OTAN ameaça Brasil

 No caso brasileiro, a ameaça de sanções ocorre em meio a uma escalada de tensões com os Estados Unidos. Na semana passada, Trump anunciou tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, alegando “desequilíbrio nas relações comerciais” e pressões internas provocadas por investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, fez no início da semana uma grave ameaça ao Brasill, à Índia e à China, afirmando que esses países podem ser atingidos por sanções severas caso mantenham relações comerciais com a Rússia, especialmente no setor de energia. A declaração foi feita durante uma visita de Rutte ao Congresso dos Estados Unidos e repercutida pela agência Reuters, além de outros veículos da imprensa internacional.

A ameaça incluiria tarifas de até 100% sobre produtos contra o Brasil.

“Se você mora em Pequim, ou em Délhi, ou é o presidente do Brasil, talvez queira analisar isso, porque pode ser muito prejudicial. Então, por favor, liguem para Vladimir Putin e digam a ele que ele precisa levar as negociações de paz a sério, porque, caso contrário, isso vai afetar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva”, declarou Rutte, segundo a Reuters.

Atigo, J.R. Guzzo - Sova dos EUA foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca

Se a decisão fosse disponível neste momento para ele, Lula estaria vivendo com toda certeza na Terra do Nunca que a mídia brasileira criou. Nada do que acontece ali, ou muito pouco, tem alguma coisa a ver com a vida como ela é na realidade dos fatos. Em compensação, o presidente teria um mundo ideal por lá. Tudo o que ele faz dá certo. Nas matérias do tipo “quem ganhou e quem perdeu”, está sempre nos “quem ganhou”. Só tem vitórias. Nunca perde nada: eleição municipal, pesquisa de opinião, arcabouço fiscal. Não é o chefe de um governo senil, desmoralizado e corrupto, com zero de resultados em dois anos e meio. É Peter Pan.

A miragem do momento é o que os comunicadores descrevem como a sua vitória no contencioso contra os Estados Unidos e Dunald Trump. Levou 50% de imposto nas exportações do Brasil para lá, e não conseguiu punir os americanos em nada – mesmo porque não tem a menor condição para fazer isso. Não conseguiu dar sequer um telefonema para Trump. A ficção de que Lula é um grande “negociador”, criada por ele próprio e aceita como verdade científica pela imprensa, não rendeu dois minutos de conversa com ninguém. Comprou uma briga com a maior potência do planeta sem ganhar nada em troca; não tinha, aliás, nada a propor.

Seu único contato no exterior foi com Colômbia, Chile e outros anões que lhe deram apoio verbal, desejaram boa sorte e foram cuidar da vida. Seus imensos aliados no BRICS, a China e a Rússia, continuaram imaginários; não lhes passou pela cabeça criar nenhum problema novo com os americanos para ajudar o Brasil na briga. Muito pelo contrário: a CHINA,  mais uma vez sem dar vantagem alguma ao Brasil, está desfrutando de uma inédita licença para entupir o mercado brasileiro com a importação de carros elétricos, que a propaganda lulista apresenta como fabricados “em Camaçari”. Festejaram a vitória da “soberania”, da “honra” e da “firmeza” do Brasil, mas ganhar alguma coisa de útil que é bom, nada.

Na mídia, porém, esse balanço miserável foi transformado num êxito histórico para Lula. Trump, por essa visão, deu “um tiro no pé”; não se explica o que ele perdeu, mas e daí? A popularidade de Lula, que vinha derretendo nas pesquisas, ressuscitou de um dia para outro. A “população”, supostamente indignada com os EUA, se juntou em apoio decidido ao presidente. O fracasso do seu governo se desfez sem que ele tenha tido de entregar um único mata-burro a ninguém. As sanções não terão efeito na economia; algum probleminha aqui ou ali, mas nada de sério. Lula, dizem em peso os analistas, tornou-se o grande favorito nas eleições do ano que vem – que estavam indo para o saco. Enfim, a sova que o Brasil acaba de levar foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca

Artigo, especial - Quando o Sistema Pede Trégua: A Repetição como Sintoma de Ruína

Artigo do "Observatório para um Brasil Soberano".

A repetição, em política, quase nunca é sinal de firmeza. Quando o mes mo personagem volta à cena com o mesmo discurso, em tempo tão cur to, é porque o sistema perdeu o controle sobre os próprios códigos. O artigo de José Sarney publicado nesta semana — o segundo em poucos dias — não é um gesto de reflexão serena. É um alerta interno. Um pedi do de trégua. Um apelo para que os fiadores do regime não deixem a engrenagem travar de vez. 

Sarney não é comentarista: é oráculo do regime. Não escreve para o pú blico geral, mas para os iniciados. Seu papel é oferecer uma aparência de sabedoria ancestral a um sistema que, na prática, se mostra cada vez mais errático e frágil. Ao escrever sobre “paz”, Sarney não propõe recon ciliação — tenta preservar o pacto. A paz evocada ali não é entre opostos ideológicos. É entre os sócios do próprio arranjo institucional que come ça a se desfazer pelas beiradas. 

A proximidade entre os dois artigos revela mais do que a mensagem em si. Mostra que o primeiro conteúdo não deu conta do recado. Foi preciso repetir. Reforçar. Insistir. E isso não acontece por acaso. A repetição é o sintoma de que a autoridade do discurso já não é suficiente. É quando o sistema precisa convencer a si mesmo de que ainda há coesão. Quando um regime precisa de reforço simbólico constante, é porque está per dendo a capacidade de operar pelo silêncio. 

Esse tipo de manifestação não fala com o povo; não busca formar opi nião pública. É redigido no idioma do sistema, com destinatário espe cífico: ministros, parlamentares, banqueiros, operadores jurídicos e po líticos que sustentam, com mais ou menos entusiasmo, a normalidade aparente. Quando essa elite precisa ser lembrada do próprio pacto, é porque ela mesma já cogita abandoná-lo. 

E o tom dos textos entrega esse receio. Não há grandiloquência, nem gesto de poder. Há melancolia e apelo. Há a tentativa de restaurar uma liturgia que já não mobiliza nem mesmo os devotos. Há o esforço de dar ao momento um verniz de continuidade, quando o que se vive é exata mente o oposto: um colapso sutil da autoridade institucional. 

O sistema pede trégua quando sente que está ficando só; tão logo per cebe que o discurso de estabilidade perdeu credibilidade até entre os aliados; quando teme que a rachadura vire ruptura. Daí o tom brando, o uso de símbolos. Por isso a escolha de Sarney — a última figura capaz de falar como se ainda houvesse alguma nobreza no colapso. 

Mas não há. Há apenas o ritual de repetição. E a tentativa, cada vez mais visível, de colar os cacos antes que a narrativa vire escombro público.


A culpa não é de Netanyahu. O problema é outro

Por Roberto Rachewsky


Há uma tendência equivocada, e até covarde, de concentrar toda crítica à guerra em Gaza na figura de Benjamin Netanyahu. Como se ele fosse a causa primária da tragédia. Como se a paz dependesse apenas de sua renúncia. Como se outro líder israelense — mais palatável aos olhos da opinião pública internacional — pudesse desarmar, por palavras, aqueles que fazem da guerra um culto e da morte, uma missão sagrada.


Não importa quem ocupa o cargo de primeiro-ministro em Israel. O que importa, de fato, é quem o Estado de Israel enfrenta. E Israel enfrenta inimigos que não reconhecem a legitimidade de sua existência, nem a humanidade dos seus cidadãos. Inimigos que não querem um acordo, mas um desaparecimento. O que está em jogo não é a política interna de um Estado democrático, mas o direito de esse Estado — o único do mundo com identidade judaica — continuar existindo entre o rio e o mar.


De Teerã a Gaza, de Sanaa a Beirute, Israel é cercado por milícias e Estados que repetem abertamente o desejo de vê-lo riscado do mapa. O Irã, por meio da Guarda Revolucionária e do financiamento de grupos como Hamas, Hezbollah e os Houthis, injeta bilhões de dólares todos os anos em armas, treinamento e propaganda para alimentar esse projeto genocida. Em 2023 e 2024, mais de 15 mil foguetes e drones foram lançados contra Israel em menos de doze meses. Só o Hezbollah, sustentado pelo Irã, recebe anualmente mais de 700 milhões de dólares para manter um arsenal que chegou a ter mais de 150 mil mísseis apontados para cidades israelenses, até que Israel retaliou com inteligência formidável.


Em 7 de outubro de 2023, o mundo viu o que significa permitir que esse ódio floresça sem reação proporcional. Em apenas um dia, o Hamas massacrou cerca de 1.200 civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos. O ataque foi meticulosamente planejado e barbaramente executado, com estupros, decapitações e sequestros. Os próprios terroristas transmitiram suas ações com câmeras acopladas ao corpo, como se fosse um troféu. Nada do que aconteceu naquele dia foi improviso. E nada do que aconteceu foi resposta a Netanyahu.


Reduzir a origem do conflito à figura do primeiro-ministro israelense é ignorar a realidade histórica: Israel já foi governado por líderes de todos os matizes — trabalhistas, pacifistas, militares, técnicos, religiosos e seculares. Nenhum foi poupado do ódio daqueles que rejeitam a mera ideia de um Estado judeu soberano. Não foram as decisões de Netanyahu que inspiraram a criação da carta do Hamas, que proclama a destruição de Israel como seu objetivo sagrado. Nem foi ele quem armou o Hezbollah com mísseis de longo alcance. Nem ele quem enviou suicidas a cafés, ônibus e sinagogas.


O que os slogans como “Nunca Mais” e “Israel tem direito de existir” significam, afinal, se são esvaziados quando postos à prova? “Nunca Mais” não é apenas um mantra contra o esquecimento do Holocausto — é uma promessa de que, diante de novas ameaças, haverá reação. De que os antissemitas de hoje — como os de ontem — encontrarão resistência, não complacência. Que serão punidos, não cortejados.


“Israel tem o direito de existir” não é uma concessão condicional a depender do nome do premiê de turno. É a afirmação de um fato moral: o povo judeu tem o direito de viver com soberania e segurança em sua terra ancestral. E isso não pode depender do humor das manchetes ou da aprovação de ONGs internacionais.


Se um governo democrático decide que precisa usar força letal para neutralizar ameaças terroristas sistemáticas, isso não é uma escolha ideológica — é uma obrigação moral. O uso da força não é o problema. O problema é a existência de inimigos que só podem ser detidos pela força. Nenhuma declaração de cessar-fogo assinada com o Hamas impedirá a próxima tentativa de massacre. Nenhuma ajuda humanitária impedirá que o Hezbollah continue escavando túneis e acumulando armas em escolas e hospitais.


 Sim, há sofrimento em Gaza. Mas o sofrimento em Gaza é causado pelo próprio Hamas, que transformou civis em escudos, escolas em depósitos de foguetes, ambulâncias em transporte de combatentes. Aqueles que se comovem com as vítimas civis — como se não houvesse contexto — devem lembrar que Israel enviou alertas, mensagens e instruções de evacuação antes de cada bombardeio, arriscando inclusive a eficácia militar da operação, além da perda de 1800 soldados. O Hamas, por outro lado, impediu civis de fugir, e celebrou a morte de cada um deles como munição de propaganda.


Falar de moderação na guerra contra o terrorismo é como pedir parcimônia a um cirurgião que tenta extrair um tumor invasivo. Não há virtude em poupar o câncer. E não há justiça em exigir que Israel poupe quem jurou destruí-lo.


Sacrificar vidas israelenses para preservar a imagem internacional de “moderação” não é diplomacia — é suicídio. Nenhum Estado do mundo aceitaria o que Israel é obrigado a aceitar. Nenhum país toleraria ataques diários com foguetes, sequestros, túneis, emboscadas, decapitações e ameaças nucleares constantes. Nenhum povo deveria ter que justificar sua própria sobrevivência. E, no entanto, é isso que se exige de Israel — explicações, comedimento e culpa.


Quem exige que Israel se contenha diante de seus inimigos não está pedindo paz. Está pedindo que os judeus aceitem o destino que os perseguiu por dois mil anos. E isso não acontecerá. Não mais