- O autor é advogado no RS.
O comando da FAB esteve presente a uma reunião com as mais altas patentes das Forças Armadas. Foram chamadas pelo Bolsonaro para exame de eventual decretação da GLO, Garantia da Lei e da Ordem (art.142 CF).
Crescentes manifestações populares se sucederam e não aceitaram o recuo da equipe técnica do Exército, que foi impedida de concluir a auditoria das urnas eletrônicas suspeitas de fraude na eleição presidencial de 2022. Reclamavam uma tomada de posição.
O relatório daquele trabalho incompleto existe e deve ser lido novamente para não ficar esquecido, tal a sua relevância histórica. Ele não atestou a lisura daquele pleito. Ao contrário, reacendeu a dúvida.
Pois, naquele encontro uma exclamação do general Freire Gomes soou como um brado - “Serão 20 dias de euforia para 20 anos de agonia”, capaz de ofuscar o “sigam-me os que forem brasileiros” do Duque de Caxias. O comandante da Marinha, altivamente, não acompanhou.
Pois, tal traição de nada adiantou. A contagem dos anos de agonia iniciou em janeiro de 2023, com a omissão das Forças Armadas.
Depois disso, estamos assistindo as Forças Armadas sendo desprestigiadas por quem ela levou no colo para sentar-se na cadeira presidencial da República.
Resultou na transformação da Aeronáutica-FAB, parte dela, em uma empresa de frete aéreo e/ou de turismo internacional, sem pejo de seus integrantes, por puro instinto de preservação ou subserviência.
Isso mesmo, passou a fazer frete e turismo ao presidente da República, sua mulher, a todo séquito e aos outros 40 amigos. Há poucos dias soube-se pela mídia, que seus aviões boeing estarão à disposição de viagens dos ministros do STF, sem constar da lista de passageiros ou proibida a divulgação de seus nomes e destinos. Esta ocultação explícita visa evitar protestos da sociedade a este tipo de privilégio odioso, com dinheiro público. Agravante da situação calamitosa do erário. Um descarado abuso.
A notícia de maior repercussão, sujeita a gerar uma crise diplomática entre duas Nações, foi a da semana passada. Um avião da FAB foi utilizado como um UBER para buscar a esposa do ex-presidente do Peru, preso por negócios mal feitos com uma empresa brasileira conhecida da Lava Jato. Aquela do “amigo do amigo do meu pai”.
O mundo ocidental comenta que a asilada também tem processos concluídos ou em andamento contra ela. Daí que, este fato tem sido apontado como fuga de criminoso comum em avião da FAB.
Isto deverá ser examinado com toda a cautela, porque os indícios dão conta de que o asilo político não preencheu os requisitos legais. Os pretendidos motivos políticos se porventura existentes, sucumbem diante do cometimento de crime comum julgado ou em julgamento do país da asilada.
Nada têm de motivos religiosos ou raciais em seu país de origem, como prevê a nossa Constituição. É de crime mesmo, de corrupção sobre o qual o Poder Judiciário se pronunciou pela condenação.
O asilo territorial não se confunde com o fornecimento de transporte aéreo. O avião da FAB, forçando o entendimento, até poderia ser considerado território - em solo. Contudo, o transporte de outro país com criminosos, extrapola presumíveis direitos e passa a ser favorecimento de fuga.
Da “Convencion sôbre Asilo Diplomatico, ratificada pelo Brasil resolve a dúvida:
Articulo III
No es licito conceder asilo a personas que al tiempo de solicitalo se encuentrem inculpadas ou processadas em forma ante tribunales ordinários competente y por delitos comunes, o estén condenados por tales delitos y por dichos tribunales, sin haber cumprido las formas respectivas, ni a los desertores tierra, mar y aire, salvo que los hechos votivan la solicitud de asilo, qualquiera que sea el caso, revistam claramente caráter político.
Segue dizendo que estas pessoas deverão ser convidadas a retirar-se e segundo o caso , serem entregues a governo local.
Toda esta dissertação foi para chegar no que pretendo falar como cidadão brasileiro.
Caso venha a ser julgado ilegal o asilo, não podemos esquecer que o transporte da asilada causou danos ao erário, ou seja às finanças públicas do Brasil. Todos que autorizaram o voo do avião da FAB, que inclui o comandante da Força Aérea, deverão responder em caso de uma Ação Popular.
Para isto, o comandante da Força Aérea, bem que poderia informar qual é o valor da hora de voo de um dos Boings, que regalam os amigos do rei Lula e da Primeira Dama deste país de invertebrados..
Se não souber dizer agora, pode ser depois. Terá a serventia de cálculo para a propositura do valor da causa da Ação Popular, que venha buscar o dinheiro gasto em missão declarada irregular ou ilegal em sua origem.
Senhor comandante da Aeronáutica, ouça seus comandados de todos os níveis, reúna força e coragem para se impor diante do abuso de políticos irresponsáveis, que constrangem militares da FAB como se fossem serviçais e ao mesmo tempo fazem pouco dos brasileiros.
O pior deles, assumiu à presidência da República declarando, publicamente, que iria “foder com seus adversários”, citou o nome do juiz que o condenou na Lava Jato. Este é o nível do seu presidente.
Caxias do Sul, 19.04.2025