Deputado denuncia perseguição política, explica ponto a ponto sua versão sobre a investigação e afirma que o objetivo é impedir sua chegada ao Senado.

Nesta quinta-feira (11), o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) divulgou um vídeo no qual faz todos os esclarecimentos sobre as acusações que vem sofrendo após ser indiciado pela Polícia Federal, em um inquérito conduzido sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Em tom de indignação, o parlamentar classificou o processo como “um escárnio” e afirmou que está sendo alvo de uma ação “sem lógica, sem provas e cheia de contradições”.


Gayer ironizou o anúncio do indiciamento: “Realmente, me descobriram. Minha casa caiu. Descobriram a minha associação criminosa: esconder uma escola de inglês dentro do meu escritório político… e uma lojinha de roupa online que nunca vendeu nada.” Para ele, trata-se de uma narrativa artificial destinada a criminalizar fatos absolutamente legais que antecedem sua atuação como deputado federal.


Segundo o parlamentar, o caso chegou às mãos de Alexandre de Moraes por uma justificativa “surreal”: “A PF disse que eu financiei o 8 de janeiro com cota parlamentar antes de virar deputado. Eu teria viajado no futuro, assumido como parlamentar e voltado no tempo para financiar o 8 de janeiro. É a primeira vez na história que isso acontece.”


A cronologia apresentada pelo deputado


Gayer detalhou toda a trajetória do imóvel que hoje abriga seu escritório político. Em 2013, ele abriu em Goiânia uma escola de inglês que funcionou até 2020, quando, devido à pandemia, foi convertida para o formato 100% online e deixou de operar fisicamente.


“Quando fechamos o espaço físico, todos os professores e a equipe passaram a trabalhar de casa. A escola não existia mais presencialmente. Mas, ao entregar o imóvel em 2020 e depois alugá-lo novamente em 2022, para montar o escritório político, eu esqueci de alterar o contrato social que ainda constava com o antigo endereço.”


Segundo o deputado, esse detalhe burocrático tem sido utilizado para sustentar a acusação de que o local seria uma escola clandestina financiada indevidamente com cota parlamentar.


Ele explica que, em 2022, ainda sem mandato, voltou a ocupar o mesmo imóvel — agora para instalar o “Bolsoponte”, um estúdio de podcast e ponto de venda de produtos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.


“Eu não usei fundo eleitoral. Recusei um milhão e meio. Fiz campanha com meu dinheiro. E muitas vezes o que me ajudava eram as vendas de bandeiras, bonés, camisetas. Transformar isso em crime é uma piada.”


O indiciamento do filho e a “lojinha de roupas”


O deputado também criticou o fato de seu filho ter sido incluído no indiciamento por ser o responsável formal por uma pequena loja virtual criada à época da campanha.


“Era uma lojinha online que nunca deu certo. Eu divulgava, mas meu filho não sabia vender. E mesmo assim indiciaram um menino de 22 anos, trabalhador, que nunca fez nada de errado. Estão destruindo inocentes para tentar chegar até mim.”

 Agente infiltrado e contradições no inquérito


Segundo Gayer, um agente da PF visitou o escritório político disfarçado para tentar confirmar se o local funcionava como escola de inglês — o que, segundo ele, derruba toda a tese da acusação.


“A recepcionista disse claramente: ‘aqui não é escola de inglês’. O agente registrou isso no inquérito. Mesmo assim, Alexandre de Moraes decidiu me indiciar. Não existe prova alguma de que ali funcionava uma escola. É tudo uma construção fantasiosa.”


Acusação envolvendo OSCIP e narrativa sobre emendas


O deputado também contestou outra acusação, relacionada ao apoio à criação de uma OSCIP que, segundo ele, jamais recebeu qualquer recurso público:


“A esquerda tem centenas de ONGs. A direita não tem nenhuma. Quando um assessor sugeriu ajudar alguém a criar uma OSCIP, eu concordei. A transação que fiz foi para ajudar na regulamentação e contabilidade. Essa OSCIP nunca recebeu emenda e nem está apta a receber. Mesmo assim, Moraes escreveu que eu estaria preparando um esquema futuro para desviar emendas. Eu não uso emendas parlamentares.”


Busca e apreensão antes da eleição


Gayer classificou como “bizarra” a busca e apreensão realizada em sua casa, na véspera da eleição de 2022:


“Eles alegaram que meu escritório era uma escola de inglês, mas não fizeram busca no local que supostamente seria o crime. Fizeram na minha casa para pegar meu celular. Isso nunca foi investigação — foi tentativa de intimidação.”


Motivação política e tentativa de barrar sua candidatura


O deputado afirma que o objetivo da operação é impedir sua chegada ao Senado:


“Estou em primeiro lugar nas pesquisas. Sou um dos que mais fala abertamente sobre o impeachment de Alexandre de Moraes. Eles vão fazer de tudo para impedir que eu chegue lá.”


Mesmo assim, garante que continuará enfrentando o que chama de abuso de autoridade:


“A imprensa vai sambar e dançar em cima disso, como sempre faz com qualquer pessoa de direita. Mas eu não vou parar. Não vou calar a boca. Nós vamos chegar ao Senado e resgatar este país.”


No encerramento, Gayer afirma que o ataque à sua família apenas fortalece sua determinação:


“Indiciaram meu filho achando que eu ia ter medo. Só aumentou minha vontade de lutar contra essa ditadura. Eles não têm limites", finalizou Gayer

Free shops do RS

Estudo divulgado ontem sobre a atividade das Lojas Francas de Fronteira Terrestre, com foco em Uruguaiana, município da Fronteira Oeste, hoje responsável pela maior movimentação do setor no país, mostra que o RS possui 37 free shops localizados em Sant’Ana do Livramento, Jaguarão, São Borja, Quaraí, Porto Mauá, Porto Xavier, Itaqui, Uruguaiana e Barra do Quaraí. As vendas nas lojas de fronteira do Rio Grande do Sul passaram de US$ 3,4 milhões em 2019 para US$ 60,8 milhões em 2024. 

O levantamento reúne informações sobre vendas, origem dos consumidores, dinâmica do comércio e impactos sobre o emprego e os serviços, com base em dados de 2019 a 2025.

As vendas nas lojas de fronteira do Rio Grande do Sul passaram de US$ 3,4 milhões em 2019 para US$ 60,8 milhões em 2024. Do total comercializado pelos free shops terrestres no Brasil, 46% foram no município de Uruguaiana, chegando a 68% a participação total do Estado no país.

Em reais, o volume de vendas em Uruguaiana, que é o município que tem mais fre shops, por exemplo, superou R$ 100 milhões em 2022 e chegou a R$ 207 milhões em 2024, representando 8% do varejo total do município. A cidade reúne hoje 16 lojas francas — a maior concentração do país — em um cenário em que o Rio Grande do Sul soma 37 estabelecimentos.

Leia todo o texto de Marcelo Bergter, da secretaria do Planejamento do RS:

O crescimento da atividade também se observa no setor de serviços. Entre 2020 e 2023, as vendas de alojamento e alimentação avançaram 67% em Uruguaiana, diante de 27% no Rio Grande do Sul, acompanhando a intensificação do fluxo de visitantes associada ao turismo de compras. O emprego formal segue a mesma trajetória, tendo crescido 25% no comércio, 59% no setor de alojamento e alimentação e 26% na indústria, entre dezembro de 2020 e agosto de 2025. Todos esses incrementos são superiores à média estadual no mesmo período. O município também ampliou sua presença como destino no transporte intermunicipal de passageiros, atingindo a maior participação no Estado desde 2019.

A análise das vendas individuais nos free shops também revela um aumento da participação de compradores que dispendem, em média, mais de US$ 300. Em Uruguaiana, cerca de 9% dos compradores de lojas francas se situaram nessas faixas, em 2025. Embora a maior parcela dos compradores siga gastando menos de US$ 100, o aumento do ticket médio indica que um número crescente de consumidores está se aproximando do limite da cota de US$ 500.

A transformação no perfil dos consumidores corrobora as tendências sazonais e de patamar de gastos. Em Uruguaiana, a participação de estrangeiros nas compras, que era de 14% em 2019, alcançou 31% até setembro de 2025. No mesmo período, moradores num raio de até 50 km passaram a responder por 39% do valor vendido, após anos em que esse grupo superava a marca de 50%. Já os compradores brasileiros que se deslocam mais de 50 km mantiveram sua participação quase constante ao longo do tempo, representando 15%, em 2025.





Opinião do editor - Quem vazou o conteúdo do contrato de R$ 129 milhões firmado entre a mulher de Moraes e o Master ?

Até este momento, 8h30min desta sexta-feira, ninguém especulou a respeito do vazamento do conteúdo do celular que a Polícia Fedeal apreendeu do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, dia 20 de novembro, quando ele foi preso no aeroporto de Guarulhos por ordem da desembargadora federal Solange Salgado da Silva. Solange mandou soltar Vorcaro no dia 28. O processo, que estava com ela, foi avocado por Dias Toffoli, STF, que colocou tudo sob sigilo completo, sem enviar nada para a PGR até este momento. 

Quem vazou o conteúdo do celular de Daniel para O Globo: Solange, a PF ou Toffoli ? O que mais contém o celular, além da notícia sobre o contrato fechado com o escritório da mulher e dos filhos de Moraes ? Por que Viviane Barci de Moraes, seus filhos e seu marido Moraes estão tão calados a respeito do caso ?

O que se sabe é que a magistrada que prendeu e soltou Daniel foi defendida num caso que teve quando foi diretora da Associação de Juizes, pela mesma banca de advogados que defende Vorcaro, no caso a Bottin & Tramasauki. E mais: Dias Toffoli, dias antes de avocar o processo, viajou para Lima na companhia de outro advogado do Master, que é de Daniel. Pior ainda: a mulher do colega de Toffoli, Alexandre de Moraes (leia abaixo) tem um contrato de R$ 129 milhões com o Master de Daniel. No andar da carruagem, entrou em cena o ministro Gilmar Mendes, que mudou a lei de impeachment de ministros do STF, tentando salvar seus dois colegas. 


Saiba mais detalhes

 O jornal O Globo continua publicando em pequenas, mas escandalosíssimas doses, o conteúdo vazado do celular do banqueiro Daniel Varcaro, apreendido pela Polícia Federal quando ele foi preso em Guarulhos, São Paulo. Malu Gaspar, colunista do jornal, já tinha informado que o escritório da mulher do ministro Moraes, Viviane Barci de Moraes, onde trabalham também dois filhos do ministro, firmou um contrato de 3 anos com o Banco Master no valor de R$ 129 milhões. Foi no dia 16 de janeiro de 2024.A prisão e a liquidação do banco, interromperam os pagamentos, mas Viviana já tinha recebido R$ 79 milhões, algo como R$ 3,6 milhões por mês.

Ontem, o jornal revelou novos vazamentos. No contrato,  ao qual o jornal teve acesso, o escritório da família de Moraes deveria atuar na defesa dos interesses da instituição financeira junto ao Banco Central, à Receita Federal e ao Congresso Nacional. Diz o contrato:

"Para a execução do objeto do presente contrato, a contratada realizará: organização e a coordenação de cinco núcleos de atuação conjunta e complementar – estratégica, consultiva e contenciosa – perante o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Judiciária (em outras palavras, a Polícia Federal), órgãos do Executivo (Banco Central, Receita Federal, PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, Cade (órgão de defesa da concorrência) e Legislativo (acompanhamento de projetos de interesse do contratante).”

Há mais, inclusive sobre conversações entre Viviane e Daniel.