Maioria quer mudar de emprego no país, diz pesquisa
Três em cada quatro brasileiros querem trocar de emprego
neste ano, segundo pesquisa da empresa recrutadora Hays.
Entre as principais razões citadas para a mudança estão a
falta de desenvolvimento profissional e a busca por uma remuneração maior. O
levantamento nacional ouviu 3.600 funcionários de 400 empresas, entre julho e
novembro de 2015.
Nem sempre é preciso mudar de endereço para renovar a
carreira. "Transitar pelas áreas da empresa é cada vez mais comum. As
organizações valorizam um funcionário que passa por diversos setores",
afirma Caroline Cadorin, gerente da recrutadora.
Quem deseja fazer a troca deve avaliar as competências
que já tem e definir as que terá de desenvolver no novo posto, aconselha ela.
A primeira análise identifica em quais áreas o
profissional se encaixaria. A segunda permite traçar um plano de preparo, que
pode incluir desde cursos de capacitação e especialização até estudo por conta
própria.
O supervisor de atendimento ao cliente Roberto Cury na
empresa onde trabalha, em São Paulo
Trocar de emprego só considerando remuneração não é
aconselhável, segundo a professora Laura Castelhano, da Business School São
Paulo. Ela diz que é preciso avaliar as chances de ascender profissionalmente a
longo prazo.
"O funcionário precisa ter certeza de que consegue
fazer bem o trabalho para o qual se candidatou, e isso só vem de uma análise
honesta a respeito do que ele sabe e do que não sabe fazer."
A mudança pode partir do profissional ou da própria
empresa, quando ela identifica no empregado habilidades úteis em outras
frentes.
Aconteceu com Roberto Cury, 30, que deixou a área de
análise de resultados e estratégias da Audi para atuar como supervisor de
atendimento ao cliente. "O conhecimento que trazia foi fundamental, já
sabia quais eram os problemas no novo setor e como solucioná-los", afirma.
Para complementar a experiência, estudou gestão antes de
assumir o novo cargo.
A publicitária Thaís Souza, 27, trocou de área depois de
avisar a sua gestora no Banco Santander que estava em busca de desafios maiores.
Ela havia sido admitida como estagiária e já tinha atuado
em várias funções no departamento de marketing. "Após cinco anos e meio
ali, veio desejo de mudança. Mas não queria sair da empresa."
Há um mês, a publicitária trabalha com análises de experiência
do usuário em dispositivos móveis, internet banking e call center para
aprimorar o contato com clientes. A ex-gestora a apoiou, fazendo a ponte entre
ela e o setor de destino.
A empresa deve ser transparente a respeito das chances de
troca, recomenda Mariana Aguilar, gerente sênior de Recursos Humanos da Audi.
"Se o funcionário não tem as competências necessárias, deve ser alertado.
Não podemos criar uma expectativa que não será realizada."
O biomédico Rogério Mauad, 36, experimentou por seis
meses uma transição de consultor médico para gerente de produtos na
farmacêutica Novartis. Não gostou e voltou à posição anterior, sem prejuízo
para a carreira.
"A decisão de voltar foi tranquila, gosto muito da
área médica", diz. "É uma movimentação lateral, mas variar é
interessante até para aumentar a empregabilidade."
O profissional deve tomar cuidado para não se desmotivar
no período entre a decisão de mudar e a concretização. "É comum a pessoa
parar, nessa fase, de entregar resultados, mas isso pode lhe fechar portas, já
que gestores de diferentes áreas conversam", lembra Lúcia Costa, da
recrutadora Stato.
ANTES DE AVISAR O RH
Aumente suas chances de sucesso na hora de pedir
transferência
INVENTÁRIO
É importante conhecer suas melhores competências antes de
vendê-las para a empresa. Faça um balanço para identificar como pode contribuir
com a nova área, em quais cursos de capacitação investir e se você é mesmo
adequado para a posição
LEITURA
Entenda o processo de transferência interna da
organização. Em alguns casos, o melhor caminho é iniciar a abordagem pelo atual
gestor. Em outros, notificar o departamento de RH durante o processo de
feedback, por exemplo, é o mais indicado
ESTRATÉGIA
Mudar só pelo desejo de salário maior ou por conflitos na
área de origem pode não dar bom resultado. Considere planos de longo prazo
Fontes: Caroline Cadorin, da recrutadora Hays, e Laura
Marques Castelhano, professora da BSP (Business School São Paulo)
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