De acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional
(Inaf), 38% dos estudantes do ensino superior não dominam habilidades básicas
de leitura e escrita. Os dados foram divulgados pelo Instituto Paulo Montenegro
(IPM) e pela ONG Ação Educativa.
Para a consultora do IPM, Fernanda Curi, a existência de
pessoas nessa condição se justifica por um ensino de base insuficiente. “A
falta de qualidade existe desde o ensino básico”, diz. No entanto, a consultora
afirma que a falta de habilidade do estudante não justifica a existência de
universidades com o ensino ruim. “Não é porque um aluno está mal preparado que
a instituição deve oferecer um curso ruim”, explica. Para Fernanda, a
universidade deve estar preparada para auxiliar esse aluno com dificuldades e
contribuir para a sua formação. “Não devemos tirar a responsabilidade da
escola, mas a universidade deve ajudar o estudante, pois ele levará o nome da
instituição como profissional”.
De acordo com dados produzidos pelo IBGE e pela Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o número de brasileiros com ensino
médio ou superior cresceu em quase 30 milhões na década 2000-2010. Para
Fernanda, o aumento no número de universidades é positivo, uma vez que dá
oportunidade para atender à demanda de alunos formados no Ensino Médio que
desejam entrar no ensino superior. “Antes a pessoa se formava, mas não
encontrava vagas nas universidades”, completa.
Melhorar o quadro da educação atual é um processo
complexo, de acordo com Fernanda. “Mas não é por que é difícil que é algo impossível”,
argumenta. Para ela, um conjunto de ações deve ser implantado para melhorar a
qualidade do ensino, dentre elas, melhores condições de trabalho para os
professores, oferecimento de cursos de qualificação para os profissionais da
educação e melhor infraestrutura nas escolas. “Se o aluno estiver mais bem
preparado ele vai exigir um ensino superior de qualidade”, afirma.
Sobre o indicador
O Inaf avalia habilidades de leitura, escrita e
matemática, classificando os respondentes em quatro níveis de alfabetismo:
analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e
alfabetizados em nível pleno, sendo os dois primeiros níveis considerados como
analfabetismo funcional.
Criado em 2001, o Inaf Brasil é realizado por meio de
entrevista e teste cognitivo aplicado a partir de amostra nacional de 2.000
pessoas, representativa de brasileiros e brasileiras entre 15 e 64 anos de
idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país. Para
essa edição, o período de campo ocorreu entre dezembro de 2011 e abril de 2012.
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