Juros básicos sobem

  Copom elevou a taxa Selic para 12,75% ao ano, conforme esperado. No comunicado da decisão,

divulgado ontem, o comitê avaliou o ambiente externo como mais desafiador, especialmente para

emergentes, diante da reprecificação da política monetária dos países avançados e das persistentes

pressões inflacionárias, agravadas pelos problemas de oferta decorrentes dos recentes surtos de

Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. Com relação à atividade econômica, os indicadores

conhecidos até o momento estão em linha com o esperado pelo colegiado, conforme descrito no

documento. O BC reconheceu que a inflação ao consumidor segue surpreendendo negativamente no

curto prazo, bem como a alta dos preços tem sido disseminada, tanto entre os itens mais voláteis,

como nos itens associados à inflação subjacente. No cenário de referência do Copom, que considera a

trajetória da taxa de juros do Relatório Focus e a taxa de câmbio que parte de R$/US$ 4,95, e que adota

como hipóteses o cenário de bandeira tarifária amarela em dezembro e o preço do barril do petróleo

terminando o ano em US$ 100, conforme sugerido pela curva futura, as projeções de inflação situam-se

em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023, ambas acima das respectivas metas.

Para a próxima reunião, o Copom sinalizou como provável a extensão do ciclo com mais um

ajuste de menor magnitude. Diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas

para prazos mais longos, o comitê avalia como apropriado que o ciclo de aperto monetário “continue

avançando significativamente em território ainda mais contracionista”. Contudo, o colegiado observa

que a elevada incerteza da atual conjuntura, bem como o estágio avançado do ciclo de aperto e seus

impactos ainda por serem observados demandam cautela adicional em sua atuação. Pensando no

comunicado, os dados até a próxima reunião serão cruciais para determinar o ritmo de alta. Se as

condições permitirem, é até plausível que o Copom encerre o ciclo em 12,75% a.a., a julgar pelas

incorporações do “provável” e “cautela” no comunicado. Com dados menos favoráveis, ele deve elevar

a Selic em mais 0,5 p.p. na próxima reunião, em junho, quando o ciclo de aperto deverá ser encerrado.

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