Opinião, Luciano Zucco - O Brasil não tem por que entrar na guerra nuclear

 A Oposição recebe com enorme preocupação e indignação a declaração feita pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que o Brasil “pode precisar de defesa nuclear, caso o mundo continue como está”.


O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e, ao longo de décadas, construiu uma posição internacional sólida de utilizar a energia nuclear exclusivamente para fins pacíficos. Uma fala dessa natureza, vinda de um ministro de Estado, é de extrema gravidade e coloca em risco a imagem e os compromissos diplomáticos assumidos pelo país.


Num momento em que já enfrentamos o rompimento de relações com os Estados Unidos e um estremecimento completo com nações parceiras, essa declaração irresponsável pode servir de combustível para que o Brasil seja alvo de novas sanções internacionais, não apenas por parte dos EUA, mas também da União Europeia e de todos os países que detêm a tecnologia nuclear.


O exemplo recente do Irã é um alerta: o país sofreu sanções pesadíssimas e, por último, até mesmo um ataque direto dos Estados Unidos às suas instalações nucleares, justamente porque sua inteligência indicava que Teerã estaria a um passo da bomba atômica. Colocar o Brasil no mesmo caminho é um erro histórico que pode custar muito caro à nossa economia, à nossa diplomacia e à nossa soberania.


Não podemos permitir que um ministro do governo Lula, por bravata ou despreparo, exponha o Brasil a riscos econômicos, diplomáticos e estratégicos dessa magnitude.


A Oposição já está atuando para apresentar requerimentos de convocação do ministro Alexandre Silveira, tanto na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) quanto na Comissão de Segurança Pública, para que ele dê explicações urgentes sobre suas declarações, que podem comprometer a credibilidade e a segurança nacional do Brasil.


Artigo, especial, Alex Pipkin - O óbvio (lulante) e o empresariado míope

Alex Pipkin, PhD

E-maiol do autor - alex.pipkin@hotmail.com

Lecionei e trabalhei com comércio exterior por mais de três décadas e meia. Vivi, ensinei e respirei comércio internacional. E, ainda assim, me espanta a incapacidade — ou seria cumplicidade? — do setor empresarial brasileiro de enxergar o que é evidente: o óbvio (lulante).

Governos de esquerda dito progressista — progressismo de araque, claro — partem da premissa conhecida: o Estado deve induzir a economia. Governos que se aproximam, ao menos em tese, do liberalismo econômico, entendem que a liberdade de mercado e o comércio exterior são pilares do desenvolvimento. Isso não é teoria: é história. Países abertos crescem, inovam, aumentam produtividade e oferecem aos cidadãos bens melhores e mais baratos. Países fechados afundam em ineficiência, atraso tecnológico e baixa competitividade.

O Brasil sempre foi uma fechadura. Um país fechado por convicção ideológica e conveniência política. Quanto mais à esquerda o governo, mais pesado o populismo nacional-desenvolvimentista: “petróleo é nosso”, “vamos gerar empregos nacionais”, “vamos proteger a indústria local”. A velha ladainha do atraso, vendendo ilusões ao povo.

Um exemplo emblemático é o próprio Correios brasileiro, afundando em prejuízo graças à lógica da economia fechada. Mercados abertos geram gigantes que inovam, oferecem soluções completas e mais baratas. O “Correios é nosso” tornou-se símbolo de atraso e ineficiência, reflexo do intervencionismo que persiste há décadas.

O que me escandaliza é o empresariado brasileiro que, mesmo sabendo de tudo, continua flertando com os governos lulopetistas. Em 2022, boa parte alinhou-se a Lula, como se fosse surpresa, como se ignorassem — e todos sabem — como o lulopetismo pensa, entre aspas pensar, e como age de fato.

Os banqueiros sempre se ajeitam. No Brasil, quatro instituições dominam o sistema financeiro, protegidas pela falta de concorrência. Os industriais de compadrio agradecem: quanto mais barreiras, menos competição, mais fácil sobreviver com fábricas obsoletas e produtos defasados. O restante do empresariado, os que deveriam se importar com inovação, produtividade e competitividade, parecem advogar contra seus próprios interesses. Tiro no pé com firma reconhecida em cartório.

Participando de associações de classe, em conselhos, vi empresários sempre obcecados com a taxa cambial, incapazes de discutir inovação ou reposicionamento estratégico, incapazes de abrir mão daquilo que dá conforto para fazer o que garante relevância. Muitos preferem ficar parados, e ficar parado, como sabemos, sempre é uma escolha, sempre é a escolha mais perigosa de todas. Reclamam da China, do Vietnã, de quem ousa competir, como se a culpa fosse do concorrente e não da miopia empresarial, que prefere o abraço paternalista do Estado ao desafio do mercado aberto.

A juventude, ainda que lentamente, começa a acordar: menos ideologia, mais pragmatismo; menos discursos, mais entregas concretas em emprego, segurança, saúde e educação. Parte do empresariado, porém, continua dormindo num sonho siciliano, imerso em ilusões e incapaz de enxergar o óbvio (lulante).

O tarifaço de Trump ilustra bem o efeito: equivocado e populista, ainda assim Lula trata como invasão de soberania, ignorando a ironia. O verdadeiro tarifaço — verde e amarelo — existe aqui desde sempre: tarifas elevadas, subsídios distorcidos e barreiras a insumos essenciais para a indústria. O resultado já se faz sentir; as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram quase 19% em agosto, e a tendência é piorar.

E o que também é tragicômico é que o empresariado nacional, em vez de pressionar o governo brasileiro para diminuir barreiras e abrir o mercado doméstico, dedica-se a fazer lobby nos Estados Unidos. O lobby deveria ser feito no Brasil, agora, como tal, e faz justamente o contrário. Mais um exemplo do sonho siciliano: incapaz de enxergar o óbvio (lulante).

O mercado dos Estados Unidos é estratégico. Só a Califórnia, isoladamente, possui economia maior que muitos países, sendo a quarta maior economia do mundo. Perder competitividade nesse destino é desastre estratégico.

Resta a pergunta que ecoa como escândalo silencioso: como pode um Empresariado, com E maiúsculo, apoiar um governo que já mostrou repetidamente como pensa e como age? Eis o óbvio lulante que insiste em não ser visto.

Grupo sino-português construirá o túnel Santos-Guarujá. Investimento irá a R$ 6,8 bilhões.

O grupo português Mota-Engil, que tem participação da empresa chinesa China Communications Construction Company (CCCC), venceu nesta sexta-feira o leilão para a construção do túnel que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá, no litoral paulista, tudo na extensão de 1,5 kms. O leilão foi realizado durante a tarde de ontem na B3, sede da Bolsa de Valores de São Paulo.Segundo o governo paulista, as travessias por embarcações transportam diariamente mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.Com o túnel, o tempo gasto nessa travessia não deverá ultrapassar cinco minutos

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto terá aporte público de até R$ 5,14 bilhões, dividido igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal. O restante será coberto pela iniciativa privada.

Pedido de suspensão

Nessa quinta-feira (4), o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), rejeitou um pedido feito pelo Ministério Público junto ao TCU (MPTCU) para suspender o leilão do túnel . O MP baseou-se em notícias de jornal.



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