Outros personagens na delação de Otávio Azevedo

O dinheiro para a campanha presidencial, os executivos revelaram novos detalhes sobre outros repasses. Confessaram que, ao lado de mais nove construtoras, pagaram propina em troca do contrato de construção da usina de Belo Monte. E revelaram detalhes das negociações, em 2009, com o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão, do PMDB.
Segundo delatores, Lobão afirmou que, por decisão de governo, era preciso criar dois grupos de empresas para dar aparência de competição ao leilão. Na prática, disfarçar um grande acerto que resultaria em pagamentos a partidos políticos.
As empresas se dividiram em dois grupos. A Odebrecht, que estava no primeiro grupo, desistiu. O governo então montou às pressas um novo consórcio de empresas.
A montagem desse grupo ficou a cargo da ex-ministra Erenice Guerra, do ex-diretor da Eletrobras Valter Cardeal, e do pecuarista e amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai.
Bumlai fazia o contato com empresas que foram chamadas às pressas. Como o resultado da concorrência já estava combinado, às vésperas do leilão, em abril de 2010, os executivos da Andrade Gutierrez informaram o valor da tarifa que apresentariam. E disseram que receberam até parabéns de Valter Cardeal, que afirmou que essa seria a proposta vencedora.
Mas, o grupo improvisado por Bumlai ofereceu preço ligeiramente melhor e ganhou o leilão.
O então presidente da Andrade Gutierrez suspeitou que o governo tinha passado informações privilegiadas sobre a oferta da Andrade pro outro grupo. Segundo a delação, Otavio reclamou com Erenice Guerra, que garantiu que o grupo vencedor contrataria a Andrade pra fazer as obras de construção. E assim foi feito. O então presidente da construtora disse ter sido procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci pra selar a garantia do contrato.
Segundo a delação, a Andrade Gutierrez deveria reunir empresas que pagassem 1% do valor da obra para o PT e pro PMDB – R$ 150 milhões: R$ 75 milhões para cada partido. Cada empresa colaborou com um percentual.
A propina foi paga por meio de doações eleitorais para os dois partidos em 2010 e 2014. No PT, o contato era o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. No PMDB, Edison Lobão.

Mas também teve pagamento em dinheiro vivo. Segundo a delação, em 2011 Lobão pediu e recebeu R$ 600 mil, entregues a um de seus filhos e descontados da parcela do PMDB no esquema.

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