Exclusivo, Cláudia Woellner Pereira - Um novo ensaio sobre a cegueira

Cláudia Woellner Pereira, tradutora e redatora

Você viu? Não viu? Não! Imagina, não era isso. 

Era só uma grande exibição de cultura

De fato, a França é um dos grandes berços do valioso legado intelectual universal. E, por essa mesma razão, se esperava dela uma cerimônia de abertura das Olímpiadas 2024, transmitida para todo o mundo, à altura do seu patrimônio cultural.

A cerimônia, contudo, transformou-se num desfile grotesco, com direito a show de rock promovendo horror e sangue, com incitação à promiscuidade sexual, à negação da fé e à exaltação do humanismo e do paganismo. Não dá para abrigar tudo isso debaixo do guarda-chuva da cultura, dos parâmetros da beleza artística e estética greco-romana, sorver o vinho da luxúria e fazer de conta que nada aconteceu. Impossível! Só reformulando e esticando o conceito da decência até rasgar as suas tecituras.

O pós-cerimônia (hoje em dia, bastam minutos e algumas horas para que o mundo esteja discutindo na internet!) virou um grande viu  ou não viu, eis a questão! Era ou não era um deboche à Santa Ceia? 

A polêmica que se levantou em torno do uso ou não de referências a ícones sagrados do Cristianismo, vamos e venhamos, é inútil. É um interminável embate entre partes que não se enxergam como realmente são, entre surdos que usam linguagens diferentes e distantes. Sem possibilidade de tradução ou interpretação. Falta canal, falta coração preparado para isso.

O comitê organizador e o diretor artístico responsável pela apresentação se desculparam e declararam que não tinham a intenção de ofender a ninguém. Santa ingenuidade de quem acredita que quem tem a irreverência de estruturar e autorizar tal performance carregue a pureza nas intenções e inocência em ideias e criações. Queriam chocar, sim, e anular os valores cristãos e assim o fizeram. Ponto.

O pior de tudo, porém, é que aqueles que se dizem cristãos se conformem à cultura deste tempo e não enxerguem o ritual ao obscurantismo liberado na cerimônia. Estava de graça aquele cavaleiro, montado no cavalo branco, com vestes estranhas para uma cerimônia de Olímpiadas, e todas as nações o seguindo?

Têm olhos, mas não querem ver. Têm ouvidos, mas não querem ouvir.

Não é à toa que este alerta apareça mais de uma vez na principal fonte de referência dos cristãos, assim como aquele cavaleiro que parecia que estava lá de graça... 




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