Copom acena com queda de juros

Copom trouxe ponderações ao início da queda dos juros, mesmo reconhecendo que as condições para isso vêm ganhando força
Em um comunicado mais amplo e detalhado, abrindo a gestão da nova diretoria e presidência do BC e trazendo avanços na comunicação, o Copom optou pela manutenção da taxa Selic inalterada em 14,25% a.a., em decisão anunciada ontem. Dentro do esperado, os membros do comitê reconheceram os avanços incrementais no cenário, como o recuo das expectativas de inflação e a queda das projeções para a inflação em relação ao reportado no último Relatório de Inflação – segundo o cenário de mercado e referência, respectivamente, a projeção para o IPCA de 2017 encontra-se em torno de 5,3% e 4,5%. Mas várias condicionantes para o início do processo de flexibilização da política monetária foram enumeradas.  Dentre elas, destacam-se o fato de que as expectativas seguem acima da meta de 4,5% para 2017 e há riscos ainda presentes vindos: (i) do choque de preços de alimentos pode ser mais persistente, (ii) das incertezas relacionadas à aprovação e implementação dos ajustes fiscais necessários e (iii) da inflação em patamar elevado por muito tempo pode reforçar o processo inercial. Ainda assim, o Copom ponderou que “os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação e o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom”. No cenário externo, o ambiente segue desafiador e há ainda muitas incertezas, mesmo que se reconheça que “o ambiente encontra-se relativamente mais benigno para as economias emergentes”.

Entendemos que, por ora, o BC deverá manter a cautela e monitorar esses condicionantes para o início do corte de juros. Em nosso cenário, entretanto, ao longo dos próximos meses, com os choques de alimentos se dissipando, a taxa de câmbio consolidando-se em patamar mais apreciado, as expectativas cedendo mais ainda e a política fiscal avançando de maneira mais tangível, o ciclo de queda da Selic poderá começar em outubro, com passos de 0,5 p.p., encerrando este ano em 13,25%. Por fim, ainda vale lembrar que a ata dessa decisão será divulgada na próxima terça-feira, quando teremos detalhes adicionais.

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