Artigo, Fábio Jacques, especial para este blog - Cartas marcadas.

Para mim, tudo não passa de um jogo com cartas marcadas com um final pré-definido.
E isto me parece vir de longa data.
Se olharmos atentamente inúmeras decisões do STF, veremos que os atores se alternam nos papeis de mocinho e de bandido, mas a tragicomédia sempre acaba com a vitória do criminoso.
No julgamento do mensalão, Luís Roberto Barroso, recém empossado no cargo de ministro, defendeu com unhas e dentes o direito dos condenados, atacando a própria corte como parcial e extremamente rigorosa na dosimetria das penas por formação de quadrilha, a qual, segundo ele, já deveria ter prescrevido. Sua atuação foi bem-sucedida e alguns condenados, como por exemplo, José Dirceu, acabaram beneficiados com a extinção da pena. Gilmar Mendes defendeu a não aceitação dos embargos infringentes o que considerou uma “jabuticaba no processo, servindo apenas para postergar a execução das condenações do Supremo”.
Quando Barroso resolveu legislar sobre impeachment no caso de Dilma Rousseff, Dias Toffoli fez uma brilhante defesa das prerrogativas da câmara em aceitar o pedido de impeachment, tendo sido vencido pela argumentação do Barroso que, contrariamente à constituição federal, transferiu ao senado o direito de aceitar ou não o pedido, ficando a câmara apenas como entidade coadjuvante com poder de rejeitar o pedido, mas nunca de aceitar. Apesar da manobra, Dilma acabou deposta.
Se continuarmos analisando várias decisões do STF poderemos constatar que os atores vão se alternado nos papeis, mas as decisões da corte acabam sempre convergindo para o mesmo final.
Agora, nesta última decisão sobre a prisão após a condenação em segunda instância, alternam-se novamente os papéis. Gilmar que já defendeu com soberbos argumentos a prisão após segunda instância, defendeu um posicionamento completamente contrário às suas próprias convicções anteriores. E Rosa Weber, que já havia votado a favor da prisão após condenação em segunda instância, também mudou seu voto defendendo a prisão apenas após trânsito em julgado.
Quem defendeu a prisão após segunda instância? Fachin, Barroso, Fux, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Não parece que o sorteio desfavoreceu Rosa Weber e privilegiou Alexandre de Moraes, se levarmos em conta a opinião pública?
Caso tivesse ficado definido que Rosa Weber votaria a favor da prisão após condenação em segunda instância, caberia a Alexandre de Moraes votar contra, mantendo o placar pré-definido de 6 x 5 a favor da liberação geral. Haveria ainda a possibilidade de qualquer um dos demais assumir o voto contra a prisão em segunda instância, sendo minha aposta no Barroso como regra três nesta votação. Gilmar Mendes, como que por um passe de mágica, fez desaparecer a jabuticaba protelatória e defendeu e eternização dos processos, principalmente aqueles de corruptos amigos.
Não parece que as cartas já estavam marcadas?Que bandidagem tinha que ser libertada?O que importava era apenas definir quais seriam os seis ratos que colocariam o guizo no gato. Simples assim.
Este texto é meramente fruto da minha imaginação, uma vez que não tenho qualquer acesso ao que acontece nos bastidores da suprema corte. Mas continuo achando completamente plausível. Os resultados têm provado que minha imaginação não está completamente desplugada da vida real, principalmente se levarmos em conta que todos os atuais ministros foram nomeados por presidentes cujos partidos têm muitos membros, entre os quais alguns dos próprios presidentes, que serão beneficiados com esta decisão estapafúrdia.
O autor é diretor da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras e autor do livro “Quando a empresa se torna Azul – O poder das grandes Ideias”.
www.fjacques.com.br -  fabio@fjacques.com.br
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2 comentários:

  1. Sr. F Jacques
    Com a baixa confiança no STF, este raciocínio é possível. Nenhum Ministro se dignou em se declarar impedido nas sucessivas votações. Assim a confiança cai mais ainda, e a maioria da população acaba imaginando manipulações mil. Vai levar anos para o STF atingir um mínimo de confiança pela população.
















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