Depois de questionado pelo site independente de notícias
Intercept, sobre os dados de pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada pelo
jornal Folha de S.Paulo, no último fim de semana, sobre a preferência do
brasileiro em relação à permanência de Michel Temer ou a volta de Dilma
Rousseff, o Instituto Datafolha admitiu imprecisão na análise dos dados. O site
diz que o jornal cometeu uma "fraude jornalística".
"Ontem, os dados completos e as perguntas
complementares [da pequisa] foram divulgados. Tornou-se evidente que, seja por
desonestidade ou incompetência extrema, a Folha cometeu uma fraude
jornalística. Apenas 3% dos entrevistados disseram que desejavam a realização
de novas eleições, e apenas 4% disseram que não queriam nem Temer nem Dilma
como presidentes, porque nenhuma dessas opções de resposta encontrava-se
disponível na pesquisa", diz o texto dos jornalistas.
Em entrevista ao Intercept, Luciana Schong, do Datafolha,
disse que "qualquer análise desses dados que alegue que 50% dos
brasileiros querem Temer como presidente seriam imprecisos, sem a informação de
que as opções de resposta estavam limitadas a apenas duas." Luciana
afirmou à agência de notícias que foi a Folha, e não o instituto de pesquisa,
quem estabeleceu as perguntas a serem feitas aos entrevistas e reconheceu
"o aspecto enganoso na afirmação de que 3% dos brasileiros querem novas
eleições", "já que essa pergunta não foi feita aos
entrevistados".
A pesquisa foi divulgada no sábado na Folha Online e no
domingo no jornal Folha de S.Paulo. A
agência de notícias Intercept foi lançada em 2014 pelos jornalistas Glenn
Greenwald, Laura Poitras and Jeremy Scahill. Greenwald foi o jornalista que, em
parceria com Edward Snowden revelou a existência dos programas secretos de
vigilância dos Estados Unidos, executados pela
Agência de Segurança Nacional (NSA).
A pesquisa, segundo tabela divulgada pelo jornalista
norte-americano Alex Cuadros, fez a seguinte pergunta aos entrevistados:
"Na sua opinião, o que seria melhor para o país? Que Dilma voltasse à
presidência ou que Michel Temer continuasse no mandato até 2018". Pela
tabela, as informações dão conta de que 50% dos entrevistados querem que Temer
continue na Presidência até 2018. E 32% dos entrevistados preferem que Dilma
volte ao Palácio do Planalto. Os 18% restantes não escolheram nenhum dos dois,
disseram não saber ou que preferiam novas eleições.
A Intercept observa que a Folha de S.Paulo não divulgou
as perguntas realizadas, nem os dados de suporte, impossibilitando, assim,
segundo o site, a verificação dos fatos que sustentam as afirmações. A matéria
da Folha afirma que 3% dos entrevistados disseram que desejavam novas eleições,
e 4% que não queriam nem Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma
dessas opções de resposta encontrava-se disponível na pesquisa.
Dessa forma, o site avalia como incorreta a afirmação de
que 3% dos brasileiros acreditam que "novas eleições são o melhor para o
país", pois a pesquisa não colocou essa pergunta aos entrevistados. Sendo
uma pergunta binária, a Intercept avalia que, ao perguntar se Temer fica quando
a única opção restante é Dilma ficar, é "incorreto dizer que 50% dos
brasileiros acreditam que a permanência de Temer seja melhor para o país"
até o fim do mandato de Dilma. Só é possível afirmar que 50% da população
deseja a permanência de Temer se a única outra opção for o retorno de
Dilma." O site entrevistou a professora de ciência política da Unicamp
Andréa Freitas, para quem: "como as novas eleições são uma opção viável,
deveriam ter sido incluídas como uma das opções".
O site lembra ainda que a possibilidade novas eleições
foram aventadas tanto em pesquisa anterior do instituto, de 9 de abril, como
por várias personalidades políticas, como Marina Silva. Na pesquisa da
Datafolha de abril, feita antes da análise do processo de impeachment pela
Câmara dos Deputados, 60% da população apoiavam o impeachment, enquanto 58%
eram favoráveis ao impeachment de Temer. A sondagem também mostrou que 60% dos
entrevistados queriam a renúncia de Temer após o impeachment de Dilma, e 79% defendiam
novas eleições após a saída de ambos.
CNI/Ibope
Pesquisa CNI/Ibope, publicada pela Agência Brasil no dia 1º de julho, indicou que o
governo Michel Temer foi considerado
ruim ou péssimo por 39% da população. O
percentual de pessoas que consideravam o governo de Michel Temer ótimo ou bom
foi então de 13%, contra 10% de Dilma. Já os que avaliaram o governo Temer como
regular foram 36%. Em março, 19% disseram que o governo de Dilma era regular.
Na última pesquisa CNI/Ibope que avaliou o governo de Dilma, em março deste
ano, 69% dos entrevistados consideraram o governo da petista ruim ou péssimo.
A Agência Brasil fez contato com o Instituto Datafolha e
o jornal Folha de S.Paulo, mas ainda não obteve resposta.
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