Em linha com as expectativas, a produção industrial
avançou no último mês do ano passado, impulsionada pelo setor automotivo. A
despeito disso, os primeiros indicadores já conhecidos para janeiro apontam
para reversão da melhora observada em dezembro, mesmo com a melhora da
confiança. De fato, acreditamos que a retomada da atividade econômica se dará
de forma gradual, com discreta expansão no primeiro trimestre deste ano, para
posteriormente iniciar uma trajetória mais sustentável de crescimento. Especificamente,
na passagem de novembro para dezembro, a produção industrial subiu 2,3%,
excetuados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM)
divulgada ontem pelo IBGE. Na comparação interanual, a produção recuou 0,1%,
acumulando retração de 6,6% em 2016, menos intenso que o recuo de 8,3%
observado em 2015. Setorialmente, dezesseis dos vinte e quatro segmentos
pesquisados contribuíram de forma positiva para a elevação da atividade
industrial no período. Como já sugerido pelos dados divulgados pela Anfavea, o
grupo de veículos automotores, reboques e carrocerias mostrou alta de 10,8% na
margem. No sentido oposto, produtos farmoquímicos e farmacêuticos recuaram
11,7% em dezembro. O forte crescimento da produção de veículos no último mês do
ano passado impulsionou a elevação do setor de bens de consumo duráveis, com
alta de 6,5% ante novembro. Acreditamos que, no próximo mês, a produção de
duráveis deverá devolver ao menos parcialmente a expansão de dezembro, tendo em
vista o crescimento dos estoques de automóveis. A produção de bens semiduráveis
e não duráveis também registrou alta no período, de 4,1%, seguida pela
fabricação de bens intermediários (1,4%). Em contrapartida, a produção de
bens de capital caiu 3,2% na passagem de novembro para dezembro, revertendo a
elevação observada em novembro, acumulando contração de 11,1% no ano passado.
Parte desse recuo na margem foi amenizada pela expansão de 1,4% na margem dos
insumos típicos da construção civil. Ainda assim, os dados apontam para
continuidade de queda da formação bruta de capital fixo no quarto trimestre do
ano passado. Para 2017, projetamos crescimento de 1,0% da produção
industrial, contribuindo positivamente para a recuperação gradual da atividade
econômica. De todo modo, é importante ressaltar que a forte expansão do setor
agropecuário será determinante para o resultado do PIB deste ano, para o qual
projetamos expansão de 0,3%. Além disso, reforçando nossa expectativa de
retomada da economia, devemos considerar que os índices de confiança da
indústria iniciaram o ano em alta, revertendo a queda observada no último
trimestre de 2016. A elevação do consumo das famílias a partir do segundo
semestre e a redução da taxa de juros também deverão favorecer o crescimento da
atividade industrial ao longo deste ano, que contará com a capacidade instalada
hoje em níveis de ociosidade elevados em diversos setores.
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