O ex-presidiário Lula está na capa da revista Time, dos Estados Unidos. O texto de abertura da entrevista é um festival que mistura besteirol, análise rasa, lacração e até uma dose de torcida pelo petista. Na sequência, um trecho: “Em abril de 2021 o Supremo Tribunal Federal anulou uma série de condenações por corrupção que excluíram o ex-presidente petista das eleições presidenciais de 2018. A decisão preparou o terreno para um duelo entre Lula e o atual presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022. Lula promete levar o Brasil de volta aos bons tempos da sua Presidência (2003-2010), que ele encerrou com taxa de aprovação de 83%. Isso implicaria reavivar uma economia debilitada, salvar uma democracia ameaçada e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid-19 e por dois anos de gestão caótica da pandemia”.
Nenhum espanto com o rótulo de “extrema-direita” para Bolsonaro, certo? Então, vamos em frente. Nada curioso que o “extrema” não seja aplicado a Lula, à esquerda. Estamos falando de um grande parceiro de ditadores como os Castro (Cuba) e Maduro e Chávez (Venezuela); do sujeito que entregou a tiranos – junto do seu ministro da Justiça, Tarso Genro – boxeadores cubanos que buscavam a liberdade; o líder de um governo torpe que tentou calar – de fato – a imprensa com a criação de um conselho com o poder de impedir jornalistas de exercerem o direito à crítica. Para a imprensa que milita nas redações o sujeito das linhas acima deve ser da esquerda leve, moderada, arejada e moderna, assim como foi desenhado o atual presidente chileno, um radical de marca maior, mas bastante suavizado pelas tintas do jornalismo brasileiro.
A menina que escreveu a reportagem da Time (em uma rede social ela escreveu que Lula estava “muito charmoso” no dia da entrevista) talvez desconheça conceitos bastante básicos da economia. O ex-detento encerrou o segundo mandato com altos índices de aprovação, sim, mas alimentados à base de muito populismo, dinheiro barato, com crédito abundante, mas sem lastro. Ou seja, uma bomba sendo armada e que explodiu tempos depois, quando no Palácio do Planalto estava instalado o poste indicado por ele – a saber, Dilma Rousseff. Além disso, não fez nenhuma das reformas (sempre indigestas e impopulares) que o Brasil tanto precisava – a trabalhista ficou a cargo de Michel Temer, enquanto a previdenciária foi aprovada na gestão Jair Bolsonaro.
A Time teve coragem para ir além: “O presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação”. Exílio? Eu talvez tenha entrado em sono profundo nos últimos anos, mas minha memória me diz o seguinte: Lula estava preso, julgado e condenado (em alguns casos por três instâncias), e, depois disso, não foi visto nas ruas como alguns sonham, não por exílio, mas por medo da vaia. Hoje, livre graças ao que foi um dia uma Suprema Corte, frequenta apenas lugares com claque adestrada, onde o risco de levar um ovo na testa é mínimo. Foi assim no domingo passado, mais uma vez, no ato (vazio) das centrais sindicais, em São Paulo. Ah, e com show de Daniela Mercury (apoiadora de Lula), pago com dinheiro do pagador de impostos de São Paulo. Preciso dizer que Lula na capa da Time ganhou destaque em boa parte da imprensa nacional, arrancando suspiros em algumas redações?
Como a revista tem, também, versão impressa minha avaliação é de que árvores morreram à toa. Um melhor uso para o papel eu deixo a critério do leitor.
GUILHERME. É de lamentar o descrédito a que é lançado a revista Time, ao dar publicidade à notícias desqualificadas, sobre a realidade moral e, consequentemente, política do Brasil atual. As cores verde e amarelo empunhadas, nas ruas e nas sacadas, revelam uma maioria expressiva, que acompanha o atual Presidente da República.
ResponderExcluir