Rodrigo Augusto Prando, Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cientista Social, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp
O fim de semana de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) não será simples. No Planalto, ninguém falará, com alegria, “sextou!”. As pesquisas de opinião divulgadas essa semana são péssimas: no curto prazo, o governo continua em uma reprovação crescente; no médio, já pensando em 2026, a reeleição está em risco. Alto, inclusive.
Coligindo dados de maio de 2025, a Genial/Quaest traz uma desaprovação do Governo Lula de 57% e uma aprovação de 40%. Em março, a desaprovação era de 56% e a aprovação era de 41%.
No gráfico apresentado pelo instituto de pesquisa, o problema tem início entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, quando a aprovação começa a cair e a desaprovação a subir sem parar.
Em recortes do eleitorado, por exemplo, Lula continua mais aprovado do que desaprovado na região Nordeste, contudo, nas demais regiões – Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte – sua desaprovação é muito grande.
No segmento gênero, as mulheres que sempre aprovaram Lula, já desaprovam. Naqueles que tem Ensino Fundamental, a aprovação está em 50% e a desaprovação em 47%. Entre aqueles que sempre estiveram ao lado de Lula, os que ganham até dois salários mínimos, 50% aprovam e 49% desaprovam, ou seja, empate técnico. Por fim, para ficarmos em aspectos mais gerais, entre os católicos que, geralmente, apoiam Lula, sua aprovação chega em 45% e sua desaprovação em 53%.
Um dos dados mais duros para o governo é que, para os entrevistados, 44% acham que Lula é pior do que Bolsonaro e 40% melhor. Lembrando que Bolsonaro teve, em seu mandato, uma crise pandêmica.
Se Lula firmou-se, em 2022, em uma frente ampla (não tão ampla assim) para defender a democracia, essa narrativa provavelmente não prosperará em 2026. Tenho afirmado, em entrevistas, que o Lula 3 não traz nenhuma marca. O Governo FHC tem como marca o controle da hiperinflação e a estabilidade da economia; Lula 1 e 2 trazem a diminuição da extrema pobreza, incremento da classe média e consolidação de programas sociais. Agora, o questionamento que fica é: qual a marca desse terceiro mandato?
No campo da comunicação política, Lula, o PT e os progressistas, em geral, são superados, de lavada, pelas narrativas encantadoras, especialmente, da extrema direita.
A conexão do presidente com sua base histórica foi, paulatinamente, se esboroando. O mundo é outro, a sociedade está hiperconectada em rede, mas Lula parece manter-se em um ambiente analógico. Inflação dos alimentos (na campanha, promessa de picanha; na prática, dificuldade de comprar o cafezinho), taxação do Pix, escândalo de corrupção do INSS e, agora, a confusa agenda de aumento do IOF. Nada disso foi positivo. Não sendo um governo proativo, cabe ser reativo, mas quando reage, tem feito isso tardiamente e mal.
Em síntese, o governo, caso continue assim, pavimenta uma derrota nas próximas eleições. Pode, obviamente, alterar suas ações, de forma incremental e isso leva tempo. É capaz, ainda, de “dar um cavalo de pau” em suas políticas e isso traz o risco de ações populistas e uma paralisia da combalida governabilidade por uma oposição mais ferrenha do que Lula vivenciou anteriormente. Há tempo para mudar, mas isso exige liderança, grandeza e um norte, um rumo claro.