O PIB recuou 0,8% na passagem do segundo para o terceiro
trimestre, excetuada a sazonalidade, de acordo com os dados divulgados ontem
pelo IBGE. Pela ótica da oferta, a indústria reverteu a alta de 1,2% observada
no trimestre anterior, ao mostrar queda de 1,3% na margem. Já o setor
agropecuário passou de uma retração de 0,8% para outra de 1,4%. O PIB de
serviços, por sua vez, manteve a mesma intensidade de declínio do segundo
trimestre, caindo 0,6% na margem. Pela ótica da demanda, destacou-se a forte
contração da formação bruta de capital fixo, de 3,1%, após ter crescido 0,5% no
trimestre findo em junho. No mesmo sentido, o consumo das famílias e do governo
recuou 0,6% e 0,3%, respectivamente. Por fim, as exportações e importações
também apresentaram queda, de 2,8% e de 3,1%. Na comparação interanual, o PIB
caiu 2,9%, acumulando variação negativa de 4,4% nos últimos quatro trimestres.
Diante desses fracos resultados do terceiro trimestre, atualizamos nossa
projeção para 2016 e 2017. Estimamos retração do PIB em 2016 de 3,6% (3,4%
anteriormente), levando em conta uma queda adicional, na margem, do PIB do
quarto trimestre, de 0,7%. Para 2017, esperamos agora crescimento de 0,3% (1,0%
anteriormente). Essa revisão ocorre majoritariamente por conta do desempenho da
demanda doméstica: o consumo das famílias continua apresentando contração,
refletindo o esfriamento maior do que o esperado no mercado de trabalho, os
investimentos mostraram que a estabilização na metade do ano não se sustentou e
até mesmo a demanda externa tem, nos últimos meses, piorado. As exportações em
quantum têm caído nos últimos meses e a sua contribuição para o PIB deve
continuar em terreno negativo no quarto trimestre, salvo forte melhora nos
dados de dezembro. Mas há, também, riscos “positivos”: as estimativas de safra
para 2017 estão nos dois dígitos de crescimento; há expectativa de aumento de
oferta de energia limpa ao longo dos próximos trimestres, aumentando a
eficiência da economia, bem como o valor adicionado do setor, dentro do PIB
industrial; por fim, o desempenho mais fraco da atividade no curto prazo pode
abrir caminho, via queda da inflação, para uma queda mais rápida e intensa dos
juros.
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