Ai, a sofrência do Gauchão e cabeças pensando...

 Ai, a sofrência do Gauchão e cabeças pensando...


Por Facundo Cerúleo



        Quando os mais velhos não participam, o futuro vai pelo ralo. É assim na vida, é assim até no futebol.


        Eram cinco cavalheiros. Em comum, serem gremistas, terem cabelos brancos e não acreditarem nas perspectivas atuais do time tricolor.


        Mas o curioso e digno de registro naquele papo à mesa de um café foi o debate em torno de uma pergunta que, por aí, todo mundo julgaria insólita: seria melhor o Grêmio vencer o Ipiranga e ser campeão ou tomar uma lapada e encarar a realidade de não ter nem título regional?


        Uma das cabeças brancas disse que o título traria ânimo ao grupo, o que ajudaria reerguer um time em ruínas. Mas... as outras quatro cabeças brancas fecharam questão num outro sentido: seria melhor perder esse título - dito irrelevante - e cair na realidade.


        Pois que não se pronunciem em público. Perigam até ser agredidos...


        Aliás, se a conclusão estiver certa, ela será aplicável ao Grêmio, ao Internacional e a qualquer clube. Ai, que frio na barriga!


        Este colunista apenas faz a crônica do que viu, tá? E, claro, tira algumas conclusões. Mas não fecha questão quanto ao que seria melhor.


        Um ponto muito saliente no debate era que todos eles enxergavam o futuro em perspectiva, desejando que seu clube do coração voltasse a erguer-se como grande entre os grandes, lugar que já frequentou.


        E não dá para voltar a ser grande sob o comando de fanfarrões que "jogam pra torcida", ainda mais que "torcida" é o mesmo que "massa". E a "massa" é governada por instintos, não tolera frustrações e se deixa iludir com o blá-blá-blá dos fanfarrões que buscam o aplauso fácil.


        Os cinco são unânimes: o Grêmio não está em boas mãos... E a ilusão do título regional, dizem, mascara o fracasso do clube.


        O treinador... Felizmente, entende de futebol. Mas é um pedante que ainda não demonstrou capacidade de pôr o grupo em alta voltagem, de ativar a energia vital e suscitar a hombridade que minora limitações técnicas. Mas, claro, ele não está proibido de superar-se!


        Outro ponto saliente era o equilíbrio entre a "paixão clubística" e a "capacidade de pensar": renunciar a vitória imediata e pequena para planejar um futuro grandioso.


        Será que é preciso ter cabelos brancos para um tal discernimento? Seja como for, a maturidade traz equilíbrio, responsabilidade e "desapego".


        Pensando bem... Nossos clubes (não só o Grêmio dos cinco cavalheiros) andam carentes de cabelos brancos... Nada a ver com uns fanfarrões tordilhos que andam por aí... Fato é que, sem o equilíbrio dos que, com a maturidade, aprenderam a lidar com frustrações e adquiriram senso de ponderação, até o futebol vai apequenar-se

Um comentário:

  1. Muito bem ilustrada a necessidade e importância dos "cabeças brancas" nas decisões nos nossos clubes de futebol, pois podem contribuir muito com sua experiência. Infelizmente nossa cultura é menosprezar a capacidade dos nossos já grisalhos. Se estão aposentados não significa que não podem mais contribuir com suas visões e experiências. Levando para o lado do futuro do nosso país este ano será fundamental a participação dos idosos nestas eleições à presidência. Se Anita convoca os jovens para votar num criminoso nossos cabeças brancas terão que desengavetar seus títulos de eleitor e entrar em campo novamente para evitar o mal maior.

    ResponderExcluir