A Oi comunicou nesta
segunda-feira, após fechamento do mercado, que protocolou no TJ-RJ sua proposta
de aditamento do plano de recuperação judicial. As mudanças dizem respeito não
apenas à unidade móvel, mas ao grupo como um todo.
Pelo novo plano, a companhia vai
criar ao menos quatro unidades produtivas (UPIs) que seriam isoladas entre si:
uma para ativos móveis, outra para a infraestrutura passiva de torres, outra
para data center, e outra para operar as redes de telecomunicações.
Coisa que ainda não havia sido
aventada, a companhia diz que todas as unidades estarão à venda, total ou
parcialmente. O móvel já está em negociação com TIM e Vivo. Torres e data
center já constavam no plano de recuperação original.
A recuperação judicial será
encerrada mediante a liquidação e efetiva transferência dos ativos móveis para
o seu respectivo adquirente, diz a empresa.
Mas a grande novidade é a inclusão
dos ativos fixos, que reúnem até mesmo a rede de fibra óptica de 388 mil km de
extensão da companhia, dutos, rede de acesso FTTH e negócios de atacado. Neste
caso, a tele espera levantar R$ 6,5 bilhões vendendo 51% das ações da unidade.
“Estes ajustes facilitarão, ainda,
o acesso da Companhia ao mercado financeiro para a captação de novos recursos
necessários ao equacionamento racional de sua dívida e à viabilização da
execução não apenas do seu Plano de Recuperação Judicial, mas também do seu
Plano Estratégico, que visa ao reposicionamento da Companhia”, afirma a empresa,
no comunicado assinado pela diretora de finanças e relações com investidores,
Camille Loyo Faria.
O aditamento, é bom lembrar,
precisa ser votado em uma nova assembleia geral de credores, para só depois ser
homologado pelo juízo da recuperação judicial.
O QUE FICA COM A OI
Caso implementadas a
reestruturação societária realizada para segregar as UPIs e a alienação das
UPIs na forma do Aditamento ao PRJ, a Companhia permanecerá com todas as
atividades, bens, direitos e obrigações não expressamente transferidos para as
UPIs, incluindo determinados ativos de fibra óptica, backbone e backhaul de
fibra e cobre relacionados à rede de transporte do Grupo Oi, clientes
residenciais, empresariais e corporativos (inclusive os de natureza pública),
além dos serviços Digitais e de TI (Oi Soluções), bem como as operações de
manutenção e instalação de campo (SEREDE) e de atendimento a clientes (BTCC).
UNIDADES APÓS A SEPARAÇÃO
Conforme o comunicado, a nova Oi
passaria a ser formada pelas unidades produtivas isoladas (“UPIs”) Ativos
Móveis, Torres, Data Center e InfraCo. Todas essas unidades poderão ser
vendidas.
“As UPIs serão constituídas sob a
forma de sociedades por ações de propósito específico (“SPEs”) e poderão ser
alienadas, em modelos distintos para cada natureza de UPI descrita acima,
visando ao pagamento de dívidas e à geração de recursos necessários à expansão
de sua infraestrutura de fibra e serviços associados”, afirma a empresa.
A UPI InfraCo reunirá ativos de
infraestrutura e fibra relacionados às redes de acesso e transporte do Grupo
Oi. Também entram aqui novos investimentos em infraestrutura que ainda serão
realizados, tendo como objetivo a aceleração dos investimentos na expansão das
suas redes de fibra óptica. Será uma coligada da Companhia,
e buscará no mercado os recursos
necessários para o financiamento de seus investimentos.
A Oi seguirá com participação
relevante na InfraCo, com medidas para garantir a participação ativa na criação
e expansão “de uma empresa líder nacional em infraestrutura em fibra óptica”,
diz o comunicado. A criação segue uma lógica de separação estrutural entre a
empresa de infraestrutura e a empresa prestadora de serviços.
A UPI InfraCo será composta por
100% das ações de emissão da SPE que reunirá os ativos e passivos relacionados
às atividades de fibra ótica e infraestrutura da Oi. Dessa unidade serão
vendidas 51% das ações, o que deve levantar R$ 6,5 bilhões para a Oi, além da
garantia, por parte dos novos investidores, do pagamento integral da Dívida
InfraCo.
ATIVOS MÓVEIS, TORRES E DATA
CENTER
A UPI Ativos Móveis reunirá as
atividades de telefonia móvel da empresa. A ideia é leiloar a unidade, em um
“procedimento competitivo” mediante apresentação de propostas fechadas para a
aquisição de 100% das ações da empresa criada. O preço minimo será de R$ 15
bilhões.
Vence a disputa quem oferecer o
maior preço acima do preço mínimo. Ou a segunda colocada, desde que a Oi tenha
justificativa fundamentada para preterir a proposta mais valiosa. Seria um bom
motivo, por exemplo, maior probabilidade de aval regulatório. E sempre metade
dos credores precisam aprovar a venda.
A UPI Torres reúne o que diz o
nome: torres de telecomunicações outdoor e estruturas indoor e seus passivos.
Por esta unidade, a Oi espera obter R$ 1 bilhão, com venda integral do capital
social. E a UPI Data Center reúne ativos e passivos em data center. Também será
vendida integralmente, com preço mínimo de R$ 350 milhões, sendo ao menos R$
250 milhões à vista e o resto parcelado. Um investidor já apresentou uma proposta
vinculante ao assessor financeiro da Oi, o Bank of America. Ainda assim, a
empresa fará um leilão, e este interessado poderá fazer contrapropostas diante
de outros interessados.
Ou seja, considerandos os preços
mínimos de R$ 15 bilhões pelo móvel, R$ 6,5 bilhões por metade do fixo, R$ 1
bilhão pelas torres e mais R$ 350 milhões pelo data center, tem-se que a Oi
espera obter no mínimo R$ 22,85 bilhões. Hoje, o endividamento total do grupo
soma R$ 24,44 bilhões.
CREDORES
A proposta de aditamento prevê
também pagamento antecipado a certos tipos de credores. Trabalhadores que têm a
receber até R$ 50 mil serão pagos em um mês após a homologação do aditamento.
Credores com garantia real receberão o pagamento 30 dias após a venda da
unidade móvel.
Os credores quirografários, que
têm até R$ 3 mil a receber, serão pagos em 45 dias após a aprovação do plano
pela assembleia de credores, que será convocada até agosto.
O plano prevê ainda a possibilidade
de a Oi ou a InfraCo, a unidade de infraestrutura, tomar novo crédito de até R$
3 bilhões com “credores parceiros”. Além disso, a companhia quer fazer leilões
reversos para assumir quitar dívidas entre credores que oferecerem maior
deságio. Microempresas credoras receberão até R$ 35 mil até a nova assembleia
de credores.
“Com tais medidas, busca-se que
este conjunto de ativos seja suficiente para garantir a continuidade das
atividades da Companhia e o pagamento de suas dívidas nos termos do Aditamento
ao PRJ”, diz Loyo no comunicado.
Nesta terça-feira, 16, a companhia
realiza pela manhã conferência com analistas na qual espera-se mais detalhes
sobre a proposta.
resumo da ópera: mais uma que vai pro saco.
ResponderExcluir