Regabofe do aniversário de Guiomar Mendes pode ter sido algo como o Baile da Ilha Fiscal

Este editor vem recebendo, desde ontem, imagens escandalosamente reveladoras da promiscuidade na qual transitam os atuais personagens da alta cúpula do regime discricionário brasileiro, todas elas extraídas da opulenta festa  de 73 anos da advogada Guiomar Mendes, esposa de Gilmar Mendes e sócia do escritório de advocacia de Sérgio Bermudes, realizada em mansão do Lago Sul, em Brasília, na quarta-feira, 13.

Este regabofe pode ter sido algo como o Baile da Ilha Fiscal.

As imagens mostra as figuras sorridentes e embevecidas de Aécio Neves, Renan Calheiros, Edson Lobão, Vital do Rêgo Filho, todos beneficiados pelo marido da aniversariante durante julgamentos sobre corrupção. Também estiveram ali personagens que perseguem Bolsonaro, como o PGR Paulo Gonet, seu ex-sócio, e  o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

– o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco, seu “candidato” à próxima vaga na Corte (como revelou uma aliada do anfitrião na imprensa, omitindo a natureza do evento onde ocorreu o diálogo). Outros nomes que agradam o lulopetismo, como Hugo Motta e os ministros Alexandre Padilha, camilo Santana, Lewandowski e José Múcio. Foi ao festejo até o ministro do STJ Benedito Gonçalves, que foi alvo de delação de Léo Pinheiro, da OAS, na Lava Jato, e depois fez piruetas argumentativas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar o mandato de deputado federal do ex-procurador Deltan Dallagnol, também desafeto de Gilmar.

O banqueiro do Bradesco marcou prsença. Luiz Carlos Trabuco, sendo que o Bradesco, conforme revelado em 2017, concedeu uma série de empréstimos ao Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de Gilmar, totalizando mais de R$ 36 milhões, um deles, em setembro de 2011, cerca de um mês depois de um pedido de vista do ministro beneficiando o próprio banco, que ainda continuou com diversos processos no STF.

Só faltaram Lula e Janja.


Artigo, Rodrigo Lorenzoni - A liberdade não se implora. Se defende!

Rodrigo Lorenzoni é deputado estadual do PP. O artigo foi publicado originalmente no jornal Zero Hora.

A concentração de poderes — investigar, acusar e julgar — fere o princípio da imparcialidade


Vivemos, no Brasil, um momento de inquietação institucional. Princípios fundamentais da Constituição — como o devido processo legal, o contraditório, a presunção de inocência e a liberdade de expressão — vêm sendo questionados, muitas vezes por quem deveria protegê-los: o Supremo Tribunal Federal.



É preciso dizer, com responsabilidade, que atos do ministro Alexandre de Moraes ultrapassam os limites do razoável em um regime democrático. Inquéritos sem delimitação clara, acusações unilaterais, conduções coercitivas arbitrárias e censura prévia compõem um cenário preocupante para qualquer defensor do Estado de direito.


A concentração de poderes — investigar, acusar e julgar — fere o princípio da imparcialidade e abala a credibilidade das instituições. Essa prática compromete a ordem constitucional e transforma o poder em instrumento de intimidação política.


Atos do ministro Alexandre de Moraes ultrapassam os limites do razoável

Não se trata de defender grupos políticos, mas a Constituição, que protege a todos. Nenhum cidadão deve ser privado de seus direitos fundamentais, por mais impopular que seja. A democracia não se baseia na unanimidade, mas na convivência entre diferentes sob a mesma lei.


A liberdade de expressão é sempre a primeira a ser atacada por regimes autoritários e deve ser a última a ser abandonada por quem crê na democracia. Onde há medo de falar ou pensar diferente, não há liberdade — e, portanto, não há democracia verdadeira.


O Brasil lutou muito para consolidar seu Estado democrático de direito. Essa conquista não pode ser solapada por decisões monocráticas nem por abusos travestidos de legalidade.


É tempo de alertar: a democracia não morre de repente, mas adoece em silêncio, quando o medo cala, quando a verdade cede lugar ao silêncio e quando as instituições deixam de garantir direitos para reprimir.


Defender a liberdade, hoje, é um dever moral, institucional e histórico. Não só por nós, mas pelas futuras gerações. Pelo Brasil, que precisa reencontrar sua vocação democrática, seu compromisso com a Constituição e com o respeito à pluralidade. A liberdade não se implora. Se defende — com coragem, serenidade e firmeza.

Artigo, especial, Alex Pipkin - Um tarifaço invisível

Alex Pipkin, PhD


Tenho denunciado há anos, sem pausa, as mazelas do intervencionismo estatal que paralisam a economia brasileira. Não é apenas um problema de política; é uma chaga estrutural que se manifesta de forma cristalina na nossa incapacidade de abrir mercados e gerar competitividade. O governo petista, em particular, transforma o país em uma fechadura econômica. São tarifas elevadas, barreiras comerciais rígidas, tributação exorbitante, subsídios seletivos a empresas nacionais e um aparato regulatório sufocante. Nesse cenário, competir, inovar e crescer não é apenas difícil — é quase impossível.

Enquanto a mídia focaliza o tarifaço de Trump — que chama de chantagem tarifária — ou outros obstáculos externos, permanece quase silenciosa sobre o tarifaço invisível que opera dentro do Brasil, estrangulando produtividade, renda e oportunidades. Economias fechadas não alcançam escala suficiente; dependem de insumos importados e, quando estes chegam tarifados, os produtos nacionais se tornam mais caros e inferiores em qualidade. Mais que um fardo sobre o consumidor, essa barreira impede indústrias e empresas de se conectarem aos fluxos tecnológicos internacionais, essenciais para inovação, novos processos e produtos competitivos. É essa fechadura que mantém a produtividade brasileira estagnada, mesmo com esforço e talento de nossos trabalhadores.

A produtividade é a verdadeira alavanca para salários reais e riqueza sustentável. O protecionismo, ao contrário, preserva setores obsoletos, mantém empregos artificiais e protege interesses privados próximos ao poder, enquanto a indústria se desindustrializa e a inovação permanece confinada. O tarifaço nacional é uma muralha invisível que condena o país ao baixo crescimento, sob o mito da “proteção à indústria nacional”.

O contraste com a Argentina é elucidativo. Além de abrir o comércio e reduzir barreiras, o país avança em disciplina fiscal, um pilar essencial para conter a inflação e gerar confiança econômica. A combinação de mercado livre, abertura comercial e responsabilidade fiscal tem produzido efeitos concretos: confiança crescente, inserção internacional e sinais claros de recuperação social e econômica. Enquanto eles desmontam o intervencionismo, nós reforçamos o tarifaço doméstico, mantendo o Brasil fechado, hiper-regulado, sem escala, sem competição real, penalizando consumidores, especialmente os mais pobres, e isolando empresas do mundo.

O verdadeiro inimigo da prosperidade não está fora do Brasil; ele reside dentro: no intervencionismo estatal, na burocracia sufocante, na regulamentação excessiva, na estrutura tributária opressiva e nas barreiras comerciais que tornam nosso país um dos mais fechados do planeta. Esse tarifaço invisível estrangula inovação, impede a participação no avanço tecnológico global e mantém o país condenado a baixos salários, produtividade limitada e crescimento tímido.

Para avançar, o Brasil precisa romper essa muralha, abrir mercados, reduzir o intervencionismo e permitir que o mercado e a iniciativa privada definam o ritmo da inovação e do crescimento. Só assim superaremos décadas de atraso e construiremos uma economia que gere riqueza, empregos e oportunidades para todos.

Enquanto a fechadura permanece, o país do futuro continua trancado — e todos pagamos o preço dessa negligência.

Artigo, especial par domingo - Governadores no muro da covardia

Este artigo é do "Observatório Brasil Soberano".

No tabuleiro da política brasileira, poucas táticas são tão transparentes e, ao mesmo tempo, tão recorrentes quanto a hesitação calculada. Em um mo mento de profunda polarização e crise institucional, a nação observa com particular atenção à movimentação de uma nova leva de líderes autointi tulados de centro-direita, governadores que alimentam a ambição de voos mais altos em 2026. No entanto, sua postura diante dos desafios mais agu dos do campo conservador revela uma estratégia de conveniência que pode ser confundida com covardia. 

O cenário é claro: esses governadores –Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Junior – sabem que para alcançar seus objetivos pre cisam do apoio do eleitorado bolsonarista, uma parcela da sociedade que representa uma força política inegável. Eles cortejam essa base, reconhecen do-a como fundamental para qualquer projeto eleitoral futuro. O paradoxo, porém, reside na recusa desses líderes em entrar na trincheira da defesa de Jair Bolsonaro e de sua família, que se intensifica, especialmente no âmbito internacional. 

É um jogo duplo que beira o cinismo. Nos bastidores, fala-se que a atuação de figuras como Eduardo Bolsonaro é vista com constrangimento e conside rada "equivocada". Mas, publicamente, a posição é de total omissão. Não é acidental, é o reflexo de um cálculo frio. Eles buscam descolar a imagem de sua liderança para o tal “centro democrático”, mas sem perder a fonte de vo tos daquele que, mesmo preso e incomunicável, arrasta multidões. Querem o apoio de Bolsonaro sem o ônus, a vitória sem o combate. 

A tática é arriscada. Uma liderança que se cala em um momento como esse é capaz de demonstrar a coragem necessária para tomar decisões difíceis? A covardia se manifesta de forma ainda mais clara quando a crítica seletiva é direcionada a adversários que já se encontram enfraquecidos. A artilharia é direcionada a Lula, o que é fácil e rende likes, enquanto se faz vistas grossas para os que detêm o poder real e abusam dele. A verdade é que a covardia, quando adotada como estratégia, é um buraco negro que engole qualquer aspiração de grandeza. Esses líderes parecem es tar parados no tempo, esperando que a vitória caia em seu colo por inércia ou pela simples ausência do nome Bolsonaro nas urnas. Eles se equilibram precariamente em cima do muro, acreditando que a neutralidade política pode ser um ativo. 

No final das contas, o que diferencia um líder de um mero político é a cora gem de assumir riscos e defender suas convicções, mesmo que isso custe popularidade no curto prazo. No jogo político, a vaidade é um motor podero so, mas a covardia é uma trava que, uma vez acionada, pode ser irreversível. No Brasil de hoje, não há mais espaço para quem está em cima do muro. E, como dizem por aí, o medo de perder tira a vontade de ganhar.

Eleições na Bolívia

  Os 7 milhões de eleitores da Bolívia vota, desde o início da manhã para eleger o novo presidente do país e renovar o Parlamento de 130 deputados e 36 senadores. Candidatos da direita seguem favoritos, e cerca de 23% dos votos indefinidos trazem incertezas quanto ao resultado final do pleito.

Os favoritos são o ex-presidente da Bolívia em 2001 e 2002, Jorge “Tuto” Quiroga, considerado de uma direita mais radical, seguido por Samuel Doria Medina, considerado de direita mais moderada. 

O racha no Movimento ao Socialismo (MAS) – partido esquerdista que lidera o país desde 2006 – pode consolidar o fim do ciclo de governos de esquerda no país sul-americano que já dura 19 anos.

O ex-presidente Evo Morales, foragido, impedido de participar do pleito, vem pregando o voto nulo. 

Os candidatos da esquerda são Andrónico Rodríguez, atual presidente do Senado, e Eduardo del Castillo, ex-ministro do atual governo de Luis Arce, do MAS, que desistiu de se reeleger em meio à baixíssima aprovação do governo. Se não houver mudanças, os dois candidatos da direita é que devem ir ao segundo turno, marcado para o dia 19 de outubro.