Emendas parlamentares vs Ação Popular

Marcus Vinicius Gravina

OAB-RS 4.949


O Congresso Nacional, na Constituição Federal e em Lei, criou o controle social através de uma ação judicial incentivada, para que todo o cidadão atue em defesa do patrimônio público. Ela é gratuita.


Trata-se, da Ação Popular destinada a anular atos que causam lesão ao patrimônio público e à moralidade administrativa. Fatos mais comuns, que nos últimos tempos assolam nossa vida em sociedade e sem freios. Não paga custas judiciais nem sucumbenciais, desde que não seja proposta de má-fé. 



Houvesse mais ações desta natureza, não teríamos tanta corrupção e escândalos. 


 A AP atinge pessoas jurídicas de direito público ou privada que tenham participado do ato lesivo ou se beneficiado dele. É um tipo de ação que o Ministério Público tem o dever de participar como fiscal da Lei, embora seja uma ação cívil.


Esta introdução tem nexo com o que vem a seguir. 


As emendas parlamentares (pix) e as similares podem ser alvo de ação popular? 


A investida do ministro Flávio Dino do STF, contra elas é o primeiro sinal de que as ilegalidades cometidas em suas destinações de verbas públicas trazem à tona os danos ao patrimônio e a moral públicos.  Não é preciso nenhum esforço hermenêutico para consentir com a interposição de ação popular. 


No caso, cabe contra o presidente da república e aos parlamentares que receberem, ou forem colocadas ao dispor deles  verbas liberadas para indicação ou manejo de quem irá se beneficiar deste tipo de doação intermediada com dinheiro público como bons fariseus, 


As emendas parlamentares foram desvirtuadas e hoje têm a reprovação da sociedade. A mídia vem denunciando há muito tempo o desvio de dinheiro público para compras de apoios de prefeitos, votos de eleitores e fornecimento de transporte gratuito às suas mesas eleitorais distantes centenas de quilômetros de distância. Transporte de eleitores por ônibus especiais pagos por partidos políticos e políticos individualmente é Crime Eleitoral.   


A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji promoveu uma ação que discute a constitucionalidade das emendas parlamentares, cujo relator é o ministro Flávio Dino. 


A rastreabilidade, onde tem sido feita, comprova fatos de mau uso do dinheiro público. Um deles foi o transporte gratuito por centenas de ônibus, pagos por partidos e políticos. Eles partiram do Sudeste - São Paulo, Rio de Janeiro - destinados às localidades das urnas eleitorais do Nordeste, em 2020.  Houve queixas dos partidos da esquerda sobre a fiscalização da Polícia Federal que os abordaram para a fiscalização da licença de viagem, com indicação de sua origem e destino.


As emendas parlamentares são discricionárias. Atendem um reduzidos  número de políticos em exercício de mandato de deputado ou senador. Há uma escancarada violação do Princípio da Igualdade. Estamos diante de uma grandiosa inconstitucionalidade. 


As Emendas Parlamentares devem ser extintas. 


Há notícias de que o presidente da República irá distribuir bilhões em emendas parlamentares para comprar votos pela rejeição da anistia aos manifestantes de 8 de janeiro e contra a CPMI do INSS. 


As emendas não são geradas a qualquer tempo, ilimitadas para negócios escusos. Devem obedecer e circunscreverem-se à previsão orçamentária anual. 


Para o Poder Judiciário não existem mais interpretações inelásticas. Elas esticam e encolhem segundo quem deve decidir. Vale para a Ação Popular.


O histórico das emendas partidárias faz com que elas sejam ajuizadas por qualquer cidadão, portador de título eleitoral e esteja em dia com suas obrigações de eleitor. 


A arma do cidadão brasileiro é a Ação Popular, portanto: “aux armes citoyens”.


Caxias do Sul, 16.09.2025

    

Comissão de Constituição e Justiça da ALRS

Frederico Antunes - Presidente (PP)

Professor Bonatto - Vice-Presidente (PSDB)

Composição

Jeferson Fernandes - Titular (PT)

Miguel Rossetto - Titular (PT)

Guilherme Pasin - Titular (PP)

Carlos Búrigo - Titular (MDB)

Delegada Nadine - Titular (PSDB)

Luciano Silveira - Titular (MDB)

Capitão Martim - Titular (REPUBLICAN)

Cláudio Tatsch - Titular (PL)

Gustavo Victorino - Titular (REPUBLICAN)

Luciana Genro - Titular (PSOL)

Halley Lino - Suplente (PT)

Leonel Radde - Suplente (PT)

Marcus Vinícius - Suplente (PP)

Silvana Covatti - Suplente (PP)

Neri, o Carteiro - Suplente (PSDB)

Patrícia Alba -Suplente (MDB)

Pedro Pereira - Suplente (PSDB)

Rafael Braga - Suplente (MDB)

Adriana Lara - Suplente (PL)

Delegado Zucco - Suplente (REPUBLICAN)

Sergio Peres - Suplente (REPUBLICAN)

Matheus Gomes - Suplente (PSOL)

Microentrevista, Osmar Terra - A PEC da Blindagem é uma reação ao autoritarismo e desvario do STF

Osmar Terra é deputado federal do RS.

A PEC da Blindagem visa apenas proteger parlamentares, impedindo que sejam processados ?
Não me venham falar aqui que eles querem se blindar, por isso e por aquilo. Nós temos deputados perseguidos por opinião. Nós temos deputados calados por opinião. 

E o povo ?
E nós somos o povo. Como está no primeiro artigo da Constituição, todo o poder emana do povo, e será exercido por meio de representantes eleitos, eleitos. 

É uma reação ao autoritarismo e desvario do STF ?
O Supremo não tem um voto e está legislando no nosso lugar. Está legislando sobre drogas, legislando sobre censura. Um único ministro do Supremo derrotou o voto de 383 Deputados, um único ministro do Supremo ! Se nós quisermos honrar o nosso voto e deixar de ser humilhados, se nós quisermos fazer com que o povo seja respeitado através de seus representantes, e não humilhado, nós temos que voltar à Constituição de 1988, quando os deputados eram realmente protegidos pelo mandato que o povo lhes deu — era o povo representado — e podiam emitir suas opiniões.

Artigo, especial - Falta humanidade, falta respeito

Este artigo é do "Observatório Brasil Soberano"

A condenação de Jair Bolsonaro não surpreende. O que realmente intriga é o comportamento de seus "aliados", que parecem mais interessados em se esqui var do que em defender a figura que os alçou ao poder. A promessa de anistia, que supostamente excluiria Bolsonaro, é um rumor que ganha força na impren sa — e essas histórias não surgem do nada. Alguém está falando. Enquanto isso, o apoio real ao ex-presidente vem de longe. Donald Trump reagiu prontamente, classificando a decisão como "inaceitável" e uma clara persegui ção política. No Brasil, o silêncio de muitos líderes constrange e semeia a des confiança entre os apoiadores de Bolsonaro. O distanciamento é ainda mais evidente em eventos simbólicos. No 7 de setem bro, na Avenida Paulista, o nome de Eduardo Bolsonaro foi praticamente apa gado dos discursos. Ele, que abriu mão de parte de sua vida no Brasil para de nunciar a perseguição política nos Estados Unidos, tornou-se um fantasma em seu próprio reduto eleitoral. Michelle Bolsonaro foi a grande exceção, um ato de lealdade em meio à omissão generalizada. A postura de Valdemar da Costa Neto, presidente do partido do ex-presidente, o PL, é ainda mais intrigante. Suas falas públicas têm alimentado a narrativa dos adversários: sugeriu que o juiz Luiz Fux seria um bom candidato, o que enfra queceu o único voto favorável a Bolsonaro na condenação; declarou "respeitar" a sentença, dando a entender que não faria esforços para revertê-la; e chegou a mencionar um suposto planejamento de "golpe" que não foi adiante, o que re força o discurso da esquerda. Aqueles que cresceram à sombra do bolsonarismo parecem, agora, dar as costas a ele. Essas manobras políticas não param. O jornal O Globo reportou que o Centrão intensificou a pressão para que Bolsonaro aponte um sucessor fora de sua fa mília antes de uma possível prisão em regime fechado. Essa jogada escancara o oportunismo, já que o PL, o Centrão e setores do mercado financeiro, com suas frequentes visitas à Faria Lima, parecem já ter um candidato próprio. A ideia é surfar nos votos bolsonaristas sem carregar o ônus da perseguição política. As falas ambíguas, a inação e a pressão sobre Bolsonaro reforçam essa percep ção. Como diz o ditado, "muito ajuda quem não atrapalha". A elite política que se diz de direita colabora com o mesmo sistema que tenta eliminar o bolsonarismo. Além da sanha política evidente, há uma clara falta de humanidade. Bolsonaro foi condenado por um "golpe" sem armas, tanques ou exército — e nem sequer estava no Brasil na época dos eventos. Suas recorrentes idas ao hospital e os problemas de saúde mostram que as sequelas da facada de 2018 ainda o afetam profundamente. Depois de tudo o que ele passou, o mínimo que se esperaria de seus aliados seria respeito, apoio e, acima de tudo, humanidade. Em vez disso, o que se vê é uma elite política que o usa como trampolim e o abandona quando o jogo aperta, mas quer a grife. O bolsonarismo, no entanto, é maior que eles. É um movimento do povo, não de caciques partidários ou de interesses financeiros. O sistema pode tentar eliminá-lo, mas o bolsonarismo continuará vivo, forte e popular, com ou sem esses "aliados"