Artigo, especial, Alex Pipkin - Diplomacia do jet lag moral

Alex Pipkin, PhD em Administração

A incompetência, a irresponsabilidade e o populismo deste governo não surpreendem mais ninguém. São traços estruturais, genéticos do conhecido lulopetismo. Mas há algo ainda mais escandaloso: o jet lag moral. 

Viaja-se tanto, tão longe, tão alto, que a trupe rubra perdeu completamente o fuso da decência, da moralidade. É o glamour da comitiva infinita, dos hotéis de luxo, dos jantares nababescos; tudo isso embalado pelo discurso hipócrita de defesa do “povo”.

O chefe do espetáculo do terror, sempre performático, declara que não sabe “quanto está gastando”. É claro que não sabe. Quem vive em Paris, Dubai e Roma com o dinheiro alheio não precisa mesmo saber. No mundo real, trabalhadores acordam às cinco da manhã, alguns literalmente para conseguir almoçar. No universo do Planalto, basta um discurso mal ensaiado, que agride a língua portuguesa, para justificar a farra: “o que importa é o que estamos trazendo para o Brasil”. O problema factual é que, na prática, só 12% do que prometeram virou contrato real. O resto evaporou no ar condicionado dos palácios e nas vitrines de souvenires. Escárnio.

Não se trata apenas de gasto, trata-se de um governo perdulário, que acredita que o Estado existe para financiar seus caprichos. Os gastos internacionais mais do que dobraram em relação ao governo anterior. E não estamos falando de viagens discretas e estratégicas. Estamos falando de uma festa do horror, baseada em suítes de luxo, protocolos exagerados, banquetes, segurança cinematográfica e comitivas que mais parecem caravanas.

Mas não para por aí. O prejuízo não é só financeiro. É moral, diplomático e estratégico. O que chamam de “política externa” virou uma diplomacia de botiquim, ruidosa, vulgar, ideológica e profundamente amadora. O Brasil virou notícia internacional não por liderança, mas por vexame; é grotesco. Um país que se alinhou ao eixo do atraso, aos tiranos e aos violadores de direitos humanos.

A diplomacia lulista abraça, sem pudor, ditadores de estimação. Defende Maduro com entusiasmo, afaga Ortega com convivência cúmplice, legitima o Irã teocrático como se fosse uma democracia exemplar, e relativiza o terrorismo do Hamas, do Hezbollah e de outros grupos assassinos. É uma política externa que trata criminosos como estadistas e democracias verdadeiras como inimigas ideológicas.

Para completar o vexame internacional, o governo ataca o Estado de Israel — o único país democrático do Oriente Médio, exatamente quando Israel exerceu seu direito legítimo de defesa contra aqueles que desejam apagá-lo do mapa, e com ele o povo judeu. Não é apenas um erro diplomático. É uma imoralidade histórica.

Chamam isso de “progressismo”. Eu chamo de vergonha nacional; uma vergonha financiada pelo contribuinte brasileiro, que paga a conta de luxos que ele mesmo jamais verá de perto.

Enquanto o governo coleciona carimbos no passaporte e selfies com autocratas, o Brasil real fica para trás. A economia não avança, a diplomacia se desmoraliza e o contribuinte financia o espetáculo do terror.

No fim, sobra a verdade inconveniente. Nada tem a ver com investimento; é pura farra. Não é política externa; é boteco ideológico com vista para o Atlântico.

Como sempre, quem paga é você, cidadão que trabalha com “sangue, suor e lágrimas”. 

Os “progressistas do atraso” viajam. O Brasil afunda.

Os lulopetistas comem caviar; você engole a fatura. E essa não atrasa nem por milagre!

Artigo, especial - O plano é não ter um plano ?

Este artigo é do Observatório Brasil Soberano.

Com a prisão de Jair Bolsonaro no sábado, a base bolsonarista no Congresso Nacio nal expôs, mais uma vez, a fragilidade de sua estratégia: alimentar redes sociais, pro duzir espetáculo e ostentar indignação sem avançar um centímetro na defesa real do ex-presidente e dos presos do 8 de janeiro. O plano parece ser… não ter um plano. A reação inicial foi previsível: dezenas de deputados e senadores anunciaram via gens urgentes a Brasília, gravaram vídeos chorosos e declararam "revolta total". Um deles chegou ao ápice do amadorismo ao pedir sugestões na internet sobre "o que fazer agora". Se um parlamentar eleito com o discurso de "defensor implacável de Bolsonaro" precisa recorrer ao Twitter para decidir sua conduta, talvez esteja ocu pando a cadeira errada. Só há um plano efetivo desde o início e parece que alguns ainda não entenderam: ANISTIA. O que chegou mais próximo foi a obstrução da pauta feita meses atrás, que durou poucas horas e foi vendida como "guerra total" pela anistia. Resultado? O acordo costurado com Hugo Motta desmoronou, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, pediu desculpas publicamente e a vida seguiu normalmente. Derrota varrida para debaixo do tapete com um "foi só um recado". Logo em seguida surgiu a "saída honrosa": um projeto alternativo de anistia mais palatável, pilotado por Michel Temer, Aécio Neves e Paulinho da Força — exatamente os nomes que o bolsonarismo passou anos apontando como "velha política". Gran de parte da bancada engoliu sem chiar. A mensagem foi cristalina: quando a pressão aperta, o discurso evapora e o pragmatismo fisiológico prevalece. Quando viram que não iria colar, surgiram mais algumas promessas repetidas: “a anistia será voltada nas próximas semanas”. Não aconteceu. Hoje, o que resta é um teatro caro: passagens aéreas de última hora custeadas pelo dinheiro público para tirar selfie ao lado do presídio e postar "estou aqui pelo Jair". Solidariedade de Instagram, paga com o seu imposto. E o governador de São Paulo, que sonha em herdar o espólio bolsonarista em 2026? Demorou quase um dia para soltar uma nota morna, cheia de cautelas jurídicas e frases feitas, sem tocar na prisão arbitrária em um inquérito que Jair sequer foi de nunciado. Lembrou-se, talvez, de quando subiu no caminhão de som na Paulista, gritou contra o STF e, dias depois, correu para pedir perdão. Lição aprendida: criticar o Supremo dá voto, mas só até onde não incomoda de verdade a própria carreira. E o mais curioso: perfis alinhados ao Governador correram para espalhar um vídeo de meses atrás , preocupados com as críticas das redes sociais sobre o silêncio de Tarcí sio, que estava passando um fim de semana tranquilo nas montanhas. Se a base tivesse levado a sério a defesa de Bolsonaro e de todos os presos políticos do 8 de janeiro desde o início — articulação cerrada, pressão real, ameaça concreta de ruptura com o Centrão, construção de maioria para a anistia —, talvez o cenário fosse outro. O que se vê não é preocupação genuína, mas cálculo eleitoral frio. Na prática, repe tem-se os mesmos erros: falta de plano, ausência de unidade, medo de romper com o fisiologismo. Quem acompanha política minimamente já percebeu: a maioria desses parlamen tares está muito mais preocupada com 2026 do que com o que acontece hoje, e tem medo de chamar as coisas pelo nome correto para não magoar quem desestabilizou o país. O resto é marketing. Caro, ineficaz e pago por quem não aguenta mais discur sos e vídeos em redes sociais que não resolvem nada

Artigo, especial, Jerônimo Goergen - A hora de corrigir uma injustiça histórica com a Região Sul

Tenho a honra de ser signatário da PEC 27/2023, proposta que cria o Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Sul. Trata-se de uma iniciativa essencial para corrigir uma distorção histórica da federação brasileira: a ausência de um mecanismo permanente de desenvolvimento para a região que, há décadas, sustenta boa parte da produção, da arrecadação e do crescimento do País.


Quando presidi a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia na Câmara dos Deputados, levei esse tema para o debate nacional. Realizamos audiências públicas, ouvimos especialistas, governos e setores produtivos, e mostramos que o modelo atual de distribuição de recursos federais é incompatível com a realidade econômica do Sul. Naquele momento, porém, o ambiente político não permitiu o avanço da proposta, que acabou perdendo força.


Ainda assim, mantive meu compromisso. Antes de deixar a Câmara dos Deputados, pude assinar a PEC 27/2023, para garantir que essa pauta não fosse esquecida. É um ato de coerência e responsabilidade com a população do Sul, que há anos convive com demandas crescentes e investimentos insuficientes.


Outro debate que deve vir junto ao da criação do mecanismo objeto da Pec 27 é sobre o Fundo de Participação dos Estados (FPE), que foi criado em um Brasil completamente diferente do atual. À época, buscava-se estimular o desenvolvimento de regiões muito carentes de infraestrutura e serviços básicos. Hoje, felizmente, Norte e Nordeste avançaram, ganharam competitividade, ampliaram sua economia e melhoraram seus indicadores sociais. Continuam enfrentando desafios — como todas as regiões — mas o cenário nacional mudou.


O que não mudou foi o peso desproporcional imposto ao Sul.

Continuamos enviando recursos para outras regiões enquanto aqui faltam investimentos fundamentais: estradas, escolas, hospitais, obras de contenção para eventos climáticos, modernização produtiva e políticas de apoio ao desenvolvimento regional.


Não se trata de negar a importância da solidariedade federativa. Trata-se de reconhecer que o modelo atual se tornou injusto, porque ignora as carências e vulnerabilidades do Sul — que, nos últimos anos, conviveu com secas severas, enchentes devastadoras e perda de competitividade em diversos setores.


O Fundo Constitucional do Sul não retira recursos de ninguém. Ele apenas coloca a nossa região no mesmo patamar das demais, garantindo condições mínimas de equilíbrio no pacto federativo. Com ele, o Sul deixa de ser apenas um contribuinte líquido e passa a ser reconhecido como uma região que também precisa de investimentos estruturantes.


Provocar esse debate é urgente. E tenho orgulho de ter contribuído, tanto como presidente da Comissão quanto como deputado federal, para recolocar o tema na agenda nacional. Assinar a PEC 27/2023 foi um gesto simbólico e concreto de compromisso com o desenvolvimento do Sul.


O Brasil precisa enfrentar essa discussão com maturidade.

A federação precisa ser repactuada.

E o Sul precisa ter reconhecido aquilo que produz, aquilo que entrega e aquilo que ainda pode crescer — mas somente se tiver as condições mínimas de igualdade.


É hora de corrigir essa injustiça histórica.

É hora de dar ao Sul o tratamento que há décadas é negado.


Jerônimo Goergen

Ex-deputado federal e advogado