O recente desligamento da termelétrica a carvão Candiota 3 é uma decisão que merece uma forte reflexão sobre suas consequências econômicas, sociais e estratégicas. Como parlamentar comprometida com o desenvolvimento sustentável e a defesa dos interesses do povo gaúcho, venho a público manifestar minha indignação com o descaso do governo federal em relação à situação de Candiota 3 e ao futuro do município de Candiota, que depende profundamente desta atividade para sua sobrevivência econômica.
A usina, considerada uma das mais modernas do Brasil, representa 40% da receita municipal de Candiota e movimenta diretamente a economia de toda a região da Campanha. A perspectiva de desemprego em massa, que pode afetar até 5 mil postos de trabalho, é uma tragédia anunciada para um município de apenas 11 mil habitantes. Além disso, não podemos ignorar os impactos colaterais para as cidades vizinhas e para a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que também enfrenta incertezas devido à paralisação da usina.
Enquanto é fundamental discutirmos a transição energética e buscarmos fontes de energia mais limpas, é inadmissível que essa transição ocorra às custas de comunidades inteiras. Uma transição justa requer planejamento, alternativas econômicas concretas e apoio social para que nenhum trabalhador ou cidadão seja deixado para trás. O veto ao artigo 22 do PL 576, que permitiria a prorrogação dos contratos de venda de energia da usina até 2050, é uma demonstração de insensibilidade política e falta de compromisso com as comunidades locais.
O argumento de que as termelétricas a carvão encarecem as tarifas e são contrárias aos compromissos climáticos é, no mínimo, simplista. É importante destacar que o carvão mineral responde por uma parcela significativa da matriz energética mundial e que o Brasil possui reservas significativas desse recurso, sendo a cidade de Candiota detentora de 38% das reservas nacionais. Abrir mão desse potencial sem uma solução viável para a substituição é uma atitude que coloca em risco a soberania energética do país e a economia de uma região inteira.
Reforço que a luta pelo desenvolvimento sustentável não deve ser confundida com o abandono de nossas riquezas e capacidades produtivas. A modernização da usina e a implementação de tecnologias para redução de emissões de carbono poderiam ser alternativas viáveis, garantindo a continuidade da geração de energia e a preservação dos postos de trabalho.
Por isso, conclamo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reconsiderar sua posição e sancionar o artigo 22 do PL 576. Nós, gaúchos, estamos mobilizados e unidos pela defesa de nossos trabalhadores, de nossa economia e de nosso futuro. Não aceitaremos que Candiota seja sacrificada em nome de uma agenda que ignora as realidades locais e despreza o papel histórico do carvão mineral em nossa matriz energética.
Estarei ao lado do povo de Candiota, do Sindicato dos Mineiros e de todos que acreditam em uma transição justa, participativa e que respeite a dignidade das comunidades envolvidas. Seguiremos lutando para que o Brasil, enquanto caminha para um futuro mais sustentável, não deixe de lado aqueles que construíram e continuam construindo a riqueza deste país.