O projeto da burrice

Alex Pipkin, PhD em Administração


Eu fico me perguntando o que é preciso acontecer para tirar o Brasil desse looping de desgraça, de ignorância. Que país é esse que elege, não uma, mas reiteradas vezes, presidentes que não conseguem completar uma frase, ou que recorrem a bravatas para parecer cômicos, inteligentes, simpáticos à plebe, tentando disfarçar uma burrice que é, francamente, indisfarçável?

Dilma Rousseff foi o triunfo da confusão mental. Seus discursos eram um desfile de ideias sem nexo. Não se colocava meta, deixava-se tudo aberto e, quando algo era atingido, dobrava-se a meta; saudava-se a mandioca como se fosse uma grande conquista; falava-se em estocar o ar, como se a realidade fosse apenas sugestão a ser manipulada à vontade. Ríamos, mas não apenas de nervoso; era burrice performática transformada em espetáculo público.

Então veio Lula, autodenominado “o pai dos pobres”, o homem do povo. Muitos dizem que ele é “um grande orador”. Só que é orador para um povo inculto, sedento de chavões, incapaz de pensar além da superfície. Sua oratória tem a fluidez de quem fala para plateias desinteressadas em lógica ou cultura. É a oratória de um semi-analfabeto que nunca dedicou tempo para estudar, para se tornar algo mais que um agitador de multidão. Ele recita Marx sem jamais ter lido Marx, gesticula como se toda frase fosse bordão, e o povaréu ri como uma hiena.

Nas falas de improviso, Lula revela quem ele de fato é: um sujeito tacanho e maldoso. Não é só ignorância; é caráter exposto, perversidade moral que se manifesta quando o discurso se despe de roteiro ou ensaio. Frases como “os judeus têm que parar com esse vitimismo” ou “os traficantes são vítimas dos usuários” não deixam dúvidas. Além da burrice, há maldade explícita, uma visão distorcida e cruel da realidade. E não é só o conteúdo que causa náuseas. Não dá mais para suportar a forma de falar, a dicção, a maneira como engole os “S”, a falta de ritmo, o arrasto das palavras…

Talvez o segredo esteja aí. Muitos dos que o aplaudem se veem nele, na falta de profundidade, no poder de emocionar sem explicar, no discurso fácil mascarando a ausência de pensamento crítico. O espelho é perfeito, e a burrice, no Brasil, tem legitimidade democrática.

Nelson Rodrigues dizia que a burrice é uma força da natureza — e nós vivemos um furacão. Schiller advertia: “contra a estupidez, até os deuses lutam em vão”. O retrato da política brasileira está aí, escancarado, para quem ainda consegue enxergar.

As políticas públicas nascem de improvisos, de narrativas vazias, da cartilha vermelha de políticas que querem igualar os idiotas úteis na pobreza e fazer com que essa deselite lulopetista se locuplete. Tudo isso fruto da indigência intelectual e do mal-caratismo. É espetáculo de burrice e corrupção com licença social.

Não é arrogância intelectual exigir inteligência. É necessidade de sobrevivência. Eu quero líderes que saibam pensar, que consigam encadear uma ideia sem tropeçar nela. Políticos que leiam, que duvidem, que construam uma visão de país com substância.

O país precisa estar cercado de gente grande, não apenas em posições de poder, mas na capacidade moral e intelectual. Pessoas que pensem, que tenham virtude, capazes de produzir políticas que promovam crescimento econômico e social, liberdade individual e a possibilidade de felicidade genuína. Não podemos mais  nos contentar com palhaços, ignorantes e mal-intencionados que transformam o Brasil em um palco de burrice, covardia e maldade. Como diz o velho provérbio: diga-me com quem andas, e eu te direi quem és. Andemos, então, com os grandes. Só assim será possível construir um país digno, justo e verdadeiro.

Pois, neste país, que não perde a oportunidade de perder a oportunidade de honrar a burrice, ela não apenas insiste: ela governa, criando espetáculo.

E pior, o povo salda a burrice, celebrando o próprio desastre.