Artigo, especial, Alex Pipkin - A ditadura das narrativas, da fragmentação e do ressentimento

Alex Pipkin, PhD em Administração

Quando o atual presidente, o autoproclamado “pai dos pobres”, foi recolocado no poder, embalado pelo slogan sentimentalista da União e Reconstrução, ofereceu-se ao país uma narrativa cuidadosamente polida, quase litúrgica, de pacificação nacional. 

A retórica pretendia ser bom-mocista, mas escondia o inescondível. Há um dado estrutural inescapável na história e nas experiências pragmáticas da realidade vivida.

Ideologias que se apresentam como redentoras precisam, invariavelmente, construir um inimigo. Sem esse antagonista funcional, sua coerência interna se dissolve como sal em água.


Foi exatamente essa engrenagem que se instalou mais uma vez no Brasil. Em vez de governar para uma nação plural, o progressismo identitário dedicou-se a fragmentá-la em antagonismos artificiais, no conhecido divisionismo social. A luta entre brancos contra negros, homens contra mulheres, ricos contra pobres, católicos contra judeus…

A política deixou completamente de operar no campo da razão e passou a funcionar como catequese emocional, onde cada grupo é eternamente convertido em vítima e todo dissidente é tratado como opressor estrutural.

Enquanto isso, aquilo que determina o destino de um país próspero, ou seja, desenvolvimento econômico, ambiente de negócios saudável, produtividade, emprego, renda e riqueza, foi relegado ao rodapé, como se prosperidade fosse irrelevante diante da oportunidade de administrar vinganças e ressentimentos. O projeto lulopetista em curso não se orienta para crescer, mas para punir. Não pretende integrar, mas disciplinar e buscar um acerto de contas.

O lulopetismo transformou o Estado em instrumento de vingança política. A divergência passou a equivaler a suspeição; a crítica, a transgressão; o opositor, a criminoso moral. Instituições inteiras foram capturadas pelo espírito punitivo dessa cruzada “progressista”, convertendo-se em aparelhos de vigilância ideológica sob o pretexto de proteger a democracia e o Estado de Direito. A censura deixou de ser fantasma autoritário e tornou-se política pública. A intimidação se transformou na estratégia e a aplicação do medo em rotina.

O ápice desse processo é a transformação do ex-presidente Bolsonaro em inimigo público número um. Sua prisão cumpre uma função ritualística que não se trata apenas de disputa jurídica, mas de um sacrifício simbólico que mantém coesa a coalizão emocional do governo. Um bode expiatório é sempre necessário quando o poder não consegue produzir prosperidade, hipnotizando o país pela lógica punitiva.

E o Brasil segue aceitando a bizarra ideologização “progressista”, assistindo o teatro dantesco como se fosse solução dos problemas nacionais.

Mas a realidade é implacável. Vivemos no pior dos mundos.

Um país onde a coesão social foi completamente destruída, consolidando-se uma cultura do medo, imposta de cima para baixo. Opositores políticos são perseguidos sem pudor, apenas por pensarem distinto da “verdade” fabricada pelo Estado “progressista”.

A censura voltou a ser rotina institucional, implantando-se uma ditadura — inevitável, ainda que negada — não pelo estrondo das botas, mas pelo silêncio forçado das consciências.

O Brasil precisaria ser uma nação pujante.

Mas, sob a lógica do ressentimento e da vingança, tornou-se apenas um país administrado pelo medo, e brutalmente paralisado por quem converteu a política em tribunal, a dissidência em crime, e o futuro em punição.

Simples. Mas por quanto tempo mais?

Artigo, especial - A prisão de Bolsonaro - o pacto da hipocrisia e da omissão

Este artigo é do Observatório Brasil Soberano

 A prisão preventiva de Jair Bolsonaro revela uma face preocupante da justiça brasi leira, marcada por uma fundamentação jurídica frágil e um evidente desrespeito à inteligência pública. A decisão do ministro Alexandre de Moraes justifica-se pela necessidade de preservar a ordem pública e evitar o risco de fuga, baseando-se em argumentos questionáveis como a suposta violação da tornozeleira eletrônica e a convocação de uma vigília por seus apoiadores. Contudo, uma símples análise mostra que essas razões não se sus tentam. Afinal, como alguém com graves problemas de saúde, vigiado incessante mente pela Polícia Federal em um condomínio fechado, poderia efetivamente fugir? Esta pergunta desmonta o principal fundamento da prisão. A prisão domiciliar anterior, já apontada como ilegal por muitos analistas e juristas, criou um precedente perigoso, especialmente porque Bolsonaro sequer foi denun ciado formalmente no inquérito que motivou sua detenção. Agora, com essa nova ordem de prisão preventiva, insiste-se numa narrativa que não resiste a uma ava liação lógica ou factual. A alegada "violação" da tornozeleira nunca foi esclarecida adequadamente — podendo ser uma falha técnica ou sequer ter ocorrido — o que fragiliza ainda mais a alegação de risco às investigações ou à aplicação da pena. O que se percebe é clara a utilização da Justiça como ferramenta política, que ultra passa os limites do ato legal para invadir espaços de perseguição e constrangimento, ignorando garantias básicas do Estado de Direito. Assim, está em jogo a integridade do sistema democrático e sua capacidade de re sistir ao arbítrio mascarado de legalidade. Para quem controla o sistema, entretanto, esses parecem meros detalhes dispensáveis. Escancara-se também o silêncio e a omissão daqueles que afirmam lutar pela liber dade, mas preferem se acomodar, tornando-se cúmplices da degradação democráti ca. A mídia tradicional, com sua seletividade e parcialidade, contribui para confundir e manipular a opinião pública, negligenciando as claras violações institucionais. No amplo espectro social, muitos fingem resistência somente quando lhes convém, aceitando passivamente a politização da Justiça na medida em que isso não lhes traz prejuízo. Essa postura enfraquece a democracia e favorece o avanço do autoritarismo. Entre os omissos encontram-se também presidentes de partidos que se calam para salvaguardar interesses próprios, políticos que utilizam o nome e a credibilidade de Bolsonaro para benefícios pessoais — limitando-se a discursos vazios e promessas de anistia que nunca são concretizadas — e o mercado financeiro, que persiste em seu silêncio cúmplice, fingindo normalidade ante a instabilidade institucional. Ignorar os sinais ou reproduzir combates seletivos não é apenas conivência, é hipo crisia política que ameaça as bases do Estado de Direito. Defender a liberdade exige mais do que palavras vazias; requer ações concretas e um compromisso inabalável. Se esse pacto de omissão e hipocrisia continuar, a prisão de Jair Messias Bolsonaro será apenas mais um episódio de um espetáculo jurídico-político que destrói prin cípios fundamentais e conduz o Brasil a uma espiral de instabilidade. Essa aliança tácita afronta o dispositivo constitucional que garante a todos igualdade perante a lei e ameaça o próprio coração do Estado Democrático de Direito. E, como diz a máxima, pau que bate em Chico, também bate em Francisco. Hoje é Bolsonaro, amanhã poderá ser quem se calou agora.