Aod Cunha - RS: Uma terra de imigrantes?


O Rio Grande do Sul ficou conhecido por importantes fluxos de imigração estrangeira nos dois séculos passados, principalmente italianos e alemães. Estes ajudaram a promover a educação, a saúde e uma ética de trabalho que impulsionou o desenvolvimento do Estado. Por outro lado, nas últimas décadas, sabemos que o RS envelheceumais rapidamente do que o Brasil, em parte pelasmelhores condições de educação e saúde adquiridas no passado. Assim, como melhoraremosa geração de renda com uma proporção menor depessoas em idade ativa? 
  A primeira forma parece óbvia: mais qualidade naeducação. Com menos crianças e jovens no RS, estes precisarão ter uma educação muito melhor do que a atual. No último IDEB o RS ficou em 15º lugarentre os estados brasileiros nos anos iniciais do ensino fundamental. Resultado inaceitável com o nosso passado e para o futuro dos nossos filhos. A segunda forma é bem menos óbvia: a imigração.
  Nos preocupamos muito com a migração de talentos gaúchos para fora do RS. Mas o nosso maior problema é outro. Segundo dados de 2019 do IBGE/SEPLAGRS/Pedro Zuanazzi, até 2015 o RStinha a 5ª menor taxa de migrantes em relação a população total. Ou seja, 22 estados brasileiros tinham perdido percentualmente mais população nascida no seu território do que o RS. Por outro lado, o RS apresentou a menor taxa de imigração acumulada entre todos os estados brasileiros. Foi o Estado, até 2015, que proporcionalmente menos atraiu população de fora do seu território para morar e trabalhar aqui. Somadas as taxas de migração e imigração somos o Estado no Brasil com a menor mobilidade regional de capital humano.
  Aqui, movimentos como o Pacto Alegre podem ser relevantes: devemos oferecer boas oportunidades para os nossos talentos, mas mais do que isso, devemos criar condições para que mais pessoas queiram morar e trabalhar no Estado, gaúchos ou não. 
*Doutor em economia, ex secretario da fazenda do RS e conselheiro consultivo do Pacto Alegre