Artigo, Dênis Rosenfield, Zero Hora - A queda

Quando se tinha a impressão de tudo ter visto, eis que surge algo inusitado sucessão interminável da ladroagem partidária. Eis que o PT aparece novamente como protagonista n prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, de ex-tesoureiro do partido, além de ex-ministro e líderes partidários.
O esquema desvendado, se isto vier a ser confirmado, é simbolicamente aterrador. O partido teria roubado de funcionários públicos, da ativa e aposentados, por meio de desvio de recursos do crédito consignado. Teria roubado dos mais necessitados, daqueles que recorrem a empréstimos na ausência de outro meio para o pagamento de suas contas.
Não é nem mais a história de Robin Hood, daquele que rouba dos ricos para distribuir para os pobres. É a nova história do PT, a de roubar dos pobres em proveito próprio ou para o partido. O escândalo do ponto de vista moral salta aos olhos.
Parece não haver nem mais traços do partido de antanho, que vendia a imagem de ser veículo partidário da ética na política. A traição às suas próprias bandeiras exigiria, pelo menos, um ato público de contrição, de desculpas por toda a sua série de crimes. Há no entanto, crimes que são imperdoáveis.
Inclusive a sede nacional do PT foi objeto de um mandado de busca e apreensão. O próprio partido está sendo investigado. O alvo foi claro a sala do tesoureiro. Pudera, dois ex-tesoureiros estão presos, outro foi condenado e preso, além de vários líderes partidários estarem atrás das grades, outros sendo investigados e denunciados. Para um partido político, é a pior das imagens.
Isso significa que o próprio partido é visto como responsável pelos crimes cometidos. Não se trata do desvio de conduta de um militante ou outro, mas de um comportamento que seguia uma orientação partidária.
Fala-se, inclusive, de uma suposta “leniência partidária” sendo cogitada por iniciativa de petistas presos e sem perspectiva de saída. Do ponto de vista individual, querem safar-se, Contudo, o que chama atenção é um esboço, mesmo enviesado, de reconhecimento coletivo de culpa.
A “leniência partidária”, enquanto instituto jurídico, é hoje inexistente. Foi acolhida, porém, com simpatia por outros partidos que procuram safar-se, por sua vez, de condenação semelhante. Ela é, contudo, reveladora não somente da decrepitude do sistema partidário em sua maior parte, mas, sobretudo, daquele partido que se apresentou como a redenção nacional.

A sua queda é livre! Até os seus símbolos e bandeiras foram para o espaço.

Artigo, Marcelo Aiquel - A perícia da defesa da Dilma

A PERÍCIA DA DEFESA DA DILMA

      A interpretação do resultado do Laudo Pericial requerido pela defesa da presidente afastada ultrapassou – por parte dos ridículos senadores que insistem em formar a tropa de choque da Dilma – os limites do razoável.
      Não há a necessidade de expertisealguma para entender a conclusão dos técnicos, lembrando que o estudo foi solicitado exatamente pela defesa da nossa ANTA. O que nos levou a uma prova que resultou num legítimo “tiro no próprio pé”.
      Para um melhor entendimento, imaginem que se faça uma perícia técnica para esclarecer um assassinato onde morreram João e José.      Como havia dúvidas de quem seria o autor dos crimes, foi este o aspecto que a perícia examinou, tendo o Laudo (resultado) apurado que o principal acusadonão matou João. Mas também concluiu que ele foi o responsável direto pela morte de José!
      O denunciado, ou seja, ela (Dilma)no caso do impeachment, até poderia ser absolvida por não ter participado objetivamente das pedaladas.Até poderia, se ignorarmos o crime de omissão. Porém, será necessariamente considerada culpada quanto aosdecretos, pois aí sim agiu de maneira comissiva.
      Enfim, não poderia terminar de maneira mais melancólica a pífia estratégia do “Rolando Lero” escolhido para ser o advogado da guerrilheira. Com um “tiro no pé”...
      Só que, para a referida tropa de choque, a Perícia trouxe um alento.
      Mesmo porque aquele grupelho irresponsável e ridículo age exatamente igual a um náufrago desesperado ese agarra na primeiratábua que passa boiando. Neste caso, a “tábua da vez” foi criar uma interpretação própria para o Laudo Pericial.
      Ora, diz-se que o papel aceita tudo. Inclusive argumentos equivocados e divorciados de qualquer bom senso. Basta que o defensor que os utilize não tenha pudor, caráter, ou vergonha.
      Daí que as histéricas senadoras e os insensatos senadores da tal tropa de choque da Dilma se debruçaram sobre um parapeito defeituoso, montado sobre o abismo.
      O resultado será óbvio: irão despencar junto com seus reles argumentos e ficarão falando sozinhos. Aqueles que não forem presos como corruptos, feito a “GleisinarizinhoHoffmann”.
      E, ao invés de pedalar sorridente (feito uma hiena) em POA, a pilantra presidente defenestrada deveria ler o romance do Gabriel Garcia Márquez Crônica de uma morte anunciada. Pelo menos evitaria o ridículo de prometer um “governo de transição” caso retorne ao poder...
     
      Marcelo Aiquel – advogado (27/06/2016)