A
esquerda latino-americana (não há por que pôr o substantivo no plural) é a mais
sem-cerimônia do mundo, o que, aliás, torna mais fácil arrancar-lhe a máscara e
revelar sua verdadeira índole.
Antes que fossem conhecidas as circunstâncias do massacre na Escola Raul
Brasil, de Suzano (SP), Dilma Rousseff apressou-se em oferecer uma
"narrativa" recheada de falsificações: "O porte de armas
irrestrito e amplamente liberado a toda população vai dar instrumento para que
o assassinato massivo se torne endêmico e cotidiano", falou. E ainda disse
que o projeto de lei anticrime do ministro Sergio Moro é "encontro marcado
com tragédias como a de Suzano".
Mas donde tirou ela que, agora, "toda população" vai ter "porte
de armas irrestrito e amplamente liberado"?
Fica difícil manter a elegância quando é forçoso dizer que a esquerdista Dilma
Rousseff, empenhada em propagar informações falsas, usou sem pudor a comoção
causada pelo massacre de Suzano.
Sim, Dilma falseia a verdade! Ao contrário do que diz ela, não é e nunca foi
objetivo do governo Bolsonaro (que ela encara como inimigo) armar
indiscriminadamente todo mundo: o que o governo quer - e a população
majoritariamente apoia - é resguardar o direito à autodefesa.
Mas, para entender a malícia da coisa convém recordar que, em 2005, o povo foi
às urnas para dizer "sim" ou "não" ao comércio e, por
conseguinte, ao uso de armas. Apesar da avassaladora propaganda pelo
"sim" (articulada por PT e Rede Globo) venceu o "não".
Contudo, o governo Lula, desrespeitando as urnas, desarmou a população.
E
no que deu? A violência só aumentou! Ora, o governo pode desarmar quem respeita
a lei, mas não consegue impedir o acesso do crime ás armas. E quando bandidos
armados sabem que a população está desarmada, o resultado é óbvio! Hoje, as
cidades estão por demais inseguras. E viver no campo é uma temeridade.
Não é demais lembrar. Em 2011, em plena vigência do desarmamento, um rapaz,
armado com dois revólveres, invadiu a Escola Tasso da Silveira no Rio de
Janeiro e disparou contra os alunos. Matou 12 crianças. E teria matado muito
mais, se um policial militar não houvesse chegado a tempo e, de arma em punho,
atirado no criminoso.
A
chacina de Suzano foi planejada durante um ano por terroristas que atribuíram
ao ato insano um sentido simbólico (e tresloucado), inclusive usando armas
medievais. Mas Dilma foi ligeira, fazendo seu insustentável manifesto antes que
quaisquer informações fossem publicadas.
Sim, insustentável. Basta saber que o "assassinato massivo", de que
fala Dilma, não era "endêmico e cotidiano" antes do desarmamento
imposto pelo PT. Por que viria a sê-lo com um novo regramento?
Mas não é difícil entender a jogada. O que o esquerdismo vem despejando nas
redes sociais sobre Suzano é só a práxis do ideário consolidado no nefasto Foro
de S. Paulo: ali se planejou a implantação do "socialismo do século
XXI", sendo o desarmamento da população parte da estratégia - como foi
feito na Venezuela.
E
o que faz Dilma Rousseff? Para amedrontar a população e pôr o governo em
descrédito, ela tenta manipular o pasmo, o temor e a incerteza que a tragédia
de Suzano causou. Mas ela é só um parafuso emperrado de uma ruidosa engrenagem
a ser neutralizada por meio da verdade.
E
a verdade é que a esquerda brasileira não faz outra coisa senão a sua egoísta e
descarada luta pelo poder, ignorando que também se faz política para somar e
construir, inclusive por meio de uma leal e bem fundamentada crítica ao
governo, o que ela é incapaz de praticar.
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