adaptações, 76% dos ePesquisa do Sebrae RS mostra que 21% das empresas gaúchas estão fechadasmpreendedores gaúchos ainda sofrem com a queda no faturamento, sendo que para praticamente a metade deles (48%), a queda é superior a 50%.

Falta de recursos
A dificuldade para obter empréstimo, que tem sido uma das principais dores de cabeça dos empresários desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Rio Grande do Sul, segue entre os destaques. O levantamento mostra que 42% dos empresários buscaram financiamento para manter o negócio funcionando, ante os 39% do mês anterior. Dos que tentaram algum tipo de financiamento, 59% afirmaram não ter conseguido obter crédito. Entre as principais causas listadas estão a restrição cadastral da empresa ou dos sócios (23%) e a falta de garantias ou avalistas (22%).

A necessidade de empréstimo está relacionada com a escassez de capital de giro, apontada pela pesquisa como a principal carência dos pequenos negócios, chegando a 65% dos entrevistados - com aumento de sete pontos percentuais em relação ao mês de junho. Outras necessidades apontadas pelos respondentes são a análise sobre tendências e perspectivas do mercado (27%) e alternativas para diversificar produtos e serviços (24%). A Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios ouviu 631 empresários em todo o Rio Grande do Sul, no período de 03 a 12 de julho.

Confira mais dados da pesquisa realizada pelo Sebrae RS:
Funcionamento
79% sim
21% não

Faturamento
76% diminuiu
16% inalterado
8% aumentou

Expectativa para os próximos 30 dias
44% manter
16% expandir
13% retomar
12% reposicionar
9% reduzir
6% encerrar

Destaque em programa do Sebrae do RS, Warren recebe aporte financeiro R$120 milhões

Mesmo no meio de uma crise econômica ocasionada pelo novo coronavírus, uma boa notícia vem de uma das principais empresas de tecnologia do Estado. A startup Warren, corretora digital localizada em Porto Alegre, receberá um aporte financeiro de R$ 120 milhões do fundo QED Investors, uma das maiores investidoras em cartões de crédito dos Estados Unidos.

De acordo com o CEO da Warren, Tito Gusmão, esse valor será destinado à expansão da empresa, ampliação dos negócios e melhorias tecnológicas. E isso inclui a contratação para atuação presencial ou remota. As oportunidades são na área de tecnologia com cargos como gerente de negócios, desenvolvedor, analista e gerente de contabilidade, engenharia de dados e gestão de mídias sociais. Interessados podem se inscrever no site de recrutamento da empresa. “O objetivo é recrutar mais uma centena até o fim do ano. Se tiverem 100 pessoas interessadas amanhã, contratamos todas”, destaca Gusmão. Para se ter uma ideia, cerca de cem profissionais já foram incorporados ao quadro de funcionários este ano, além disso a empresa dobrou o patrimônio que gerencia, desde o início da quarentena.

A Warren tem uma longa história junto ao Sebrae RS. Gusmão chegou a ser um dos palestrantes do Insight 2018, evento criado pelo Sebrae RS para conectar o mundo do empreendedorismo. No segundo semestre de 2016, participou da quarta turma do StartupRS Digital e foram destaques no demoday, realizado em dezembro do mesmo ano. “O programa ajudou na validação do modelo de negócio, nas estratégias de marketing para o lançamento da empresa para que eles tivessem um resultado ainda melhor. Os fundadores são empreendedores bastante experientes, mas conseguimos ajudar nessa preparação”, destaca o gestor de projetos para Economia Digital do Sebrae RS, João Antônio Pinheiro Neto.

Sobre a Warren
Trata-se de uma plataforma de investimentos que descobre o perfil do cliente e o molda como “conservador” ou “arrojado”. A partir disso, a empresa cria um objetivo e projeta um modelo de investimento específico para cada usuário. No Brasil desde o início de 2017, possui pretensão de ser uma nova forma de investir, fácil, simples e sem grandes taxas como as dos bancos. Com 130 mil clientes e pouco mais de três anos em operação, a startup tem hoje R$ 2 bilhões de ativos sob gestão e projeta multiplicar esse patrimônio por cinco até o fim de 2021. A plataforma oferece 400 produtos, incluindo sete fundos próprios.