Artigo, senador Hamilton Mourão - Os produtores gaúchos não merecem nada?

- Este artigo é publicado, hoje, no Correio do Povo.

    

Ao longo da última década, o Rio Grande do Sul tem sido rotineiramente atingido por fenômenos meteorológicos, com fortíssimo impacto negativo para o setor da produção rural. O que os produtores gaúchos têm sofrido, quase que anualmente, é a cruel alternância de estiagens violentas e eventos de inundação que foram, aos poucos, esgotando as capacidades de autofinanciamento, de pagamento de dívidas e de reorganização do Agro gaúcho.



O Agro gaúcho é um dos principais pilares da sustentação econômica do nosso Estado. Além de gerar riquezas, fornece empregos diretos e indiretos, enquanto impulsiona uma cadeia de valor que movimenta a sociedade gaúcha, principalmente no Interior. Mas, hoje, a triste e ingrata realidade é moldada pela falência dos produtores, que precisam urgentemente de ajuda governamental.


O modo de vida dos produtores gaúchos está ameaçado em função de um quadro de endividamento que parece irreversível. É consenso que não se vislumbram, no curto prazo, possibilidades reais de sanar as pendências desses produtores, dando-lhes a capacidade de se reorganizar para prosseguirem produzindo em quantidade e qualidade.


Brasília precisa entender que o Rio Grande do Sul foi duramente atingido com as enchentes de 2024, sofremos efeitos dignos de uma guerra, em larga extensão territorial, fazendo com que o nosso Estado necessite de um verdadeiro “Plano Marshall” gaúcho. O desafio é imenso, os produtores gaúchos perderam maquinário, perderam rebanhos, perderam lavouras e a missão hoje é reconstruir todas essas estruturas que integram o nosso Agro.



Lavouras, silos, estruturas de irrigação e galpões precisam ser reconstruídos. Há necessidade de maquinário especializado, financiamento de sementes, fertilizantes, aquisição de rações, medicamentos veterinários e insumos de toda ordem. Mas os nossos produtores estão literalmente “quebrados” e o único ente que pode efetivamente socorrê-los é o Governo Federal.


O governo do PT precisa entender que o Agro não é vilão e que está mais do que na hora de atuar com seus ministros para buscar soluções que auxiliem na resolução de problemas como a suspensão de pagamentos de curto prazo, o apoio à saúde física e mental dos produtores atingidos e a securitização de dívidas rurais. Aqui no parlamento, até sob o viés humanitário, vejo a necessidade de avançarmos na promoção de uma articulação apartidária para auxiliar efetivamente os produtores gaúchos, que hoje estão negativados e endividados. Essa gente, ordeira e trabalhadora, tem feito de tudo para pressionar as instituições financiadoras e os representantes do governo, mas, por enquanto, seguem sem conseguir avançar de forma definitiva.


Por derradeiro, Lula e sua turma precisam entender que o pleito gaúcho não se trata de “calote”. Somos um povo altivo e orgulhoso e queremos, sim, o que é justo, ou seja, que nos seja garantida a capacidade de seguirmos produzindo, o que inequivocamente é vital para o abastecimento interno e para as exportações do país. Preservar o Agro gaúcho será também preservar empregos, bem como a saúde dessa gente valente que tira o seu sustento da terra. Presidente, já passou da hora. Os produtores do Rio Grande do Sul precisam da ação do seu governo e merecem a sua consideração. A securitização das dívidas é urgente. Entenda e ajude os gaúchos.

Um comentário:

  1. Começar do zero, passo a passo; é imensamente, menos oneroso, que quitar um passivo maior que o patrimônio! Esses agricultores estão condenados pelo Governo Federal, a morte com crueldade máxima! Seus crimes? Terem trabalhado por gerações na produção de alimentos bons e baratos para o povo brasileiro!

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