TF está pronto para acabar com prisão em segunda
instância
Ricardo Noblat
Durou pouco a garantia dada na última segunda-feira pela
ministra Cármen Lúcia ao juiz Sérgio Moro de que o Supremo Tribunal Federal
(STF) não recuará da decisão tomada no ano passado a favor da prisão em segunda
instância.
“Não há nada pautado sobre isso. Não há nada cogitado”,
disse Cármen a Moro ao encontrá-lo durante um evento em São Paulo. Pautado
ainda não está, mas estará em breve. Cogitado, de há muito que está, e Cármen
sabe disso.
O ministro Marco Aurélio Mello anunciou, ontem à tarde,
que pretende levar para o plenário do STF a análise do mérito de duas ações que
tratam da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
O Partido Ecológico Nacional (PEN) e o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são autores das ações que pedem a concessão
de medida cautelar para suspender a execução antecipada da pena após decisão em
segunda instância.
Em outubro último, por 6 a 5, o STF analisou as duas
ações, e manteve a possibilidade de execução de penas – como a prisão – após a
condenação pela Justiça de segundo grau. Quer dizer: antes do esgotamento de
todos os recursos.
Na ocasião, Marco Aurélio, relator das duas ações,
destacou que o tribunal estava decidindo sobre a medida cautelar, e não sobre o
mérito delas. Ele votou contra a prisão depois de condenação em segundo
instância.
Da mesma forma votaram os ministros Rosa Weber, Dias
Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. O ministro Gilmar Mendes, que
votou a favor da prisão imediata, admite agora que votará contra, invertendo o
resultado de 6 x 5.
“Nós admitimos que se permitiria a prisão a partir da
decisão de segundo grau. Mas não dissemos que ela fosse obrigatória”, argumenta
Gilmar. Ele acha que a prisão só deve ocorrer depois do exame de cada caso pelo
Superior Tribunal de Justiça.
No julgamento de outubro ainda era vivo o ministro Teori
Zavaschi, então relator da Lava Jato no STF. Ele votou a favor da possibilidade
de prisão após condenação em segunda instância. Assim como o ministro Edison
Fachin, que o substituiu como relator da Lava Jato.
O voto que poderá decidir a parada será o de Alexandre de
Moraes, que não era ministro em outubro. Era ministro da Justiça do governo
Temer. O eventual recuo do STF representará mais um golpe na Lava Jato, como
receia Moro.
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