Desfecho para a crise

Desfecho para a crise
ANA AMELIA LEMOS S
Senadora PP-RS
ana.amelia@senadora.gov.br
A sociedade acompanha, perplexa, a crise política e institucional que recrudesceu nas últimas semanas, ameaçando contaminar a economia, que apresentava sinais visíveis de recuperação.  Não é mais possível protelar decisões que precisam ser tomadas para garantir um mínimo de normalidade ao cotidiano dos brasileiros. É preciso acelerar a retomada do crescimento econômico e produzir o círculo virtuoso que resulte em desenvolvimento sustentável, reduzindo o grave problema social provocado pelo desemprego. Hoje são mais de 14 milhões de brasileiros na informalidade. O governo Temer está com poucas condições políticas, indispensáveis para garantir a governabilidade.  Aos desacertos políticos se somam graves denúncias que vieram à tona, envolvendo a figura do próprio presidente e de assessores muito próximos. O resultado é um governo fragilizado, acumulando impopularidade, como atestaram recentes pesquisas de opinião.
A saída honrosa para Temer e a solução mais rápida para o impasse seria a renúncia. Porém, essa saída foi descartada pelo presidente. Portanto, entendo que, agora, a alternativa pode ser o julgamento do TSE, se favorável à cassação da chapa Dilma/Temer.  Esse julgamento está pautado para 6 de junho. Mesmo que não se possa pressionar ou influenciar a Justiça, expresso a convicção de que um julgamento rápido pode sim, contribuir para aliviar a tensão no país, provocada pela crise.
É evidente, também, que não se pode exigir da Justiça que desate os nós apertados dessa aguda crise política. A manifestação célere do TSE, nesse julgamento, entretanto, dará rumo às providências constitucionais e eleitorais que deverão ser tomadas na sequência.

Essa seria, sem dúvida, a resposta mais adequada, porque respeitaria o rito constitucional. Como bem destacou recentemente a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, “ou o Brasil se salva com a Constituição ou vamos ter mais problemas”. Acredito que o desfecho da crise política precisa ser balizado pelo respeito à Constituição e não com o atalho sonhado pela oposição. A pressa não é da classe política, apenas. A pressa maior é de 14 milhões de desempregados no país, que não podem ficar contemplando o agravamento da crise.

As perguntas

1. Qual a relação de Vossa Excelência com Rodrigo da Rocha Loures?
2. Desde quando o conhece? Já o teve como componente de sua equipe de trabalho? Quais os cargos ocupados por ele, diretamente vinculados aos de Vosssa Excelência?
3. Rodrigo da Rocha Loures é pessoa da estrita confiança de Vossa Excelência?
4. Vossa Excelência confirma ter realizado contribuição financeira à campanha de Rodrigo da Rocha Loures à Câmara dos Deputados, nas eleições de 2014, no valor de R$ 200.650,30? Quais os motivos dessa doação?
5. Vossa Excelência realizou contribuições a outros candidatos nessa mesma eleição? Se a resposta for afirmativa, discriminar beneficiários e valores.
6. Vossa Excelência gravou um vídeo de apoio à candidtaura de Rodrigo da Rocha Loures à Câmara dos Deputados em 2014. Fez algo semelhante em prol de outro candidato? Quais?
7. Rodrigo da Rocha Loures, mesmo após ter assumido vaga na Câmara dos Deputados, manteve relação próxima com Vossa Excelência e com o Gabinelte Presidencial?
8. Vossa Excelência confirma ter estado com Joesley Batista, presidente do Grupo J&F Investimentos S/A em 7 de março de 2017, no Palácio do Jaburu, em Brasília, conforme referido por ele em depoimento de fls. 42/51 dos autos do Inquérito nº 4483?
9. Qual o objeto do encontro e quem o solicitou a Vossa Excelência?
10. Rodrigo da Rocha Loures teve prévio conhecimento da realização desse encontro?
11. Por qual motivo a reunião em questão não estava inserida nos compromisso oficiais de Vossa Excelência?
12. Vossa Excelência tem por hábito receber empresários em horários noturnos sem prévio registro em agenda oficial? Se sim, cite ao menos três empresários cm quem manteve encontros em circunstâncias análogas ao de Joesley Batista, após ter assumido a Presidência da República.
13. Vossa Excelência já havia encontrado Joesley Batista fora da agenda oficial? Quando, onde e qual o propósito do(s) encontro(s)?
14. Em pronunciamento público acerca do ocorrido, Vossa Excelência mencionou que considerava Joesley Batista um “conhecido falastrão”. Qual o motivo, então, para tê-lo recebido em sua residência, em horário, prima facie, não usual, em compromisso extraoficial e sem que o empresário tivesse sido devidamente cadastrado quando ingressou às instalações do Palácio do Jaburu (segundo as declarações do próprio Joesley Batista)?
15. Vossa Excelência aventou a possibilidade de realizar viagem a Nova York, no período de 13 a 17 de maio de 2017? Rodrigo da Rocha Loures chegou a comentar com Vossa Excelência sobre o interesse de Joesley Batista de encontra-lo na sede da JBS, naquela cidade?
16. Vossa Excelência sabe se o ex-ministro Geddel Vieira Lima mantinha encontros ou contatos com o empresário Joesley Batista, segundo referido por este às fls. 42/51? Se sim, esclarecer a finalidade desses encontros?
17. Vossa Excelência tem conhecimento se o Ministro ELISEU PADILHA mantinha encontros ou contatos com o empresário JOESLEY BATISTA, segundo referido por este às fls. 42/51? Se sim, esclarecer a finalidade desses encontros?
18. No mesmo depoimento de fls. 42/51, JOESLEY BATISTA disse ter informado Vossa Excelência, no encontro, sobre a cessação de pagamentos de propina a EDUARDO CUNHA e da manutenção de mensalidades destinadas a LÚCIO BOLONHA FUNARO, ao que Vossa Excelência teria sugerido o prosseguimento dessa prática. Em seguida, o empresário afirmou "que sempre recebeu sinais claros de que era importante manter financeiramente ambos e as famílias, inicialmente por GEDDEL VIEIRA LIMA e depois por MICHEL TEMER para que eles ficassem 'calmos' e não falassem em colaboração premiada". Vossa Excelência confirma ter recebido de JOESLEY BATISTA, na conversa havida no Palácio do Jaburu, a informação de que ele estaria prestando suporte financeiro às famílias de LÚCIO FUNARO e de EDUARDO CUNHA, como forma de mantê-los em silêncio? Em caso de resposta negativa, esclareceu a JOESLEY BATISTA, na ocasião, que não tinha qualquer receio de eventual acordo de colaboração de LÚCIO FUNARO ou de EDUARDO CUNHA?
19. Existe algum fato objetivo que envolva a pessoa de Vossa Excelência e seja passível de ser revelado por LÚCIO BOLONHA FUNARO ou EDUARDO CUNHA, em eventual acordo de colaboração?
20. Vossa Excelência sabe de algum fato objetivo que envolva o ex-ministro GEDDEL VIEIRA LIMA e que possa ser mencionado em acordo de colaboração premiada que eventualmente venha a ser firmado por LÚCIO BOLONHA FUNARO ou por EDUARDO CUNHA?
21. Vossa Excelência conhece LÚCIO BOLONHA FUNARO? Que tipo de relação mantém ou manteve com ele? Já realizou algum negócio jurídico com LÚCIO BOLONHA FUNARO ou com empresa controladas por ele? Quais?
22. LÚCIO BOLONHA FUNARO já atuou na arrecadação de fundos a campanhas eleitorais promovidas por vossa Excelência ou ao PMDB quanto Vossa Excelência estava à frente da sigla? Se sim, especificar a(s) campanha(s).
23. JOESLEY BATISTA também aduziu no depoimento de fls. 42/51 que Vossa Excelência se dispôs a "ajudar" EDUARDO CUNHA no Supremo Tribunal Federal, através de dois Ministros que lá atuam? Vossa Excelência confira isso? Se sim, de que forma prestaria tal ajuda? Quais eram esses dois Ministros?
27. Rodrigo da Rocha Loures reportou a Vossa Excelência algum assunto tratado com Joesley Batista? Quais?
28. Vossa Excelência esteve com Rodrigo da Rocha Loures após a conversa mantida com Joesley Batista, em 7 de março de 2017? Se sim, aponte, com a máxima precisão possíveol, quando e onde se deram tais encontros.
29. Recorda-se de Joesley Batista, na conversa mantida com Vossa Excelência no Palácio do Jaburu, ter feito comentários acerca do comando do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), assim como da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Receita Federal do Brasil? Qual o interesse manifestado pelo empresário acerca desses órgãos?
30. Vossa Excelência teve ciência, através de Rodrigo da Rocha Loures, do interesse do Grupo J&F Investimentos S?A em questão submetida ao CADE, envolvendo o setor de energia? Quais informações foram levadas a Vossa Excelência?
31. Vossa Excelência determinou a Rodrigo da Rocha Loures que interviesse junto ao CADE no sentido de atender a interesses do Grupo J&F Investimentos S/A?
32. Vossa Excelência tomou conhecimento (antes da divulgação jornalística) de encontros mantidos entre Rodrigo da Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor do grupo J&F Investimentos S/A? Se sim, soube do encontro antecipadamente? Qual a pauta dessas reuniões?
34. Vossa Excelência soube que Ricardo Saud, em encontros realizados em 24 e 28 de abril de 2017, expôs a Rodrigo da Rocha Loures, em detalhes, um “esquema” envolvendo o pagamento de vantagens indevidas decorrente da suposta intervenção do então parlamentar junto ao Cade, em prol dos interesses do Grupo J&F Investimentos S/A?
35. Em caso de resposta negativa, o que tem a dizer acerca desse episódio, mesmo que dele tenha tomado conhecimento somente por sua veiculação na imprensa?
36. Rodrigo da Rocha Loures chegou a levar ao conhecimento de Vossa Excelência a disponibilidade do grupo J&F Investimentos S/A em fazer pagamentos semanais que girariam entre R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), por conta da resolução da questão que estava em trâmite no Cade?
37. Vossa Excelência soube, também por Rodrigo da Rocha Loures, que tais pagamentos semanais estavam garantidos até dezembro do corrente ano e, a depender da extensão do contrato firmado entre empresa do Grupo J&F Investimentos e a Petrobras, poderiam se prolongar por até vinte e cinco anos?
38. Caso não tenha tomado conhecimento, Vossa Excelência acredita que Rodrigo da Rocha Loures possa ter participado de tais tratativas com o Grupo J&F Investimentos S/A com intuito de obter exclusivamente para si as quantias que, na hipótese da mencionada dilação contratual, chegariam pelo menos à casa dos R$ 600.000.000,00 (seiscentos milhões de reais)?
46. Vossa Excelência, em campanhas eleitorais nas quais foi candidato, recebeu alguma contribuição financeira de empresas pertencentes ao Grupo J&F Investimentos S/A? Discriminar as campanhas, os valores, quem os solicitou e como foram encaminhados (se via diretórios ou diretamente)
47. Vossa Excelência tem alguém chamado "Edgar" no universo de pessoas com quem se relaciona com certa proximidade? Se sim, identificar tal pessoa, mencionando a atividade profissional, eventual envolvimento na atividade partidária, descrevendo, ainda, a relação que com ela mantém.
48. Vossa Excelência conhece Antônio Celso Grecco, proprietário do Grupo Rodrimar, de Santos/SP? Qual relação mantém com ele?
49. Vossa Excelência já recebeu alguma contribuição financeira para fins eleitorais de ANTÔNIO CELSO GRECCO, da empresa RODRIMAR ou de alguma outra empresa a ela vinculada? Quando e qual o valor?
50. Vossa Excelência recebeu alguma reivindicação dessa empresa, ou de outra igualmente atuante no segmento de portos, relacionada à questão do "pré-93"? Se sim, em que termos?
51. Vossa Excelência tem conhecimento se RODRIGO DA ROCHA LOURES recebeu alguma reivindicação da RODRIMAR ou de outra empresa igualmente atuante no segmento de portos, relacionada a esse tema?
52. RODRIGO DA ROCHA LOURES chegou a demonstrar a Vossa Excelência interesse pela questão do "pré-93"?
53. Rodrigo Rocha Loures tem alguma relação com empresas do setor portuário?
54. Vossa Excelência tem relação de proximidade com empresários atuantes no segmento portuário, especialmente de Santos/SP?
55. Vossa Excelência conhece Ricardo Mesquita, vinculado à Rodrimar? Que relação mantém com tal pessoa?
56. Rodrigo da Rocha Loures mencionou a Vossa Excelência o fato de ter encontrado Ricardo Mesquita no mesmo dia (e local) em que esteve reunido Ricardo Saud? Se sim, qual o propósito do encontro com Ricardo Mesquita?
57. Vossa Excelência conhece João Batista Lima Filho, coronel inativo da Polícia Militar de São Paulo? Qual relação mantém com ele?
58. João Batista Lima Filho já teve alguma atuação em campanha eleitoral promovida por Vossa Excelência? Qual a fundação desempenhada por ele?
59. João Batista Lima Filho já atuou na arrecadação de valores a eventual campanha política de Vossa Excelência ou ao PMDB de São Paulo?
60. Joesley Batista afirmou que desde a assunção de Vossa Excelência como Presidente da República, vinha mantendo contatos com o ministro Geddel Vieira Lima. Vossa Excelência tinha conhecimento desses encontros? A que se destinavam?
61. O empresário referiu também que vinha ‘falando’ com o ministro Eliseu Padilha. Vossa Excelência tinha conhecimento desses contatos?
62. Quando Joesley Batista perguntou como estava a relação de Vossa Excelência com o ex-deputado Eduardo Cunha, Vossa Excelência menciono “o Eduardo resolveu me fustigar”, aludindo, em seguida, a questionamentos que ele havia proposto ao juiz Sérgio Moro, em seu interrogatório realizado na 13ª Vara Federal, em Curitiba/PR. Imediatamente, Joesley Batista, referiu que havia “zerado as pendências” (presumivelmente em relação a Eduardo Cunha) e que perdera o contato com Geddel, “o único companheiro dele”, não mais podendo encontra-lo, ao que Vossa Excelência fez o comentário “é complicado”. A quais pendências se referiu Josley Batista?
63. Geddel Vieira Lima efetivamente mantinha relação próxima a Eduardo Cunha?
64. Vossa Excelência via algum inconveniente na realização de encontros entre Joesley Batista e Geddel Vieira Lima? Qual o motivo de ter classificado a situação exposta como “complicada?
65. Em seguida, Joesley Batista, em outros termos, mencionou que investigações envolvendo Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima haviam tangenciado o Grupo J&F Investimentos S/A, afirmando, com conotação de prevenção, que estava “de bem com o Eduardo”, ao que Vossa Excelência interveio com a colocação “tem que manter isso, viu?”, tendo o empresário complementado dizendo “todo mês”.
71. Se, no entando, Vossa Excelência confira ter entendido, naquele momento, o imediato sentido que emana das expressões usadas pelo empresárioo, explique o porquê de não ter advertido JOESLEY BATISTA quanto à gravidade daquela revelação, e também, por qual razão não levou ao conhecimento de autoridades a ilícita ingerência na prestação jurisdicional e na atuação do Ministério público que lhe fora narrada por JOESLEY BATISTA?
72. Mais à frente, em contexto diverso, Joesley Batista aparentemente procurou estabelecer (ou restabelecer) um canal de contato com Vossa Excelência: “queria falar como é que é, para falar contigo, qual melhor maneira? Porque eu vinha através do Geddel, eu não vou lhe incomodar, evidentemente”. Vossa Excelência confirma ter mencionado Rodrigo de Rocha Loures nesse momento?
73. Qual função ele deveria efetivamente exercer?
74. Joesley Batista já conhecia Rodrigo Rocha Loures?
75. No tocante à menções feitas pelo empresário à nomeação de presidente do Conselho Administrativo de Defesa econômica (CADE), Vossa Excelência sugeriu a Joesley Batista que procurasse o novo Presidente do CADE para ter uma “conversa franca” com ele? Qual o exato significado dessa orientação?
76. Vossa Excelência, naquele momento, tinha conhecimento de algum interesse específico de Joesley no âmbito do CADE?
77. Joesley Batista mencionou também que o Presidente da Comissão de Valores Milionários (CVM) estava por ser “trocado” e que se tratava de “lugar fundamental”. Vossa excelência, então, orientou o empresário para que falasse com “ele. A quem Vossa Excelência se referiu?
78. Qual a legitimidade de Joesley Batista para interceder (ou tentar, ao menos) na nomeação do novo presidente da CVM?
79. Em seguida, Joesley Batista referiu a importância de um “alinhamento” com o ministro Henrique Meirelles, ao que Vossa Excelência manifestou concordância. Qual o sentido da expressão “alinhamento”?
80. Vossa Excelência autorizou que Joesley Batista apresentasse pontos de interesse ao Ministro Henrique Meirelles? Quais? Vossa Excelência tem conhecimento se isso realmente ocorreu?
81. Joesley Batista também mencionou determinada operação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que tinha dado certo, sendo que Vossa Excelência manifestou ter conhecimento do tema, mencionando, inclusive, que havia falado com “ela” a respeito. Qual importância referida pelo empresário?

82. A pessoa aludida por Vossa Excelência no contexto é Maria Silvia Bastos Marques, ex-Presidente do BNDES? O que solicitou a ela?

Davi Coimbra, Zero Hora - O eleitor não tem culpa

O eleitor não tem culpa
As opções têm sido as piores que se pode imaginar

Os petistas defendem as diretas já achando que Lula seria eleito com certeza. Na verdade, Bolsonaro seria eleito com certeza.
Lula, escrevi isso em outras oportunidades, perdeu o trunfo que lhe permitiu a vitória no passado: a aliança com a classe média. A famosa Carta aos Brasileiros, lançada por ele durante a campanha de 2002, foi o estatuto dessa aliança. Isso não existe mais. Lula jamais será eleito presidente outra vez. O PT jamais elegerá outro presidente.
Bolsonaro seria eleito presidente, se houvesse eleições em 2017, por dois motivos. O primeiro, pelo ódio que essa mesma classe média passou a sentir do PT.
O ódio, sabe-se, cega. As pessoas deixam de enxergar que o objeto do seu ódio também pode ter boas qualidades. Assim, as boas qualidades do PT, ou as coisas boas que o PT defende, se tornam igualmente objeto de ódio. É um pensamento binário e reconfortante, de tão fácil. Uma espécie de teorema:
"Eu sou contra o PT.
O PT é a favor do Bolsa Família.
Logo, sou contra o Bolsa Família".
Bolsonaro se consagrou ao afrontar o PT de todas as formas, algumas inclusive grosseiras. Então, as pessoas, querendo afrontar o PT, se acercam de Bolsonaro.
Esse é o motivo número 1 pelo qual esparramo minha convicção na vitória de Bolsonaro, caso houvesse diretas já.
O motivo número 2 é o tempo. Uma eleição feita de afogadilho tira do eleitor o tempo suficiente para conhecer os candidatos. Bolsonaro é um homem que, entre outros despautérios, já se manifestou a favor da tortura, da ditadura e do fechamento do Congresso. Uma busca distraída no YouTube permitirá ao leitor-eleitor ouvir dele a seguinte declaração:
— Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Você só vai mudar se um dia nós partirmos para uma guerra civil. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil! Começando com o FHC!
Esse quilate de pensamento só é processado, maturado e finalmente avaliado pelo eleitor com algum tempo de exposição, algo que não ocorreria numa eleição convocada para este ano.
Então, Bolsonaro acabaria se elegendo.
Aí, depois da tragédia, as pessoas diriam: o brasileiro é culpado! É ele quem escolhe essa gente! É ele que vota! Tem que aprender a votar melhor!
Tem? Será que tem?
Veja as opções que seriam oferecidas ao eleitor nessa hipotética eleição em 2017: Lula versus Bolsonaro. O que é pior para o Brasil? O populismo que corrói de dentro para fora ou a truculência que destrói de fora para dentro?
Agora, se você não quiser pensar em hipóteses, pense na realidade: na última eleição presidencial, o eleitor teve como opções, no segundo turno, Dilma e Aécio.
Dilma foi o que se viu. Esqueça a corrupção. Lembre-se apenas de que a maior crise econômica da história do Brasil tem a assinatura dela. E Aécio é o que se vê: um político que achaca empresários e que se manifesta com a linguagem de um vaporzeiro da Lomba do Pinheiro.
Como é que se pode culpar o eleitor?
Essa é uma das tantas tragédias da democracia. A democracia, como método administrativo, é precária e falha. A democracia só é imprescindível por ser a única forma de evitar a tirania. A não ser, é claro, que você eleja um candidato a favor da tirania. Aí, sim. Aí a culpa é toda sua.


O coronel que opera nas sombras de Michel Temer

O coronel João Baptista Lima Filho é amigo de longa data do presidente da República. De coronel da PM, R$ 20 mil mensais, ele acumula, hoje, patrimônio de R$ 15 milhões.

O coronel aposentado entrou no radar da Lava-Jato com a delação da cúpula da JBS. Ricardo Saud, o caixa-forte do grupo, que contou aos procuradores que na reta final da campanha de 2014, mandou entregar 1 milhão de reais em espécie na sede de uma das empresas do militar. O dinheiro, segundo o delator, era parte de um acerto de 15 milhões de reais feito com o presidente e foi entregue ao coronel em espécie “conforme indicação direta e específica de Temer”, nas palavras de Saud. Os investigadores foram atrás do amigo do presidente. Em seu escritório, encontraram ao menos três pacotes de documentos que fizeram surgir a suspeita de que o coronel, além da acusação de receber propina, seria encarregado de resolver pendências financeiras ao clã presidencial.

Entre os pacotes, havia comprovantes de pagamento e recibos de despesas de familiares e também do próprio presidente da República. Em uma caixa plástica azul guardada no subsolo do prédio onde funciona a empresa de João Baptista Lima Filho, também havia recibos de pagamentos de serviços executados durante a reforma da casa da psicóloga Maristela de Toledo Temer Lulia, uma das três filhas do presidente. Entre os papéis, havia ainda comprovantes de pagamentos antigos ligados ao presidente (um deles, de 1998), planilhas com “movimentações bancárias”, programação de pagamentos do escritório político do então deputado Michel Temer e uma coleção de reportagens “sobre corrupção e casos de propina”, como anotou o responsável pela busca.

Todo o material foi encaminhado para a sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Temer nega ter qualquer relação financeira, pessoal ou familiar, com o amigo coronel Lima.

A revista diz que os procuradores comemoraram tudo como um troféu, passando as informações em tempo real para Rodrigo Janot.

Uma das caixas mostrou documentos relativos à reforma da casa da filha de Temer, Maristela de Toledo, que mora numa zona nobre de SP.

Também chamou a atenção dos agentes uma pasta preta com registros de transferência de moeda estrangeira e papéis de uma empresa especializada em transações financeiras na Suiça.


A PGR está escarafunchando as empresas do coronel. Uma delas, a Argeplan, começou a ganhar contratos públicos quando Temer era secretário da Segurança de SP. Os negócios ampliaram-se e no governo Dilma a Argeplan passou a participar de licitações do governo federal. Foi aí que abiscoitou um contrato para Angra 3. O dono da Engevix, José Antunes, uma das construtoras de Angra 3, delatou o coronel, que teria pedido R$ 1 milhão para a campanha do amigo.

Só milagre salva o país

Hannah Arendt parece falar do Brasil de hoje quando pergunta: ‘Será que a política ainda tem de algum modo um sentido?’

Nem será preciso pedir licença à Ciência. O conceito de milagre na política se origina de articulações de Hannah Arendt e se aplica ao nosso horror cotidiano. Inquietante é precisar da esperança de vê-lo surgir neste momento. Um lado kleiniano me cobra: a expectativa do milagre é o reverso de uma penosa situação.

Não era para dar certo, mas o milagre da vida surgiu contra as “impossibilidades infinitas”. Nas ocupações humanas, além do acaso natural, há um fabricante do milagre: o homem é bem dotado para fazê-lo. Não exatamente um milagre econômico, que dispensou a democracia, ou o fraudulento milagre lulopetista, que usaria a democracia para não exercê-la de forma republicana.

A desastrada Dilma Rousseff foi um milagre negativo, que detonou o projeto petista de perpetuação no poder. Deslegitimou-o com má gestão e produziu grave crise econômica.

O impeachment abortou de Brasília alguns dos piores inimigos íntimos da democracia, mas outros iriam surgir em seguida.

E o que dizer do acaso da descoberta do doleiro Alberto Youssef, causando a Operação Lava-Jato, despertando a ação dos procuradores e juízes, os integrantes da Polícia Federal — todos atentos à investigação do que se passa nos porões da República brasileira.

Estes milagres anunciam os que virão para reconstruir a política. Aliás, o que ainda dizer das inexplicáveis manifestações de junho de 2013 em todo o Brasil?

Ao descrédito dos políticos se opõe a dignidade da política, o valor do agir, aquele que, de forma consciente ou não, provoca um processo. A emergência súbita do novo, na percepção histórica de Hannah Arendt, se dá de forma inesperada, imprevisível e, por fim, inexplicável para o raciocínio causal: passa a “figurar como um milagre na conexão dos acontecimentos previsíveis”.

A pensadora alemã, morta em 1975, parece falar do Brasil de hoje, quando pergunta: “Será que a política ainda tem de algum modo um sentido?” Esta questão lhe foi despertada pelo desastre que a política já provocou e ainda é capaz de causar.

Confundir a política com políticos brasileiros da atualidade — de todos os partidos —, ou com a aliança espúria, promíscua e sistêmica com setores do grande capital, que tomou de assalto o Estado, é o mesmo que enterrar a esperança e desacreditar do milagre. De alguma maneira, o cinismo e o descrédito tornam-se cúmplices do que se pretende combater.

Não é por acaso que foi lembrada recentemente a frase do pensador italiano Antonio Gramsci: “O velho resiste em morrer, e o novo não consegue nascer”. Mas este já está em gestação, enquanto aquele prepara o funeral.
Mas o tempo da vida e da morte tem seu próprio critério, e não depende de pressa ou angústia. Não é preciso acreditar em milagre religioso ou sobrenatural — mas rezar menos e agir mais. Há um processo em andamento, homens em ação, aptos a provocar e resgatar a dignidade na política, a ética na gestão. A vida pulsa e reage a seus inimigos. Na ação, os homens, portando bandeira ética, são “aptos a realizar o improvável e o imprevisível”, como diria Arendt.

Jovens brasileiros (Foto: Pixabay)

Paulo Sternick é psicanalista

Anton Karl Biedermann- Zé: Volta rápido para onde estavas que é o teu lugar

José Dirceu ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, condenado em primeira instância a 33 anos de prisão, escreveu hoje um artigo na Folha de São Paulo, que prima pela desfaçatez, pela mentira e pela incitação ao povo brasileiro. Não é possível transcreve-lo no todo mas vou fazê-lo, em alguns trechos entre aspas, mais dignos de observação, com um rápido comentário meu:
"A única solução razoável, antes como agora, é uma catarse,uma revolução política, econômica, social e cultural.Não é posível um acordo com quem rasgou o pacto constitucional de 1988 e atropelou a soberania popular"
Só faltou a palavra "armada".
"A coalizão golpista deu origem a um governo abarrotado de históricos corruptos".
Logo quem falando. E onde estavam esses corruptos nos governos Lula e Dilma? Certamente, fazendo história.
"Assalta-se a renda do trabalho para garantir o pagamento de juros exorbitantes, a ampliação da taxa de lucro das grandes corporações e a retomada dos fundos públicos pelas camadas mais ricas".
Nos governos Lula e Dilma quanto foram os juros pagos? E o foram para poderem tomar empréstimos necessários ao financiamento do déficit ´publico por eles provocado. Quanto ao lucro das corporações que o digam a JBS e muitos outros. Por sua vez, administração dos fundos publicos nos governos do PT já está sendo alvo de muitas investigações e aguardem só o que ainda virá por aí.
"Não há espaço para conciliação. É necessário, para o bem estar social do país, dar um fim à armadilha de uma falsa harmonia nacional e um ludibrioso salvacionismo contra a corrupção".
Conciliação nunca. Ódio sempre.
"Podemos até vencer (referindo-se às futuras eleições), mas sem ilusões: sob quaisquer circunstâncias, nosso norte é o avanço no rumo de uma revolução política e social, DEMOCRÁTICA (o grifo é meu)."
Como gostam da palavra democracia. Os países mais autoritários da história adoram a palavra. Exemplo maior: RDA -República Democrática Alemã.
"Pela força das ruas, se nossas elites continuarem de costas para a nação"
Quem saqueou e faliu esta Nação? Quantos desempregados eles gerararam? Quantas pessoas morreram ou sofrem com o descalabro do sistema de saúde?

Zé: Volta rápido para onde estavas que é o teu lugar.

QUANDO PERJURAR INFELIZMENTE SE TORNA CLÁUSULA PÉTREA

QUANDO PERJURAR INFELIZMENTE SE TORNA CLÁUSULA PÉTREA
Caros cidadãos brasileiros de bem,
Quando um PRESIDENTE(A) DA REPÚBLICA DO BRASIL toma posse, eis o JURAMENTO que faz, em SESSÃO SOLENE, conforme consta no art. 78, da Constituição:
"PROMETO, DEFENDER e CUMPRIR a Constituição, OBSERVAR as LEIS, PROMOVER O BEM GERAL DO POVO BRASILEIRO, sustentar a união, a INTEGRIDADE e a independência do Brasil."
Quando um DEPUTADO FEDERAL toma posse, eis o JURAMENTO que faz, em SESSÃO SOLENE, conforme se infere do art. 4º, §3º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados:
"PROMETO, MANTER, DEFENDER e CUMPRIR a Constituição, OBSERVAR as LEIS, PROMOVER o BEM GERAL DO POVO BRASILEIRO e sustentar a união, a INTEGRIDADE e a independência do Brasil".
Da mesma forma ocorre com um SENADOR, quando toma posse, haja vista que também em SESSÃO SOLENE ele faz o seguinte JURAMENTO, conforme consta no art. 4º, §2º do Regimento Interno do Senado Federal:
"PROMETO, GUARDAR a CONSTITUIÇÃO FEDERAL e as LEIS do País, DESEMPENHAR FIEL e LEALMENTE o MANDATO de Senador que O POVO ME CONFERIU e sustentar a união, a INTEGRIDADE e a independência do Brasil"
A todos estes atos se segue, em alto e bom som as palavras "EU PROMETO" de parte do então empossado.
Após cumprir a formalidade dos respectivos protocolos, o que não se tem, ao longo dos respectivos mandatos é o EFETIVO CUMPRIMENTO dos JURAMENTOS FEITOS.
Por quê?
Porque gentalha, sempre é se sempre será gentalha, independentemente do juramento que fizer.
Não me refiro ao termo gentalha como aqueles que possuíram uma vida economicamente desfavorecida.
Me refiro sim, aos "vileiros morais e sem princípios", aos "chinelões morais e sem princípios" e aos "falidos morais e sem princípios".
A moral, a ética, os mais sólidos princípios e valores não são programas que "se baixam", como quem faz downloads de arquivos da web e após clica em executar.
A moral, a ética e os mais sólidos princípios e valores não estão "na prateleira", porque são, ao meu ver, dons inatos.
Uns atribuirão a culpa ao poder, porque aprenderam nos clássicos que o poder corrompe.
Todavia, a gentalha não aprende em clássico nenhum.
E verdade seja dita, o poder corrompe quem é corrompível e se deixa corromper, quem seja, os sem princípios, os sem valores, os sem ética e sem a mínima compostura para o exercício de ser REPRESENTANTE de quem quer que seja, através de um mandato ou da mais simples procuração.
Culpa de quem foi eleito?
Não. Não apenas.
Façamos nossa autocrítica de posse da luz da verdade.
Culpa, também, de quem os escolheu, votou e os elegeu.
É tapar o sol com a peneira apontar o dedo em riste para alguém que se sabia de antemão "ser o menos pior", ou "ser votado simplesmente por ser amigo", sem ter qualquer condições e sem preencher os requisitos mínimos de quem se espera como RE-PRE-SEN-TAN-TE dos interesses de uma coletividade, ou seja, aquele que não deve sobrepor o particular ao coletivo, ou seja, fazer prevalecer os interesses próprios sobre os interesses de quem lhe constituiu para representar. Mais ainda quando se trata de representar os interesses da base eleitoral que o elegeu, sem fazer disso, um balcão de negócios, para auferir toda espécie de escusas vantagens, para se esbaldar a adornar seu "bom viver", em direção "ao seu próprio umbigo".
Quando PERJURAR os juramentos feitos se torna normal e, em vez de significar a violação da confiança e da credibilidade que depositamos em alguém, passa a ser recebido como uma incorporação que nos enriquece, é porque passamos a consentir, através da apatia e da indiferença, viver no pior dos mundos que há.
É culpa de quem o perjura?
Sim, "por supuesto" que é.
Mas também é culpa de quem sabe de antemão, despido da ingenuidade, que isso irá acontecer, bastando ver que o "pedido de um voto" não se sustenta, se desvia, se dispersa e se esvai para qualquer outro lugar, que não em direção dos olhos de quem aguarda contemplar a verdade.

São nestas ocasiões, verdadeiras oportunidades únicas, para constatamos que na atual classe política que temos, perjurar, infelizmente, se tornou cláusula pétrea.