10.6.2019
Este foi o triste fim do blog Nova Corja, coisa que Leandro Demori, The Intercept, não conta
Chama-se Nova Corja o blog a que se refere o jornalista gaúcho Leandro Demori no artigo que vai abaixo. Demori, premiado este ano com a comenda Guilhermino Cesar pelo procurador junto ao TCE Geraldo Da Camino, fala no blog que ajudou a editar em Porto Alegre, mas não cita o nome.
Uma das especialidades do Nova Corja era caluniar, injuriar e difamar jornalistas.
O editor tentou identificar os responsáveis pelo blog, mas só foi descobrir seus registros na rede mundial de computadores quando investigou endereços no interior da França. Com os dados em mãos, processou civil e criminalmente o editor responsável, que resultou condenado. O jornalista Felipe Vieira, também atacado, abriu ação contra outros editores do blog, inclusive Leandro Demori.
Sem forças para reagir, Nova Corja fechou as portas
POLÍTICA
Tiago Dória
Braziu no ar e a volta do pessoal do A Nova Corja
‘O A Nova Corja foi um blog de política que fez história no Brasil. Encerrou as suas atividades em 2009, deixando registrada uma marcante cobertura do cenário político nacional e internacional.
Várias vezes eu recomendei a sua leitura. Era leitor assíduo. Acabei virando colega de quem o fazia. Era um trabalho bacana.
Reflexo desse esforço foi a escolha do blog para cobrir a cúpula do G20, em Londres, ainda em 2009. Cerca de 50 blogs do mundo inteiro foram convidados. Do Brasil, o A Nova Corja foi o único selecionado pelo projeto G20Voice.
Ao contrário do que virou história oficial em cursos de jornalismo no Brasil, o A Nova Corja não acabou por causa dos processos judiciais (processo por processo, o blog sempre teve), mas simplesmente por que, em 2009, Rodrigo Alvares, criador do blog e que o tocava em frente, conseguiu um emprego fulltime. Como consequência, não teria mais tempo de manter o site com a mesma dinâmica, fato que o motivou a fechar o blog.
Atitude que, diga-se de passagem, na época, achei correta. Até comentei com o Rodrigo quando a gente participou como palestrante da Feira do Guia do Estudante. É melhor encerrar um blog do que deixá-lo aos trancos e barrancos (mais ainda o A Nova Corja, que era bem lido).
O encerramento do A Nova Corja deixou diversos leitores órfãos, que transformaram a caixa de comentários do último post do blog em um fórum de discussões.
Porém, recentemente ficou evidente que esse fim, na realidade, foi uma pausa. Parte do A Nova Corja está de volta no blog de política Braziu (dos 5 integrantes, dois são ex-A Nova Corja – Walter Valdevino e Leandro Demori).
O projeto é diferente, mais focado em vídeo, a equipe é internacional e nem sei se eles gostam de ser lembrados como ligados ao A Nova Corja, mas várias coisas bacanas do antigo blog de política estão presentes no Braziu. As legendas das fotos e enquetes irônicas, os banners no topo do blog e a postura de criticar políticos de diversas orientações e linhas de pensamento.
Para mim, o Braziu já é um dos poucos blogs brasileiros que fala de política de modo informal e sem aquele estilo pomposo (do tipo ‘defensor dos fracos e oprimidos’).
Na semana passada, o jornalista Leandro Demori, da equipe do Braziu, me mandou uma mensagem falando das novidades do blog. Batemos um papo por email. Leandro, que está na Itália, falou um pouco sobre o projeto e como será a cobertura das eleições neste ano.
Nem preciso dizer que também virei leitor assíduo do Braziu.
1) Como surgiu a ideia de criar o Braziu?
A ideia existe desde antes do fim da Corja. Queríamos fazer um projeto de abrangência mais nacional, mas o A Nova Corja estava fatalmente ligado ao Rio Grande do Sul, não teria como expulsar os gaúchos de lá. Infelizmente (hehehe). Eu registrei o domínio ainda em 2008, mas nesse meio tempo me mudei pra Itália e a coisa toda acabou sendo jogada pra frente. Agora, com 2010 e essas eleições em vista, resolvemos atacar.
2) Vocês mantiveram o contato com antigos leitores do A Nova Corja? Nesse meio tempo, houve algum pedido pela volta do A Nova Corja?
Muita gente pediu, ficaram meio órfãos quando tudo acabou. O último post do blog tem comentários diários até hoje (o blog fechou em agosto de 2009) e virou uma espécie de fórum aberto de viúvas da Corja. Acabei de ver lá, tem 1175 comentários.
Na semana passada, estive em Napoli dando um workshop sobre blogs e política no Brasil e comentei com o pessoal justamente sobre isso. Acho que por que existem muitos blogs de política no Brasil, mas a característica mais forte é que são de esquerda ou de direita, desse ou daquele lado. Não vejo ninguém fazendo o que a Nova Corja fazia, passar a metralhadora geral.
3) Como vocês pretendem se destacar na cobertura eleitoral? Pergunto isso, pois existirão portais, jornais, twitters e outros blogs também cobrindo as eleições.
Somos quatro brasileiros vivendo fora do país, dois na Europa (eu na Itália e o Mário Camera na França) um nos EUA (Fabrício Pontin) e um na China (Érica Manssour) — além do Walter Valdevino que mora no Brasil. Podemos analisar um Brasil com a visão de quem mora nas duas maiores potências do mundo, no Velho Continente e no próprio Brasil. É um modo diferente de ver as coisas.
Para as eleições vamos apontar sobretudo em vídeo, gravado e ao vivo. O site recém começou, estamos em um blog-piloto, digamos. Testando formatos, vendo o que funciona e o que não. O carro-chefe deve ser mesmo a Braziu TV e o programa de debates que faremos semanalmente, um chat ao vivo em vídeo no estilo mesa de debate, mas com quadros, reportagens. Ainda estamos arredondando o formato.~
12 de junho de 2008
CONSULTOR JURÍDICO
Jornalista processa administrador de site por dano moral
12 de julho de 2008, 0h00
Quem deve responder pela ofensa produzida por um texto veiculado num blog? O jornalista que escreveu o conteúdo ou o administrador do site? Ou é válido responsabilizar somente o editor do portal na ausência do autor da ofensa?
A questão jurídica está eclodindo no Rio Grande do Sul, onde o jornalista e colunista político gaúcho Políbio Braga processou o colega Walter Valdevino, administrador do blog Nova Corja, por um texto publicado no último dia 25 de junho.
O texto, assinado pelo jornalista Rodrigo Alvares, insinua que Políbio fez permuta com autarquias ligadas ao governo estadual e à prefeitura de Porto Alegre. Segundo a nota, Políbio Braga fazia elogios à administração estadual e municipal e em troca publicava anúncios pagos de órgãos públicos em seu site.
“O que leva anunciantes como Prefeitura de Porto Alegre, Banrisul, Assembléia Legislativa, BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento], Cremers [Conselho Regional de Medicina] ou Simers [Sindicato Médico] a comprar mídia em sites sem expressão, tais quais os de Políbio Braga…. Certamente não é a repercussão ou os preços camaradas” diz o texto publicado pelo blog em 25 de junho passado.
O colunista político ingressou com duas ações contra o editor do blog, alegando não ter conseguido localizar o verdadeiro autor — Rodrigo Álvares — o qual classificou como fugitivo. A ação cautelar por danos morais foi extinta na última segunda-feira (7/7) pelo juiz Regis de Oliveira Montenegro Barbosa, da 18ª Vara Cível de Porto Alegre.
Na ação, o autor disse ter sido “alvo de conteúdo com ofensas perpetradas no site de cuja responsabilidade é do requerido, evidenciando a vontade de ofender a honra, tornando público, fatos mentirosos que visam atingir, diretamente a sua honra pessoal, o decoro e prestígio do Autor perante a sociedade”.
Políbio também ingressou com ação penal com pedido de antecipação de tutela contra o jornalista Walter Valdevino por calúnia, injúria e difamação. O juiz de primeira instância indeferiu o pedido de tutela antecipada e estabeleceu prazo para o réu se defender.
“Não reputo presentes os requisitos necessários ao deferimento da liminar, na medida em que a matéria ora submetida à apreciação diz com aspectos eminentemente fáticos, de modo que se afigura recomendável oportunizar o exercício do contraditório à parte ré. À vista de tais fundamentos, ressalvada a possibilidade de reexame do pleito após a contestação, indefiro a antecipação de tutela”, afirma Barbosa. Cabe recurso em ambos os casos.
Valdevino e seus colegas do Nova Corja repercutiram em novas mensagens todas as iniciativas de Políbio Braga para localizar Rodrigo Alvares, autor do primeiro texto polêmico. Em e-mail à revista Consultor Jurídico, Alvares diz que foi ameaçado por Políbio. Ele registrou as ameaças na polícia e promete processar o colunista político que o chamou de “fugitivo”.
A Súmula 221 do Superior Tribunal de Justiça diz: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
Repercussão
Especialista em Direito na internet, o advogado Renato Opice Blum afirma que tanto o administrador do site quanto o provedor podem ser responsabilizados pelo que é publicado na rede.
Ele afirma que a Justiça reconhece a responsabilidade de três agentes em crimes praticados na internet: quem hospeda, quem administra e quem escreve para o site ou blog. “A partir do momento em que o administrador comenta a repercussão do caso num novo post, ele deixa claro que tinha conhecimento do fato e não tomou a atitude de, por exemplo, retirar o texto original e os respectivos comentários do ar, por exemplo”, esclarece Renato Opice Blum.
De acordo com o advogado, se o administrador ou a empresa que hospeda o blog retiram o comentário do ar, é grande a possibilidade de o processo ser extinto.
Crimes cibernéticos
Com relatoria do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), tramita no Senado um projeto de lei que tipifica os crimes na internet. O texto é um substitutivo a três outros projetos sobre a mesma matéria: PLC 89/2003 (da Câmara); PLS 76/2000 e PLS 137/2000 (do Senado).
O texto já foi aprovado nas comissões de Educação, Ciência e Tecnologia, Constituição e Justiça (CCJ) e ainda na Comissão de Assuntos Econômicos, onde recebeu emendas e parecer favorável do senador Aloízio Mercadante (PT-SP).
O advogado Omar Kaminski, especialista em Direito na Internet, disse que o substitutivo virou “um verdadeiro Frankenstein” porque várias pessoas colaboraram com sugestões, sem levar em conta a visão geral. Por isso, acredita, será muito difícil a incorporação das regras no contexto legislativo do Brasil. “O ideal mesmo seria colocar o atual substitutivo de lado e recomeçar do zero. Do jeito que está mal engendrado, simplesmente não irá funcionar”, avalia.
Kaminski diz que já existem leis que tratam dos crimes no ambiente cibernético. Ele cita como exemplo a Lei 9.983, que versa sobre delitos praticados exclusivamente por funcionários públicos e que foi sancionada em 2000. A Lei 10.764, de 2003, que atualizou o Estatuto da Criança e do Adolescente, também faz referência aos crimes cometidos na rede mundial de computadores.
O advogado sublinha ainda que o atual projeto já tramita no Senado há dez anos e que é preciso estar atento para as novas tecnologias e as conseqüentes tipificações de crimes na web que poderão surgir.
“Será que daqui a 30 anos ainda existirão tais definições e tal realidade pontual?” — pergunta. “Porque, se formos depender de novas alterações, e tendo em vista que a tramitação atual está levando mais de 10 anos, a situação atual sofrerá rápido obsoletismo”, dispara.
Clique aqui para ler a queixa-crime
Clique aqui para ler a Ação Cautelar
Processo 10.801.719.546 e Processo 10.801.728.103
:::: OUTROS PROCESSOS SOFRIDOS PELA CANALHA:
https://www.observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/blogueiros-sao-alvo-de-processos-judiciais/
::::: https://otambosi.blogspot.com/2009/03/jornalistas-contra-o-blog-nova-corja.html
wikipedia
Leandro Demori
LINKED IN
Rodrigo Alvares
https://www.linkedin.com/in/rodrigoalvares/?originalSubdomain=br
::: Mais Leandro Demori, na EBC:
https://www.jornalistasecia.com.br/Jornalistasecia2023/1428/9/
....
ALVARES DESPEDE-SE DA NOVA CORJA
https://cristianozanella.blogspot.com/2009/08/tchau-nova-corja.html
https://exame.com/colunistas/instituto-millenium/blog-politico-sai-do-ar-por-falta-de-recursos-contra-acoes-judiciais/
....
Veja com quem está o site da Nova Corja
http://www.novacorja.org/
::::
Nenhum comentário:
Postar um comentário