Simers denuncia que ao arrepio de decisão do STF, IPF transfere pacientes e derruba o Hospital de Porto Alegre

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) avisou as autoridades públicas, hoje, que está muito preocupado com a transferência de pacientes do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), Porto Alegre. O Simers exige a comprovação do atendimento psiquiátrico dos pacientes removidos e está acompanhando de perto os desdobramentos. 

O que diz o presidente do sindicato, o médico Marcelo Matias:

- Causa ainda mais perplexidade o início da demolição de um dos prédios da instituição, localizado na Avenida Bento Gonçalves. 

Marcelo Matias exige o cumprimento de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em maio deste ano, por decisão do ministro Flávio Dino, concedeu liminar em ação movida pelo Simers, suspendendo a aplicação da Resolução nº 487/2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determinava o fechamento, em 12 meses, dos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico em todo o país, incluindo o IPF.

Há desmonte das emergências psiquiátricas em Porto Alegre, assim como o fechamento do IPF de forma abrupta, sem planejamento e sem rede estruturada de acolhimento, colocando em risco a segurança da população e a saúde dos pacientes.

Artigo, João Satt - Anti-Heróis

- João Satt, estrategista, CEO Grupo G5
Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio.

Vivemos cercados por narrativas épicas: executivos que “superaram tudo”, líderes que “nunca desistem”, heróis que sempre vencem. Mas essa é apenas a versão maquiada de um mundo corporativo que pouco abre espaço para sentir, pausar e refletir. A realidade é dura, silenciosa — muitas vezes, devastadora.

Elder é um desses personagens invisíveis, um anti-herói dos negócios. Depois de meses repetindo frases automáticas — “está difícil”, “esse governo vai afundar o país”, “o pior ainda está por vir” — já não sabia se acreditava no que dizia. O contraste era cruel: enquanto concorrentes abriam filiais e entregavam resultado, sua empresa murchava. Fornecedores chegaram a jogar na cara da equipe: “o problema está aqui, não no governo”.

Ele já havia cortado tudo — não só gordura, mas também músculos. O olhar vago denunciava apatia. Nos bastidores, a sucessão era especulada. “Bet corredor” apostava se ele duraria até o final do ano. A cada dia, o desânimo crescia, e a pergunta pairava: por que ele não reagia?

Esse filme não pertence apenas a Elder. Ecoa na vida de muitos executivos. Existe um pouco de Elder em cada um de nós: sabemos que não temos todas as respostas, mas seguimos acreditando que resolver parte do problema bastará para que tudo se ajeite. Nesse hiato, a ansiedade nos devora. Sacrificamos saúde, tempo e relações em troca de resultados que, no fim, pouco significam diante da vida que escorre pelos nossos dedos. Esquecemos que nada compensa a ausência no jantar com os filhos, que não há bônus capaz de devolver uma infância perdida, nem dividendos que paguem uma saúde estilhaçada. Filhos saudáveis precisam de pais presentes — e isso exige que vida seja resgatada antes que seja tarde.

Quando fazemos as perguntas mais simples, percebemos o peso da contradição: por que devo suportar tudo isso? O que eu ganho quando perco? São questões diretas, mas quase impossíveis de responder no ritmo alucinado que o mercado impõe. Talvez a armadilha esteja justamente aí — nunca se dar a oportunidade parar para pensar.

Esta é uma pequena homenagem — que traz um alerta — aos CEOs e executivos esmagados por um sistema voraz, competitivo e desumano. Não adianta insistir em brigar com baionetas diante de exércitos com tecnologia de ponta. A inovação é implacável; a conveniência, soberana. Velhos modelos já não atraem. Não resistir ao novo, já é 50% da vitória. A confusão faz parte do cenário, estamos o que já não funciona e o que ainda não se consolidou.                            Confuso, sim — mas rico em oportunidades. O exemplo dos carros elétricos é emblemático: criticados, questionados, mas crescendo exponencialmente a cada ano. O mundo já entendeu que combustíveis fósseis têm prazo de validade. O erro de Elder — e de tantos outros — foi tentar modernizar carruagens, quando o futuro exigia outro caminho. O medo é natural. A paralisia, fatal.

Não alimente o Elder dentro de você. O futuro não perdoa quem espera demais. Reinvente-se. Resgate sua saúde, sua vida, sua presença. Aprenda a conviver com dias cinzentos. Afinal, eles não passam de um piscar de olhos antes de um novo sol.

Dica do editor - Saiba como EUA mudam política de imigração para profissionais qualificados

 Olá, Polibio, tudo bem?

 

Boa tarde. 

 

Me chamo Lucas Orte e sou assessor de imprensa da VisaLex, uma consultoria jurídica internacional especializada em imigração, cidadania e soluções consulares para brasileiros;

 

O programa de vistos H-1B, porta de entrada estratégica para profissionais estrangeiros nos Estados Unidos, está passando por um processo de modernização que promete mais transparência, justiça e alinhamento às demandas do mercado de trabalho. Entre as mudanças já confirmadas estão a definição mais clara de “ocupação especializada”, medidas antifraude e a ampliação de oportunidades para instituições de ensino e pesquisa.

 

Segundo Luciane Tavares, advogada de imigração e cofundadora da VisaLex, as atualizações representam um avanço histórico: “Agora vemos a construção de um sistema mais justo e meritocrático, capaz de valorizar verdadeiramente a experiência e o conhecimento de cada candidato.” Para ela, os impactos positivos também alcançam empresas de setores estratégicos, que terão acesso mais ágil a talentos globais.

 

Obrigado.


Lucas Orte | (11)99818-8514 

 

 



EUA modernizam visto H-1B e abrem novo ciclo de oportunidades para profissionais qualificados em todo o mundo

 

Mudanças recentes e propostas de reformas tornam o programa mais transparente, justo e alinhado às demandas do mercado de trabalho global, avalia a VisaLex

 

 


Dica do editor - Saiba como EUA mudam política de imigração para profissionais qualificados

Os Estados Unidos estão passando por uma transformação significativa em sua política de imigração para profissionais qualificados. O programa de vistos H-1B, historicamente complexo e alvo de críticas, está em processo de modernização e promete abrir novas oportunidades para talentos de todo o mundo.

 As mudanças refletem uma combinação de medidas introduzidas na gestão Trump, atualizações promovidas pelo governo Biden e propostas de reformas previstas para 2026 e 2027. O resultado é um cenário mais transparente, justo e conectado às necessidades atuais do mercado de trabalho norte-americano.

Entre as principais novidades já confirmadas para 2025 estão:

Definição mais clara de “ocupação especializada”, garantindo maior relevância entre qualificações acadêmicas e cargos;

 • Medidas antifraude, incluindo visitas presenciais e verificação mais rigorosa de empregadores;

 • Ampliação de oportunidades para instituições de ensino e organizações de pesquisa isentas do limite de vagas (cap-exempt)

Para os próximos anos, estão em discussão propostas que podem redefinir completamente o sistema, como a substituição da loteria por um modelo de seleção baseado em salários e qualificações, a eliminação de limites de green cards por país e a criação de caminhos mais ágeis para residência permanente.

 Segundo Luciane Tavares, advogada de imigração e cofundadora da VisaLex, consultoria jurídica internacional especializada em imigração, cidadania e soluções consulares para brasileiro, essas mudanças representam um marco para quem deseja construir carreira nos Estados Unidos: 

 “O H-1B sempre foi uma porta de entrada estratégica para profissionais altamente qualificados, mas também um processo repleto de incertezas. Agora, com a modernização, vemos a construção de um sistema mais justo e meritocrático, capaz de valorizar verdadeiramente a experiência e o conhecimento de cada candidato.”

 Ela acrescenta que os impactos positivos não se limitam aos profissionais: “As empresas norte-americanas, de setores como tecnologia, saúde, biotecnologia, finanças e educação, terão acesso mais rápido e eficiente a talentos globais. Isso fortalece a competitividade dos EUA e cria um ambiente de inovação sustentável. Para os candidatos, significa mais clareza e perspectivas reais de permanência de longo prazo no país.”

 Para a VisaLex, as reformas representam mais do que ajustes legais: são um convite para profissionais e famílias que sonham em construir sua trajetória nos Estados Unidos. Com orientação especializada, é possível transformar o desafio do processo migratório em uma oportunidade concreta de crescimento pessoal e profissional.

 Sobre a VisaLex

 A VisaLex é uma consultoria jurídica internacional especializada em imigração, cidadania e soluções consulares para brasileiros. Com sede nos Estados Unidos, a empresa combina atendimento personalizado em português, inglês e espanhol com tecnologia de ponta para oferecer processos ágeis, transparentes e assertivos. Mais informações em: www.visalex.com/pt.


 


Artigo, André Costa, Timeline - A "Lei Felca"

O pretexto para amarrar os adultos

Mais uma vez, o Estado vem com a velha história de proteger as crianças. Quem seria contra, não é? Só que, no Brasil, todo projeto para "proteger" costuma ter um alvo escondido: você, cidadão adulto.

O PL 2628/22, a tal Lei Felca, aprovado na Câmara e prestes a ser votado no Senado, promete blindar crianças e adolescentes da internet suja. Na prática, o que ele faz é algemar todos os brasileiros adultos ao aparato de vigilância digital.

Essa lei exige que todo serviço on-line - redes sociais, e-mail, música, games, até a Wikipedia - passe a pedir comprovação de idade em cada acesso. Essa "comprovação" pode ser: foto de documento, vídeo da sua cara, biometria facial ou até uma transação bancária estornável.

Empresas estrangeiras só poderão operar se tiverem CNPJ no Brasil e um representante legal (para ser punido). As que não cumprirem as determinações estarão sujeitas a multa de até R$ 50 milhões ou bloqueio nacional pela Anatel.

Para os desavisados, no papel, até parece coisa boa: proteger menores de idade da criminalidade, da violência, das drogas, da pornografia e de jogos adultos... Os pais ganhariam ferramentas para vigiar a vida digital dos filhos. E tudo com a mesma cantilena de sempre: "É para o bem das crianças".

Só que é preciso entender que, com essa lei, a privacidade será aniquilada; cada login vai virar um ato de fichamento. A censura será institucionalizada; a Anatel ganhará o poder de desligar qualquer serviço no país. E a concentração de mercado vai se acentuar; só as big techs podem bancar essa burocracia. As pequenas empresas tendem a sumir.

Os dados dos brasileiros estarão em risco. Uma quantidade incalculável de informações biométricas será jogada nos servidores, e ninguém estará livre de um vazamento. Muitos usuários podem decidir usar o VPN, e o governo não hesitaria em banir também essa ferramenta, o que é feito em ditaduras.


A omissão dos pais


A "Lei Felca" nasce de um comportamento altamente reprovável e perigoso de muitos pais... Eles se omitem na educação dos filhos, que são largados diante de telas, e aceitam que o Estado se arvore a preencher essa lacuna tão delicada. Por causa disso, da falha dos pais como educadores e orientadores dos filhos, a lei se esparrama e passa a tratar todos os adultos como suspeitos.

O Brasil nunca foi uma terra sem lei, nem mesmo sem leis para a área digital. Já existem normas para punir crimes e proteger vulneráveis. O que falta é a aplicação. E o que nos empurram é uma aberração legislativa.

O PL 2628/22 é um "cavalo de Troia". Vem com a promessa de proteção, mas carrega em si o maior aparato de vigilância já planejado contra a sociedade brasileira. Se passar, não será um "escudo" para crianças, e, sim, uma coleira digital para todos nós.


Link deste artigo:

https://revistatimeline.com/a-lei-felca/


Artigo, especial - A declaração da Casa Branca e o complexo industrial da censura no Brasil

Este artigo é do "Observatório Brasil Soberano"

 A declaração da porta-voz da Casa Branca sobre a possibilidade de uso de força econômica e até militar em defesa da liberdade de expressão causou surpresa em muita gente. Para alguns, soou até desproporcional. Mas o contexto ajuda a entender por que o governo americano levou o tema a esse nível de gravidade: o debate não se limita a redes sociais, envolve uma estrutura organizada de poder que atua para controlar o que pode ou não ser dito no espaço público digital. Os chamados *Twitter Files* revelaram nos Estados Unidos a existência de uma articulação ampla entre agências governamentais, empresas de tecnologia, veículos de imprensa, instituições acadêmicas e grupos da sociedade civil. Esse conjunto, que opera como um sistema de vigilância ideológica, se mobilizou para remover conteúdos, silenciar vozes críticas e criminalizar opiniões diver gentes. A justificativa recorrente foi o combate ao discurso de ódio ou à desin formação, mas os documentos mostraram que, na prática, o alvo eram posições políticas fora da linha considerada aceitável pelo establishment. A França expôs uma realidade semelhante. Os arquivos franceses do Twitter mostram que, por trás das decisões judiciais apresentadas como medidas pon tuais contra o “discurso de ódio”, havia um esforço coordenado. O envolvimento do governo Macron, de ONGs alinhadas politicamente e do próprio judiciário criou um mecanismo de pressão sobre as plataformas digitais. O resultado foi um regime de censura que extrapolou o que a legislação francesa exigia formal mente, consolidando um modelo de controle de narrativas em escala nacional. Esse padrão se repete em diferentes países, inclusive no Brasil. Aqui, também se observou o patrocínio de ONGs e a atuação direta do Judiciário em casos que resultaram na remoção de conteúdos e no silenciamento de opositores. O ob jetivo era manter a hegemonia de determinadas correntes políticas e culturais, sustentadas pelo discurso de que estariam defendendo a democracia. Na práti ca, cria-se um ambiente em que divergências reais são abafadas e a pluralidade de opiniões passa a ser tratada como ameaça. Esse conjunto de práticas ganhou o nome de “complexo industrial da censura”. O termo traduz a ideia de que já não se fala de iniciativas isoladas, mas de um arranjo estável e permanente, com base material, financiamento e amparo ins titucional. Governos, empresas de tecnologia, ONGs e parte do sistema judicial se integram em uma rede de cooperação que estabelece os limites do debate público e vigia o fluxo de informações com critérios políticos, não técnicos. É um projeto pensado para consolidar uma narrativa única, moldando percepções e assegurando estabilidade às mesmas elites. Ao mencionar a liberdade de expressão como tema de segurança nacional, a Casa Branca reage a esse processo. O alerta não é apenas retórico e indica que o espaço digital já foi transformado em campo estratégico, onde disputas de po der, soberania e sobrevivência política se misturam. Nesse sentido, a fala não soa como exagero, mas como reconhecimento de que a batalha pelo controle das redes se tornou uma questão central para os regimes democráticos

Artigo, deputado Luciano Zucco - Moraes e as contradições de um julgamento político

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal é a prova cabal de que estamos diante de um processo político, e não jurídico. As falas do ministro Alexandre de Moraes durante a sessão escancaram contradições graves, violações constitucionais e uma tentativa deliberada de sufocar a defesa para impor uma narrativa já escrita.


O ministro afirmou que não houve prejuízo às defesas porque “as provas usadas para condenar já estavam no processo”. Essa justificativa não se sustenta. A defesa teve acesso a mais de 70 terabytes de dados, e quatro meses jamais seriam suficientes para analisar esse volume. Nem mesmo uma inteligência artificial com recursos premium conseguiria realizar essa tarefa nesse prazo. Negar tempo e condições adequadas é violar de forma clara o princípio constitucional da ampla defesa.


Moraes disse ainda que as defesas “não juntaram nada”. Ora, como a defesa poderia juntar provas da inexistência de um crime? Isso é uma inversão absurda do ônus da prova: quem acusa deve provar. No caso, cobra-se da defesa o impossível — comprovar que um crime não ocorreu. Trata-se de uma manobra para mascarar a fragilidade da acusação.


O mais escandaloso, no entanto, é que Alexandre de Moraes se coloca simultaneamente como vítima, acusador e juiz. Ele próprio admite ser parte interessada no processo. Isso é uma afronta direta ao princípio da imparcialidade: nenhum magistrado pode julgar uma causa em que figura como vítima. Quando o juiz abandona a toga para vestir a capa de parte envolvida, o julgamento deixa de ser jurídico e passa a ser um ato político e pessoal de vingança.


Outro aspecto que não pode ser ignorado: quem são alguns dos ministros que hoje julgam Bolsonaro?



Alexandre de Moraes, que desmontou garantias democráticas e liberdades básicas, se coloca como vítima e ao mesmo tempo preside parte do processo.


Cristiano Zanin, advogado pessoal de Lula por anos, indicado diretamente ao STF como retribuição política.


Flávio Dino, ministro da Justiça de Lula e aliado histórico, transformado em julgador.


Ou seja, o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo julgado por aliados, advogados e ministros escolhidos pelo seu maior adversário político. Não se trata de justiça, mas de tribunal de exceção.


As revelações da Vaza Toga, feitas pelo ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro, expõem o que há de mais grave: a adulteração de documentos, a fraude temporal em relatórios e a fabricação de provas para embasar operações de busca e apreensão. Esse escândalo já bastaria para anular todo o processo.


Moraes não está apenas julgando atos isolados, mas tentando criminalizar toda a gestão Bolsonaro, comparando-a a uma “organização criminosa”. É um contorcionismo jurídico para transformar divergências políticas em crimes. Mais grave ainda: vemos a criminalização da crítica ao próprio Judiciário. A liberdade de expressão está sendo pisoteada em nome de um tribunal político.


Não podemos aceitar esse teatro jurídico. O devido processo legal foi atropelado, o direito de defesa foi sufocado e provas forjadas estão sendo usadas para sustentar uma narrativa pré-fabricada. Este julgamento é uma farsa, um atentado contra o Estado Democrático de Direito e contra milhões de brasileiros que acreditam na justiça verdadeira, e não em um tribunal de exceção.


Enquanto líder da Oposição, afirmo com toda clareza: resistiremos a essa encenação e denunciaremos cada abuso. O Brasil precisa de Justiça, não de perseguição travestida de processo legal.


Deputado Federal Zucco é líder da Oposição na Câmara dos Deputados

Artigo, especial, Alex Pipkin - Bilis no Poder

Alex Pipkin, PhD

Somos seres imperfeitos, atravessados por raiva, frustrações e ressentimentos. Isso é natural. O que não é natural — e muito menos aceitável — é quando esses impulsos deixam de ser contidos pelas rédeas da razão e se tornam critério último de decisões em posições de liderança. Numa sociedade saturada por estímulos — dizem que cada um de nós é impactado diariamente pelo equivalente a 175 jornais em sons, imagens, mensagens e e-mails — a pressão externa molda nosso comportamento. Mas é no modo como compatibilizamos tais estímulos com nossas necessidades que se revela o caráter. E quando predomina a baixa autoestima, a sede de reconhecimento e o desejo patológico de estima, surgem figuras que flertam com a psicopatia. Sua bilis, mais do que sua razão, passa a governar.

Robespierre é exemplo emblemático. Homem austero, de rosto rígido e olhar severo, tomou para si a missão de purificar a França revolucionária. A virtude, em seus lábios, tornou-se sinônimo de ódio aos inimigos da República. A guilhotina, mais do que instrumento de punição, foi o desfecho natural de um ressentimento travestido de justiça. O que parecia zelo pela liberdade revelou-se, na prática, fúria corrosiva. Sua bilis escorria pelas palavras, pelo tom de voz, pelas feições que denunciavam a maldade.

O paralelo com o Brasil atual é inescapável. Em nome da “luta pela democracia”, vemos instaurar-se uma purificação de caráter quase revolucionário. Agora não mais contra reis ou aristocratas, mas contra opositores escolhidos pela retórica oficial. A “democracia” passa a ser defendida ao preço de mais autoritarismo. O “Estado de Direito”, igualmente entre aspas, é invocado apenas quando serve aos interesses de quem empunha a caneta ou veste a toga. Como no tempo de Robespierre, a virtude proclamada se converte em maldade praticada, e a bilis, travestida de virtude, escorre em discursos inflamados que justificam perseguições.

A psicologia moderna explica esse fenômeno. Há traços de doença emocional que beiram a psicopatia: baixa autoestima, necessidade desmesurada de estima e reconhecimento, narcisismo autoritário, sadismo moral e ressentimento contínuo. O poder, nesses casos, serve para compensar fragilidades internas, transformando a sede de validação em perseguição implacável.

O freio natural para esses impulsos deveria ser a lei, igual para todos. Quando não o é, torna-se arma. A conduta humana também é moldada por incentivos. Sociedades só prosperam quando premia a virtude e a cooperação; quando se corrompem, premia-se a transgressão e o privilégio. É o caso do Brasil, onde o crime compensa, a impunidade protege e os privilégios se perpetuam. Nessa distorção, o mal não apenas encontra espaço; é estimulado e institucionalizado.

Todos que me seguem sabem do meu apreço pelas ideias smithianas. Adam Smith ensinou que o interesse próprio não é mal em si; pode impulsionar prosperidade, desde que regulado por leis justas e incentivos corretos. Quando o equilíbrio se perde, o interesse próprio degenera em abuso e tirania.

Hoje, não precisamos procurar muito para encontrar novos Robespierres. Eles estão engravatados, discursando sobre “democracia” e “Estado de Direito” enquanto transformam essas palavras em caricaturas. O curioso — ou trágico — é que não precisamos da Place de la Révolution, nem da guilhotina, bastam microfones, despachos e togas. O retrato da realidade é autoexplicativo. Só não vê — naturalmente — sectários ideológicos, ignorantes ou quem já se acostumou à bilis travestida de virtude.

Fux votará as 9h

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (10), às 9h, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados.

A sessão vai começar pelo voto de Luiz Fux, terceiro ministro a se manifestar no julgamento. O que este editor espera é que Fux faça voto divergente ou que peça vistas, o que paralisaria o julgamento por 90 dias.

Também foram marcadas sessões para quinta (11) e sexta-feira (12), quando deve se encerrar o julgamento.

Até o momento, o placar está 2 votos a 0 pela condenação de Bolsonaro e seus aliados pelos supostos crimes de crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Exceto no caso de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, que responde somente pelos três primeiros crimes. Os votos foram proferidos pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flavio Dino. Os ministros Cristiano Zanin e Cármen Lúcia votam na sequência de Fux. 

A maioria de votos pela condenação ou absolvição ocorrerá com três dos cinco votos do colegiado.