Ficou para outro dia o golpe tramado pelos maiores
partidos do Congresso, com a bênção dos presidentes da Câmara e do Senado,
contra o avanço do combate à corrupção no país. O governo estava informado a
respeito, mas não se mexeu para abortá-lo.
Há mais de dois meses que circulava no Congresso um projeto
de lei, elaborado por empresários paulistas, que a pretexto de criminalizar o
uso de caixa dois anistiava todos os que tivessem se valido dele até a eleição
de 2014 para financiar partidos e candidatos.
O projeto beneficiaria os doadores e os contemplados com
doações. Estava para ser votado ontem à noite na Câmara dos Deputados. Só não
foi dada à reação de um grupo de deputados liderado por Miro Teixeira
(REDE-RJ).
No Senado, onde o projeto seria votado em seguida, a
reação ao projeto foi comandada por Randolfe Rodrigues (REDE-AP).
Caixa dois é dinheiro não declarado à Justiça por quem o
doa e por quem o recebe. É crime, como já disse mais de uma vez a ministra
Cármen Lúcia, atual presidente do Supremo Tribunal Federal. Mas sempre foi um
crime tolerado pela Justiça.
Ocorre que o crime ganhou uma nova dimensão depois que o
PT começou a usar a Justiça para encobri-lo. O PT passou a cobrar propina de
empresas que tinham contratos com o governo. E para não perde-los, as empresas
passaram a doar legalmente o que propina era.
Não se descarte a hipótese de o projeto reaparecer para
ser votado em breve. Seus defensores vão esperar apenas que baixe a poeira
levantada por ele.
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