Este material é dos economistas do Bradesco. E é desta manhã.
o Nosso cenário doméstico é baseado na hipótese de que a desaceleração das economias americana e chinesa terá efeitos na atividade global. Com isso, O PIB brasileiro deverá crescer 1,8% em 2025, já considerando os dados mais fortes do primeiro trimestre. Os dados dos primeiros meses do ano, especialmente os de emprego, crédito, da nossa Pesquisa Empresarial e antecedentes de investimentos, mudaram nossa projeção do PIB para 1,7% no trimestre passado.
o O desvio do comércio de bens industriais chineses para o resto do mundo, antes exportados para os EUA, deve ter impacto baixista nos preços. Ao mesmo tempo, a queda das commodities energéticas deve trazer um alívio aos preços de combustíveis. Por outro lado, com a maior demanda chinesa por soja, milho e carnes, é provável um aumento dos prêmios dos preços domésticos em relação às cotações internacionais. Assim, não alteramos o cenário de IPCA para este ano. Já para 2026, o efeito desinflacionário de bens industriais se combina com a desaceleração da atividade decorrente do aperto monetário e do menor PIB global, levando o indicador para 3,7%.
o Usualmente, uma desaceleração do crescimento na China tenderia a causar uma depreciação do real. No entanto, nossa pauta exportadora à China ficou um pouco menos sensível ao ciclo econômico. Além disso, nossa visão de dólar mais fraco no âmbito global nos permite reduzir nossa projeção de câmbio para o final de 2025 e de 2026 para R$/US$ 5,80.
o Do lado do Banco Central, acreditamos que o colegiado seguirá o plano de subir a taxa Selic em mais 0,5 p.p., encerrando o ciclo em 14,75% a.a. A desaceleração da economia no segundo semestre permitirá que o corte de juros se inicie em dezembro, chegando a 11,75% em 2026.
Incerteza histórica
o As tarifas recíprocas anunciadas pelos EUA, e as posteriores retaliações, elevaram os índices de incerteza global a níveis recordes. As consequências são potencialmente severas em preços, custos e planos de compras e investimentos. Revisamos nossas estimativas de crescimento norte-americano de 2,0% para 0%, neste ano.
o A elevação das tarifas deve trazer uma mudança relevante no nível de preços dos produtos importados pelos EUA. Alteramos nossa estimativa para o núcleo da inflação dos EUA de 2,5% para 3,6%.
o Para o Federal Reserve, haverá uma clara divergência entre seus dois mandatos. Por um lado, a inflação irá subir. Por outro, a economia vai desacelerar e isso terá impacto sobre o mercado de trabalho. Entendemos que o comitê irá avaliar com cautela os próximos meses, mas, ao final do ano, terá acumulado evidências de que o risco de recessão é superior ao risco do descontrole inflacionário, fazendo dois cortes ainda em 2025.
o Outras regiões também serão afetadas. Para a Europa, esperamos uma redução de aproximadamente 0,4 p.p. do PIB. No caso da China, maior alvo das tarifas, esperamos uma redução de 1p.p.. O PIB global foi revisado de 3,1% para 2,3%.
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