O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta sexta-feira (24) o envio do porta-aviões USS Gerald Ford para as águas da América do Sul, reforçando a presença militar estadunidense em uma das regiões mais sensíveis do continente. A embarcação é descrita pela Marinha dos EUA como “a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo”. As informações são do jornal O Globo. 

O anúncio ocorre no mesmo dia em que Hegseth confirmou o décimo ataque contra uma embarcação suspeita de tráfico de drogas. A ação acontece um dia após Washington divulgar exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago, a poucos quilômetros da costa venezuelana, ampliando a tensão sobre uma eventual ação militar para derrubar o governo de Nicolás Maduro. 

Pentágono fala em segurança regional, mas críticas crescem

Segundo o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, “a presença reforçada das forças americanas na Área de Comando Sul do USSOUTHCOM aumentará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e interromper atividades ilícitas que ameacem a segurança e a prosperidade do Hemisfério Ocidental”.

Em publicação na rede social X, Hegseth confirmou um novo ataque contra uma embarcação suspeita de transportar drogas: “Durante a noite, sob a direção do presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou um ataque cinético letal contra uma embarcação operada pela Tren de Aragua, uma organização terrorista designada que trafica narcóticos no Mar do Caribe”. 

O secretário informou que seis homens foram mortos na operação, sem baixas entre as tropas americanas. Com essa ação, já são 43 mortos em dez bombardeios contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas em águas internacionais.

Trump ignora Congresso e amplia ofensiva militar

O anúncio ocorre um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar que pretende autorizar ações terrestres contra grupos ligados ao narcotráfico, mesmo sem aprovação do Congresso. Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem classificado cartéis latino-americanos como organizações terroristas internacionais, abrindo margem legal para o uso da força em território estrangeiro.

Trump também não descartou a possibilidade ações em terra e instruiu a CIA (Central de InteligÊncia dos EUA) e o Pentágono a adotarem medidas mais agressivas contra o governo de Nicolás Maduro. 

Pete Hegseth tem defendido que as ações no Pacífico e no Caribe são baseadas em “informações de inteligência”. Segundo ele, “se você é um narcoterrorista contrabandeando drogas em nosso hemisfério, nós o trataremos como tratamos a Al-Qaeda. Dia ou noite, mapearemos suas redes, rastrearemos seus homens, caçaremos você e o mataremos”.

Tensões crescem com Colômbia e Venezuela

A política agressiva dos Estados Unidos tem provocado fortes reações na América do Sul. No último fim de semana, Trump acusou o presidente colombiano, Gustavo Petro, de liderar um esquema de narcotráfico e ameaçou “encerrar campos de produção” no país. Em resposta, o governo colombiano exigiu que Washington interrompesse suas operações no Caribe e reforçasse o diálogo diplomático.

Na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro mantém tropas em alerta desde agosto, diante do que chama de “cerco militar” dos EUA. Em um ato com sindicalistas, Maduro fez um apelo pela paz: “Peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war!”, declarou o presidente, em inglês, pedindo moderação.

Maduro cita apoio de Rússia e China

Apesar do tom pacifista, Maduro ressaltou que Caracas conta com aliados estratégicos. “Graças ao presidente [russo, Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e a muitos amigos no mundo, a Venezuela conta com equipamentos para garantir a paz”, afirmou, em referência ao arsenal antiaéreo russo disponível no país.

Enquanto isso, os Estados Unidos seguem expandindo sua presença militar. O contratorpedeiro USS Gravely deve chegar neste domingo (26) a Porto Espanha, capital de Trinidad e Tobago, onde permanecerá em exercícios até o fim do mês.

Com o envio do USS Gerald Ford e a intensificação das operações navais, cresce o temor de que a “guerra às drogas” de Donald Trump evolua para um confronto direto no hemisfério sul, o que poderia desestabilizar a região e provocar uma grave crise humanitária

Déficit em transações correntes se eleva a 3,6% do PIB

 Déficit em transações correntes se eleva a 3,6% do PIB


A análise a seaguir é dos economistas do Bradesco.

o O déficit em transações correntes alcançou US$ 9,8 bilhões em setembro, ante nossa projeção de US$ 7,6 bilhões e mediana do mercado de US$ 7,8 bilhões. Em 12 meses, o déficit soma US$ 78,9 bilhões, ou 3,6% do PIB. O saldo em transações correntes tem piorado ao longo de 2025, reflexo de uma economia ainda aquecida, mas também de importações mais resilientes à desaceleração gradual da atividade econômica.

o Em setembro, a balança comercial teve saldo positivo de US$ 2,3 bilhões. Esse valor está abaixo da sazonalidade do mês. Houve uma importação de plataforma de petróleo no valor de US$ 2,3 bilhões em setembro, grande responsável por essa piora. Não esperamos que esse efeito se repita nos meses subsequentes.

o A balança de rendas teve déficit de US$ 7,6 bilhões, pior que o mesmo mês de 2024 (-US$ 6,7 bilhões). As saídas de lucros e dividendos foram maiores que o esperado, e somaram US$ 5,4 bilhões. O valor é maior que agosto deste ano e setembro do ano passado. O  déficit da balança de rendas tem piorado desde o final da pandemia, e ainda não temos confiança em uma reversão dessa tendência.

o O IDP teve forte desempenho, com entrada líquida de US$ 10,7 bilhões. A participação no capital somou US$ 8,7 bilhões, enquanto as operações intercompanhia foram de US$ 1,9 bilhão. O resultado mensal do IDP foi o melhor valor desde abril de 2023, e elevou os investimentos diretos em 12 meses para US$ 75,8 bilhões. Este valor soma 3,5% do PIB e, com isso, o hiato em relação ao déficit da conta corrente diminuiu para 0,1 ponto percentual. O IDP tem mostrado desempenho forte no segundo semestre deste ano e coloca pressão de alta na nossa projeção anual de US$ 70 bilhões.

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Nossa avaliação: O melhor desempenho do Investimento Estrangeiro Direto dá um alívio à pressão que observamos no déficit em conta corrente ao longo de 2025. Enquanto a balança comercial teve piora pontual por conta de uma importação de plataforma, os números mais negativos da balança de rendas preocupam. No momento, nossa projeção é de um déficit em conta corrente de 3,3% neste ano, mas o resultado de hoje coloca um viés de alta nesta projeção.