Ideias e xingamentos na trincheira gremista

Por Facundo Cerúleo

É curioso saber que, em grupos de gremistas no WhatsApp, esta coluna recebeu "delicadezas 

impublicáveis" só por ter afirmado que a equipe do Grêmio, na 2ª rodada do Gauchão 

(jogando com o Caxias em 26/01/25), teve uma organização que não mostrava nos últimos 

anos. E querem saber? Os jogadores eram os mesmíssimos que, em 2024, foram "dirigidos" 

(faço questão de não dizer "treinados") pelo técnico que, primeiro, jogou o título do Brasileirão 

no lixo em 2023 e, segundo, quase rebaixou o clube em 2024. Isso não é opinião! Isso é fato! 

Não há o que discutir!

E nada acontece por acaso. A organização do time que se viu naquele jogo e no seguinte 

(articulação entre os setores, um sistema defensivo estruturado e movimentos previamente 

ensaiados e conscientemente executados) não existia nos anos anteriores por um motivo que 

a crônica de Porto Alegre omite: faltava treinamento. E faltava porque não havia alguém com 

aptidão para conduzir o treino. Aonde vai chegar o Grêmio com Gustavo Quinteros, isso eu 

realmente não sei. Mas são claros os sinais de que agora há treino técnico-tático. Antes só 

tinha rachão.

Na 3º rodada, contra o Monsoon (parece nome de herbicida), o padrão foi mantido, embora a 

equipe fosse considerada predominantemente reserva (e o adversário inexpressivo). O que 

estou afirmando é que o trabalho é promissor, só isso. Veremos se vai mostrar estabilidade.

O fenômeno curioso nem é o xingamento no WhatsApp, mas a incapacidade de muitos que 

não querem admitir os fatos. É como se, para eles, quando os fatos vão contra as suas 

convicções, são os fatos que estão enganados. E aí atacam de modo grosseiro quem ousa 

evocar os fatos.

Mas eu espero que todos se sintam muito à vontade para xingar a coluna, o autor desta, a mãe 

do Badanha etc. Por enquanto, existe um pouco de liberdade por aqui - ao menos para falar de 

futebol... Aliás, a conjuntura atual faz que eu nem ache lugar para ficar ofendido com as 

"delicadezas" com que sou homenageado. Viva a liberdade de expressão! Xinguem à vontade!

Mas para que ninguém distorça o que estou falando, deixo claro, eu não estou aprovando a 

"injúria", a "calúnia" nem a "difamação", três crimes previstos em lei (Código Penal). É óbvio 

que não vou contemporizar com essas condutas altamente reprováveis. Só tem uma coisa, 

tudo mais que não se enquadre nesses três crimes (como os xingamentos...) está no amplo 

território da grosseria. E nesse território, por mais repudiável que seja a grosseria, nenhuma 

autoridade pública deveria meter o nariz.

Em outras palavras, eu defendo o direito que essa gente azeda tem de xingar um colunista que 

incomoda (mesmo que seja eu). Porrada (concreta ou simbólica) não corrige ninguém que fala 

demais e/ou fala mal! Eu seria totalmente estúpido se acreditasse em que alguém está em 

condições de arbitrar o que os demais podem ou não dizer. É preciso ser besta para achar que 

existe algum fulano tão sublime que, por sua elevação de espírito, está apto a proibir ou 

autorizar as idiotices que grosseirões costumam falar nas redes sociais.

Volto ao futebol. A questão é esta: será possível ser racional em vez de passional quando for 

necessário examinar o melhor interesse do clube pelo qual torcemos? A minha resposta é que, 

para um monte de gente (não sei se maioria ou não), isso é impossível. De qualquer modo, 

ninguém está proibido de um dia aprender que é bom equilibrar paixão clubística com 

raciocínio honesto e senso prático, que do contrário a vida pode virar um gol contra

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