Brasil não vai à guerra

A questão deste do militar e político imposto pelos Estados Unidos contra a ditadura que eu chamo de narco-cleptocomunista da Venezuela, ampliada hoje com a decisão de Trump de fechar o espaço aéreo do País, tem muito a ver conosco, brasileiros, por duas razões principais:

1o, porque existem quase 300 mil refugiados venezuelnos  no Brasil e a Operação Acolhida, lá no Acre, prossegue.

A diáspora de venezuelanos que escapam da ditadura de Maduro e da miséria econômica, é a maior de toda a América Latina. Já são 3,4 milhões. Não é pouco para uma população de 30 milhões. 

2o, porque o atual governo lulopetista brasileiro e seu Partido principal de apoio, o PT, morrem de amores pela ditadura venezuelna. O governo tem se mnifestado publicamente contra o cerco militar e político imposto por Trump. Lula disse isto pessolmente a Trump. Ele tem ficado quieto, no entanto, por interesse, ou seja, para se acertar no atual contencioso com os Estdos Unidos, mas gente sua, como o MST de Stédile, já organizam falanges de sem-terra para combater ao lado de Maduro.  

Eu espero que o próprio Stédile ganhe coragem e vá para lá combater os americanos. Ou o deputado Paulo Pimenta, a comunista Manuela D'Ávila e outros apoiadores de Maduro.

O presidente Trump disse, ontem, com todas as letras, que vai mandar tropas para entrar em território da Venezuela, de modo pontual, para atacar ninhos de narcotraficantes, porque segundo ele, o cerco naval imposto nas costas venezuelanas, já interrompeu 85% do tráfego que existia para levar cocaína para os Estados Unidos.

O bloqueio marítimo e agora aéreo, estão completos e só falta avançar por terra.

Eu imagino que realmente seja este o próximo passo dos Estados Unidos, já que o cerco naval poderosíssimo, a declaração sobre exclusão aérea e a decretação do cartel El Soles como organização terrorista internacional, foram atos preparatórios para operações em terra, tudo no caso de Maduro e seus asseclas não decidirem sair por bem.

Este é o método Trump.

O governo americano irá para o ataque terrestre a qualquer momento, mas antes disto, Trump falou pelo telefone  com Maduro, aconselhando-o a ir embora com a sua gente.]

É iminente a vez de um ataque pontual a algum ninho de narcotraficantes ou um ataque direto ao Palácio Miraflores, sacando dali o ditador Maduro e levando-o para Guantanamo.

Os Estados Unidos já fizeram algo parecido no Panamá.

Sim, os Estados Unidos invadiram o Panamá em 1989 com o objetivo de capturar o então ditador Manuel Noriega, em uma operação militar conhecida como "Operação Justa Causa". Noriega foi levado para os EUA, julgado e preso. 
A ação ocorreu na madrugada de 20 de dezembro de 1989, durante o governo do presidente George H.W. Bush.
E o Brasil ?
O governo Lula e seus aliados farão discursos e tirarão notas, mas nada além disto.
Nada de ir à guerra.


Artigo, especial, Dagoberto Lima Godoy - Poço de Lobato, tarifaço de Trump e a guerra de narrativas sobre o crime organizado

Dagoberto Lima Godoy é advogado e engenheiro, ex-presidente da Fiergs e ex-representante do Brasil na OIT.

A Operação Poço de Lobato, desencadeada contra o Grupo Fit/Refit, é mais do que uma ação fiscal de grande porte. Ela virou, em poucas horas, um capítulo da disputa política entre Brasília e Washington sobre quem, afinal, está sendo rigoroso — ou leniente — com o crime organizado.

Em suas declarações, o ministro Fernando Haddad explicitou um ponto politicamente explosivo: o crime organizado brasileiro estaria usando empresas constituídas no estado de Delaware, nos Estados Unidos, tratado na prática como paraíso fiscal, para viabilizar esquemas de lavagem de dinheiro e evasão. 

Ou seja: no momento em que o Brasil mostra os dentes contra um grande sonegador doméstico, aponta também o dedo para as fragilidades do sistema jurídico-financeiro americano.

Do outro lado da mesa, o governo Trump vem esticando o conceito de terrorismo. Na prática, “terrorismo” deixa de ser uma categoria relativamente bem delimitada e vira instrumento político elástico, capaz de justificar sanções financeiras pesadas e, no limite, ações militares.

Em 2025, emissários americanos vieram a Brasília pressionar para que o Brasil também classificasse PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas. O governo brasileiro recusou, sustentando que a legislação nacional reserva o conceito de terrorismo para ações com finalidade político-ideológica contra o Estado. Enquanto isso, no Congresso e em alguns governos estaduais, surgiram iniciativas em sentido oposto, muitas vezes em sintonia com a agenda de Washington. 

Temos, portanto, dois projetos em choque:

De um lado, Trump: expandir o rótulo de terrorismo para cartéis, gangues e facções, construindo base jurídica para uma “guerra total” contra o crime organizado na América Latina. 

Do outro, o governo Lula: insistir na distinção entre crime organizado e terrorismo, preservando a autonomia de enquadrar suas próprias facções segundo o direito interno.

É aqui que a operação contra o Grupo Fit ganha dimensão geopolítica. A forma como o caso foi comunicado coloca a operação dentro da disputa com os EUA.

Não estou dizendo que a investigação tenha sido “inventada” para responder às tarifas; o que me parece claro é que, uma vez deflagrada, ela passou a ser capitalizada politicamente como prova de firmeza interna e, ao mesmo tempo, como crítica às fragilidades externas.

No fundo, estamos assistindo menos a uma “guerra ao crime” e mais a uma guerra de narrativas. Trump precisa de inimigos externos suficientemente assustadores para justificar tarifas punitivas e expansão do aparato antiterror. O governo Lula, por sua vez, precisa provar que não é cúmplice do crime organizado — e encontrou, em Poço de Lobato, um caso exemplar para mostrar serviço e, de quebra, apontar falhas do governo americano. 

Tudo muito oportuno, no momento em que estão em curso negociações em torno do tarifaço aplicado por  Trump contra o Brasil.


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