Alex Pipkin, PhD
Os tempos de fato são turbulentos, e eu diria de retrocesso. A verdade não apenas é negligenciada, mas esmagada, sufocada, como se fosse um detalhe irrelevante diante do espetáculo das narrativas ideológicas. O que mais me devasta não é a mentira em si, mas a facilidade com que ela se instala e se transforma em versão oficial. Assassinos, terroristas, criminosos sem escrúpulos são apresentados como mártires e vítimas, enquanto Israel, o Estado judeu, é acusado de ser o vilão. Essa inversão é grotesca, mas sobretudo insuportável, porque repete, diante de nossos olhos, a mesma lógica que precedeu o Holocausto, quando o mundo inteiro se acostumou a demonizar um povo até transformá-lo em sub-raça. Desafortunadamente não se conhece a história dos gregos e dos judeus e a história da própria civilização humana.
A sensação é de viver num mundo de cabeça para baixo, onde a lógica e a razão foram sequestradas, onde jovens repetem slogans sem pensar, onde líderes populistas posam de defensores da paz enquanto apertam as mãos dos que pregam o extermínio, onde a grande mídia escolhe cuidadosamente quais cadáveres exibir e quais esconder, como se a morte tivesse valor de mercado. É devastador perceber o quão frágil se tornou a razão e o quanto estamos anestesiados diante do ódio.
Ainda assim, não faltam provas. Os crimes contra a humanidade cometidos pelo Hamas não são boatos, invenções ou propaganda. São fatos, registrados, documentados, testemunhados. Mas diante de uma juventude manipulada e de líderes inescrupulosos, o que falta não é evidência, mas coragem. Coragem de dizer que os terroristas não são heróis, que os mortos israelenses não são descartáveis, que Israel tem o direito de se defender porque tem o direito elementar de existir.
Vejam. O Papa recém-eleito, Leão XIV, já afirmou que a guerra em Gaza não é genocídio, porque a palavra genocídio tem um peso técnico rigoroso, e descartou o uso distorcido do termo. Ainda assim, a acusação se repete, como um refrão vazio. O que se busca não é justiça, mas linchamento moral. Até quando suportaremos essa farsa? Até quando aceitaremos que os carrascos sejam tratados como vítimas?
O paralelo com o passado é inevitável. A Alemanha dos anos 30 também foi tomada pela retórica, pela propaganda, pela inversão que tornou criminosos em salvadores e vítimas em monstros. O Partido Nazista não cresceu apenas pela violência das ruas, mas pelo silêncio cúmplice e pela repetição de mentiras até que soassem como verdades. Hoje assistimos à mesma operação com novos atores, novos meios e uma plateia global mais distraída. E esse silêncio é ensurdecedor, e ainda mais devastador é o discurso que legitima os terroristas, alinhando-se ao eixo do mal e cometendo o mal por palavras e omissões.
Agora chega o Yom Kippur, o momento mais sagrado do povo judeu, o instante em que Israel se recolhe diante de Deus em jejum e oração, em silêncio e arrependimento, pedindo vida, perdão e reconciliação. Não foi Deus que falhou com os judeus. Foram os judeus que falharam com Deus. Enquanto um povo inteiro se volta ao Criador para renovar a vida, o mundo o acusa de genocídio. Enquanto se confessa diante de Deus, seus inimigos clamam por sua destruição. Não há contraste mais brutal, nem metáfora mais precisa da inversão de valores que assola nossa época.
Eu não consigo me calar diante disso. O silêncio de hoje é o mesmo silêncio de ontem. Negar a verdade é ser cúmplice da mentira. Fingir neutralidade é legitimar o terror. O imperativo moral é muito claro: denunciar, resistir, gritar contra a farsa. Porque quando a verdade é negligenciada, a barbárie deixa de ser uma ameaça distante e se torna uma presença inevitável.
Quem insiste em calar diante dessa inversão já escolheu o seu lado. O lado errado, da mentira, do terror. O lado da barbárie.